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Novas pistas poderão explicar como foi possível Marte ter rios e oceanos

A NASA já começou a retirar informações preciosas para conhecer Marte como nunca o havia conhecido. A sonda Perseverance pousou perto de um antigo delta de rio, mas que atualmente está seco. No entanto, são evidentes os sinais que existiu no planeta vermelho muita água, que formaram rios e oceanos. A dúvida que desafia os cientistas é saber para onde foi a água, o que lhe aconteceu. Das muitas teorias lançadas sobre o tema, até hoje nenhuma parece ter conseguido o consenso. No entanto, o Perseverance traz novas pistas.

Investigadores da Universidade de Chicago desenvolveram um modelo de Marte que revela o mistério por detrás do clima antigo do planeta vermelho.

A água gelada no interior de Marte já esteve fora na forma de rios e oceanos

O mais recente dos rovers da NASA a aterrar com sucesso em Marte encontrou uma localização vantajosa mesmo ao lado de um antigo delta de um rio. Este equipamento está agora no centro de um novo estudo para se perceber como desapareceu a água abundante de Marte.

Se existe muito gelo no “interior” do planeta, como foi que o solo esteve inundado de água em estado líquido e como desapareceu de novo. Assim, o estudo, publicado segunda-feira na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, liderado pelo cientista planetário Edwin Kite, discute a explicação para o clima misterioso de Marte. Algo que está escondido à frente dos olhos de todos!

Após uma longa viagem desde a Terra, o rover Perseverance da NASA tornou-se no último robô a aterrar com sucesso em Marte. Este conjunto avançado de tecnologia juntou-se a outras sondas e robôs, como a Sojourner, Opportunity, Spirit e Curiosity. O novo equipamento já deu aos cientistas uma visão de perto do que costumava ser um rio fluente no planeta vermelho.

Imagem do local onde o Perseverance irá explorar. Na imagem o delta onde outrora existiu um rio em Marte

 

Há muita água em Marte, mas em forma de gelo

Ao contrário do que o planeta é agora, há inegáveis provas de que Marte já teve muitos corpos de água, incluindo oceanos e rios. A superfície mostra sinais proeminentes de erosão feita pela água corrente e o gelo existe em abundância, mas o clima não tem sido capaz de sustentar água líquida desde então.

Este facto mantém os cientistas a coçar na cabeça há décadas, e ninguém tinha sido capaz de explicar como é que um planeta que recebia pouco ou nenhum calor do sol podia sustentar rios. O autor responsável pelo estudo concentrou grande parte da sua investigação no clima de Marte e especializou-se na combinação de modelos climáticos com dados geológicos.

Graças às inestimáveis descobertas do Perseverence, Kite e a sua equipa foram capazes de propor a explicação provável das nuvens de alta altitude que criaram um efeito de estufa.

Tem havido uma desconexão embaraçosa entre as nossas provas, e a nossa capacidade de as explicar em termos de física e química. Esta hipótese vai muito longe no sentido de colmatar essa lacuna.

Referiu Kite.

Pelos vestígios que são encontrados em Marte, seria este o aspeto do planeta antigo?

Muitos cientistas propuseram as suas próprias teorias para tentar explicar a existência de água líquida em Marte. Entre elas há uma muito particular que pressupunha um impacto de asteroides. O resultado teria sido a libertação de energia suficiente para aquecer a superfície, o que mais tarde foi refutado.

Os investigadores deste estudo quiseram investigar uma teoria diferente. Aliás, já em 2013 se havia tocado no assunto. Em causa poderiam estar nuvens semelhantes a cirros na atmosfera marciana. Segundo os investigadores, mesmo a mais pequena cobertura de nuvens pode levar a um aumento da temperatura dos planetas e pode criar o tal efeito de estufa.

Esta teoria foi descartada antes porque os cientistas acreditavam que as nuvens teriam de permanecer na atmosfera durante muito mais tempo do que o que se pensava ser possível para ter qualquer efeito significativo.

A equipa utilizou um modelo 3D do planeta para investigar se esta explicação faz sentido. No foco do estudo está o fator que anteriormente foi deixado de fora, o gelo.

 

Então como poderia haver a humidade para formar rios e lagos?

No estudo os investigadores explicaram que se o solo fosse coberto por gelo, teria uma humidade superficial que traria nuvens de baixa altitude. No entanto, estas nuvens não iriam aquecer o planeta o suficiente para sustentar a água ou mesmo arrefecer a temperatura. Contudo, se o único gelo existisse em pequenas áreas, tais como nos polos do planeta ou em altitudes elevadas, o ar poderia ter sido suficientemente seco para acolher nuvens de grande altitude que teriam aquecido a superfície.

No modelo, estas nuvens comportam-se de uma forma muito pouco terrestre. Construir modelos sobre a intuição baseada na Terra não vai funcionar, porque isto não é nada semelhante ao ciclo da água da Terra, que move a água rapidamente entre a atmosfera e a superfície.

Disse o investigador.

Enquanto a água na Terra cobre 71% da superfície do planeta e se move em rápida sucessão através da terra, ar e corpos de água, a água em Marte é escassa, e de acordo com Kite, uma vez que a água acaba na atmosfera, ela permanece lá durante muito mais tempo.

Portanto, agora está nas mãos da NASA que pode testar esta teoria na superfície de Marte usando o Perseverance para analisar os seixos. Esta análise às pedras pode permitir retirar as devidas informações de como eram as condições quando a pressão atmosférica era mais ideal.

Os responsáveis referem que Marte é importante porque é o único planeta que conhecemos que tinha a capacidade de suportar vida – e depois perdeu-a.

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