Embora se pense que os astronautas já tenham viajado para além da atmosfera da Terra, especialistas da NASA explicam que, tecnicamente, isso nunca aconteceu. Sabe porquê?
Então não foram “para lá no Espaço”?
Yuri Gagarin, Neil Armstrong, Valentina Tereshkova, Katy Perry, William Shatner – diga o nome de qualquer astronauta, cosmonauta ou turista espacial, e nenhum deles saiu da atmosfera terrestre.
Embora pensemos na Estação Espacial Internacional (em inglês ISS) como estando no espaço, na verdade ela ainda se move através da atmosfera terrestre e está sujeita a uma gravidade cerca de 90% tão forte como ao nível do mar.
Quando pensamos na atmosfera onde vivemos e respiramos aqui na Terra, ela não termina logo acima das nossas cabeças. Não acaba no topo do Evereste. Não acaba onde voam os aviões. Continua e continua a subir, tornando-se apenas menos densa quanto mais alto se vai. E continua a existir a altitudes muito elevadas.
Explicou Doug Rowland, especialista em heliofísica da NASA, num vídeo.
Quando se vai até onde está a Estação Espacial – apenas a algumas centenas de quilómetros da Terra – ainda há ar suficiente para a abrandar. E se não fosse reimpulsionada com foguetes, acabaria por voltar à Terra devido ao atrito atmosférico, tal como quando conduzimos um carro.
Disse Rowland.
A razão está na forma como definimos os limites da atmosfera
O problema está na forma como definimos a nossa atmosfera. Existem considerações práticas ao definir o limite do espaço, nomeadamente para tratados espaciais, e o limite do espaço reconhecido internacionalmente é conhecido como a Linha de Kármán.
Contudo, embora a maior parte da atmosfera terrestre fique abaixo desse ponto, ele não é, de forma alguma, uma linha de corte definitiva.
Embora não haja uma fronteira clara entre onde termina a atmosfera da Terra e onde começa o espaço exterior, a maioria dos cientistas utiliza uma demarcação conhecida como a linha de Kármán, situada a 100 quilómetros acima da superfície terrestre, para assinalar esse ponto de transição, dado que 99,99997% da atmosfera da Terra se encontra abaixo desse ponto.
Explica a NASA.
Contudo, um estudo de fevereiro de 2019, utilizando dados do Observatório Solar e Heliosférico (SOHO), da NASA/Agência Espacial Europeia, sugere que os limites mais distantes da atmosfera terrestre – uma nuvem de átomos de hidrogénio chamada geocorona – podem, na verdade, estender-se até cerca de 629.300 quilómetros no espaço, muito além da órbita da Lua.
Acrescentou a agência espacial norte-americana.
Este estudo descobriu que, a cerca de 60.000 quilómetros da Terra, ainda existem cerca de 70 átomos de hidrogénio por centímetro cúbico.
Mesmo quando os astronautas colocaram os pés na Lua, ainda estavam dentro da nossa atmosfera, embora essa densidade desça para cerca de 0,2 átomos por centímetro cúbico à distância da Lua.
Ao analisar os dados do SOHO, a equipa descobriu que a atmosfera terrestre se estende até cerca de 50 vezes o raio da Terra.
A Lua viaja através da atmosfera da Terra. Não tínhamos consciência disso até analisarmos novamente observações feitas há mais de duas décadas pela sonda SOHO.
Afirmou Igor Baliukin, do Instituto de Investigação Espacial da Rússia e autor principal do artigo que apresentou os resultados, num comunicado da altura.
Tudo isto complica-se ainda mais com o facto de que, tecnicamente, tanto a Terra como a Lua estão também dentro da atmosfera do Sol.
Existe esta espécie de dicotomia: partimos da Terra, passamos pela atmosfera terrestre, depois estamos na atmosfera do Sol. E, eventualmente, saímos dessa zona quando atingimos a heliopausa, o limite da heliosfera.
Explicou Rowland.
Portanto, se a pergunta for ‘Onde começa o espaço?
Bom, a resposta depende da perspetiva. Segundo Rowland, se quiser saber ‘Onde termina a atmosfera?’, ele refere que é a cerca de 644 km acima da nossa cabeça.
No entanto, é importante lembrar que este espaço acima não está vazio. Está cheio de todo o tipo de coisas interessantes.
Veja o vídeo onde o especialista da NASA pões “tudo a nú”: