É interessante perceber que há um sítio no nosso planeta que foi pensado para ser o cemitério das naves e do material espacial que o homem coloca a gravitar a Terra. É um sítio de ninguém, do nada, onde coisa nenhuma lá passa. Não há rotas de aviação, não há rotas marítimas traçadas para lá passar e não é sítio para absolutamente nada. Apenas é o sítio para os detritos espaciais serem “sepultados”.
Hoje, que se fala na entrada Tiangong-1 por esta estar já em órbita de descomposição, também deixamos a informação que em 2030 a Estação Espacial Internacional, a ISS, será guiada para o Ponto Nemo.
Não, na verdade este lugar não será a última morada para a Tiangong-1, isto porque desde setembro de 2016 que os chineses perderam o controlo da sua estação espacial e este tem vindo a dirigir-se para a Terra fora de controlo, estará já a decompor-se, se bem que as informações dão conta que os seus tanques de combustível não serão destruídos e poderão cair no mar.
O impacto final da Tiangong-1, segundo a Aerospace, aconteceu às 1h15 desta segunda-feira, 2 de abril. Após o impacto final da estação espacial nos mares do Taiti, o Volcano Watch substituiu o livestream por um timelapse que resume em 5 minutos o acompanhamento que a Aerospace fez do trajeto da Tiangong-1 na sua descida final à Terra.
A Tiangong-1 é uma das realizações mais importantes para a China que, em 2011, conseguiu colocar em órbita a sua primeira estação espacial, que serviria para várias tarefas de investigação. Esta conquista individual vai ao encontro do que a China tem como agenda própria, no que toca à pesquisa espacial. Os chineses têm tentado fazer sempre estas pesquisas à parte do resto das agências espaciais. As chances de alguém ser atingido por destroços de Tiangong-1 são muito pequenas, menos de um em 12 biliões, de acordo com a ESA.
Mas o que é o Ponto Nemo?
Oficialmente chamado de “ponto oceânico de inacessibilidade”, este cemitério aquático para tanques de combustível de titânio e outros detritos espaciais de alta tecnologia, é mais conhecido – pelos viciados em temas do espaço, como Point Nemo (Ponto Nemo), em homenagem ao capitão do submarino fictício de Júlio Verne.
O Ponto Nemo está mais longe da terra do que qualquer outro ponto no globo: 2.688 km das Ilhas Pitcairn para o norte, uma das Ilhas de Páscoa para o noroeste e Maher Island – parte da Antártida – para o sul.
A sua característica mais atraente para as reentradas controladas é que ninguém mora lá. Coincidentemente, também não é biologicamente muito diversificado. Por isso, é usado como uma lixeira – o cemitério espacial” seria um termo mais polido – principalmente para naves espaciais de carga.
Referiu Stijn Lemmens, especialista em detritos espaciais da Agência Espacial Europeia em Darmstadt, na Alemanha.
Cerca de 250 a 300 naves espaciais – que na maior parte foram incineradas enquanto entalhavam o caminho através da atmosfera da Terra – foram enterradas lá. O maior objeto espacial, de sempre, lá “sepultado”, foi o laboratório espacial russo MIR, que pesava 120 toneladas e em 2001 entrou na atmosfera terrestre.
Atualmente, quem usa esse ponto de ninguém?
Lemmens referiu que atualmente este ponto no pacífico sul era usado de forma mais rotineira pelas cápsulas (russas) Progress, que vão e voltam para a Estação Espacial Internacional (ISS).
Por falar na ISS… bom, esta também já tem data para entrar na nossa atmosfera e depositar os seus restos no Ponto Nemo. A enorme Estação Espacial Internacional (ISS) de 420 toneladas, irá aterrar no Ponto Nemo, em 2030.
No futuro, a maioria das naves espaciais serão “projetada para a morte” com materiais que derretem a temperaturas mais baixas, tornando-os muito menos propensos a sobreviver à reentrada e atingir a superfície da Terra.
Tanto a NASA quanto a ESA, por exemplo, estão a mudar de titânio para alumínio no fabrico dos tanques de combustível. Isto para que tudo seja destruído pelo fogo quando estes objetos espaciais entram na nossa atmosfera.
“Nemo”, a propósito, significa “ninguém” em latim.