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Milhares de galáxias, incluindo a nossa, dirigem-se para o Grande Atrator. O que é isso?

O que é o Grande Atrator, para onde se dirigem milhares de galáxias (incluindo a Via Láctea)? Esta é uma pergunta de milhões, mas ninguém sabe a resposta.


Via Láctea viaja a 600 km/s: mas onde vamos com esta pressa toda?

Muitas forças que ainda não conhecemos juntam-se no universo e damos a este fenómeno o nome de energia escura.

Ainda temos uma visão muito pequena do universo. Aliás, é comum ainda hoje nas escolas representar o nosso sistema solar na forma de uma maquete. Tudo estático e sem qualquer ambição.

Esta informação, contudo, é uma evolução do que no passado já se pensou dos planetas que fazem parte deste grupo privilegiado. Além disso, hoje também sabemos que estes planetas giram em torno de uma estrela e que essa estrela não flutua na imensidão. Sabemos que vai para algum lado.

Contudo, há algumas décadas, tem-nos sido dito que o nosso Sistema Solar, e especialmente a nossa galáxia, a Via Láctea, estão a viajar pela vastidão do universo a cerca de 600 quilómetros por segundo.

E também já se sabe há muito tempo que esta viagem tem um destino.

 

Grande Atrator será o fim de tudo? Pode acontecer sim!

As descobertas feitas na década de 70 por um grupo de astrónomos determinaram a existência de uma “grande força” cuja origem seria o destino da jornada que a galáxia está a fazer atualmente. Esta força foi chamada de Grande Atrator.

A nossa galáxia está a ir na direção de algo que não podemos ver claramente. O ponto focal deste movimento é o Grande Atrator, produto de milhar de milhões de anos de evolução cósmica.

Explicou o cosmólogo Paul Sutter, professor de astrofísica na Stony Brooks University em Nova York, à BBC.

E, apesar da impressionante velocidade com que a nossa galáxia viaja, ela provavelmente não chegará ao destino definido pelo Grande Atrator.

Nunca chegaremos ao nosso destino porque, daqui a alguns milhares de milhões de anos, a força acelerada da energia escura destruirá o universo.

Disse Sutter.

A energia escura, como explica a NASA, é uma força misteriosa que permeia o cosmos e acelera a expansão do universo.

 

Energia escura destruirá o nosso sistema solar

Segundo refere a agência espacial norte-americana, a energia escura também está na origem do afastamento das galáxias, o que levará a que a estrutura do universo que conhecemos hoje seja destruída, nalguns milhares de milhões de anos.

Portanto, entender os efeitos do Grande Atrator tem a ver com o esforço de conhecer a estrutura do universo. No entanto, fica a questão que gera toda a atividade em volta do fenómeno. Como foi que descobriram o Grande Atrator?

Bom, à medida que a exploração espacial progrediu, em grande parte graças ao lançamento do telescópio Hubble na segunda metade do século 20, os astrónomos enfrentaram o desafio de organizar de alguma forma tudo o que estavam a ver.

Então começaram a traçar uma espécie de mapa e, claro, um dos pontos fundamentais era saber onde fica o nosso Sistema Solar e a nossa galáxia no universo.

Por volta da década de 70, começamos a estudar o movimento do nosso Sistema Solar, da nossa galáxia, e comparámo-lo com o movimento de outras galáxias próximas, e tudo parecia ir na mesma direção da expansão do universo.

No entanto, os astrónomos começaram a notar algo curioso: parecia haver uma vaga direcionalidade além deste movimento expansivo, como se todas as galáxias próximas a nós também estivessem a ir em direção ao mesmo ponto focal.

Explicou Sutter.

Para muitos astrónomos, essa “direção” tinha a ver com defeitos nas observações ou outros fatores que levavam a uma leitura errada das informações que recebiam.

 

Tecnologia veio confirmar… algo de estranho puxa as galáxias

À medida que os telescópios foram sendo melhorados, as tecnologias empregues permitiram por volta de 1986 ajudar a comunidade científica a determinar que, de facto, as galáxias mais próximas, inclusive a nossa, caminhavam numa direção comum.

Com estes novos instrumentos, os astrónomos foram capazes de determinar não apenas que estávamos ca caminhar para uma concentração de matéria, mas também a velocidade com que estávamos a fazer esta viagem. Por outras palavras, eles foram capazes de estabelecer com certeza o que era.

Disse Carlos Augusto Molina, astrofísico colombiano que trabalha no Planetário de Bogotá.

Nesse sentido, embora não possa ser determinado com exatidão, uma das principais teorias aponta para o facto de que o Grande Atrator é uma grande estrutura de matéria escura localizada dentro do superaglomerado de galáxias conhecido como Laniakea e que tem a capacidade de atrair galáxias num raio de mais ou menos 300 milhões de anos-luz de distância.

 

Mas afinal o que é a matéria escura?

Segundo a NASA, esta matéria escura ou energia escura, é um tipo de matéria que não pode ser observada, apenas se pode intuir que existe devido ao efeito gravitacional que exerce sobre os objetos do cosmos.

Esta grande concentração de matéria que arrasta as galáxias foi chamada de Grande Atrator, que se localiza a cerca de 200 milhões de anos-luz da Terra.

Uma das razões pelas quais Sutter tem se dedicado a estudar mais sobre o Grande Atrator é que, apesar dos avanços na observação astronómica, esta superestrutura permanece um mistério.

Uma das grandes desvantagens de saber mais sobre o Grande Atrator é que ele está localizado numa posição muito inconveniente: totalmente no lado oposto da nossa galáxia.

Quando o tentamos observar há muito ruído: muitas estrelas, planetas, nebulosas no meio que não permitem uma análise mais completa desta força que nos atrai.

Disse o cosmólogo Paul Sutter.

 

Não é um buraco negro

Tanto Sutter quanto Molina deixam claro que o Grande Atrator não é um buraco negro, apontando que é uma anomalia gravitacional.

É uma força totalmente diferente e não há conexão com buracos negros no universo.

Explicou Sutter.

A verdade é que, ao conseguir determinar que não é um buraco negro, os investigadores perceberam que existiam outras anomalias semelhantes noutras partes do universo que teriam uma função semelhante: arrastar galáxias.

Saber este facto ajuda-nos numa tarefa fundamental para entender o universo: como ele é constituído por estas estruturas que classificamos ou hierarquizamos de acordo com a sua capacidade gravitacional.

Disse Molina.

Para este cientista o “mapeamento” do universo faz-se aprendendo mais sobre como estas áreas interagem com outras forças, como a luz ou a gravidade.

Conhecer esta estrutura permite-nos comparar como processos como a interação com a luz — ou não — ou a sua densidade ocorrem em estruturas semelhantes noutras galáxias do universo.

Acrescentou o especialista.

Outro aspeto importante é que nos permite estudar o “futuro” do nosso ambiente espacial.

Saber o quão rápido a nossa galáxia está se a mover e para onde está a ir permite-nos pensar ou estudar aspetos de como a galáxia se comportará no futuro.

Observou Sutter.

No entanto, embora a partir destes desenvolvimentos saibamos o destino desta viagem jovem que a galáxia está, também sabemos que a Terra ou o nosso Sistema Solar podem muito bem não ser capazes de ver o fim.

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