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Marte: Rover da NASA detetou indícios de moléculas orgânicas diferentes em Jezero

O rover da NASA Perseverance encontrou na cratera marciana provas de química baseadas no carbono. Marte pode ser o lar de um ciclo geoquímico muito mais complexo do que se suspeitava inicialmente. Poderá ter sinais de vida… existente há milhares de milhões de anos!


O rover da NASA detetou indícios de uma série de moléculas orgânicas diferentes na cratera Jezero de Marte. Os resultados estão descritos num artigo publicado a 12 de julho na revista Nature.

Esta última descoberta sugere que poderá ter existido um ciclo geoquímico mais complexo no Planeta Vermelho. Não é uma prova direta da existência de seres vivos nesse mundo, mas mostra que o planeta tinha processos minerais como os da Terra, que suportam a vida.

O rover Perseverance aterrou na cratera Jezero em fevereiro de 2021, onde os restos de uma antiga bacia lacustre marciana contêm argilas que podem preservar materiais orgânicos – e podem fornecer pistas sobre a habitabilidade passada do planeta. O rover já encontrou provas de reações químicas passadas na cratera, que podem conter mais pistas sobre a vida marciana anterior.

Os compostos orgânicos são os blocos de construção da vida. São moléculas compostas pelo elemento carbono e muitas vezes têm outros elementos como o nitrogénio, oxigénio, hidrogénio, fósforo e enxofre. Vários tipos de moléculas orgânicas de origem marciana foram detetados em meteoritos que se desprenderam de Marte e aterraram na Terra, e na cratera Gale de Marte.

A representação mostra a cratera Jezero – o local de aterragem do rover Perseverance – tal como poderia ter aparecido há milhares de milhões de anos, quando talvez fosse um lago que sustentava a vida. Uma entrada e uma saída são também visíveis em ambos os lados do lago. (Crédito da imagem: NASA/JPL-Caltech)

Os investigadores acreditam que as explicações para a origem da matéria orgânica no Planeta Vermelho incluem interações água-rocha ou depósitos na superfície do planeta através de poeiras espaciais, ou meteoritos. A equipa nota que os “blocos de construção chave para a vida podem ter estado presentes durante um longo período de tempo”, tornando esta área da cratera Jezero “potencialmente habitável”.

Os autores do estudo também reconhecem que os aglomerados de outros compostos podem ser responsáveis por algumas das deteções do rover, embora uma explicação inorgânica para estes sinais seja menos provável do que a química baseada no carbono.

Como cientistas planetários e astrobiólogos, somos muito cuidadosos ao fazer afirmações – afirmar que a vida é a fonte de orgânicos ou possíveis bioassinaturas é uma hipótese de último recurso, o que significa que precisaríamos descartar qualquer fonte de origem não biológica.

Disse a coautora do estudo e cientista planetária da CalTech, Sunanda Sharma, ao Space.com.

Para este estudo, a equipa analisou dados do instrumento SHERLOC (Scanning Habitable Environments with Raman and Luminescence for Organics and Chemicals) do Perseverance. Trata-se de uma ferramenta crucial em Marte, capaz de efetuar o mapeamento e a análise de moléculas orgânicas a uma escala precisa.

A equipa concentrou-se nos dados do SHERLOC sobre duas formações rochosas no chão da cratera Jezero – Máaz e Séítah. Quando a luz ultravioleta do SHERLOC incide sobre compostos orgânicos, estes podem brilhar. A medição dos comprimentos de onda do brilho de uma molécula pode ajudar a identificar a molécula que a constitui.

Segundo os dados partilhados pela equipa, foram detetados sinais de moléculas orgânicas em todos os 10 alvos que o SHERLOC observou, o que abrange um período de tempo de, pelo menos, 2,3 mil milhões a 2,6 mil milhões de anos atrás. Mesmo que este material não seja efetivamente de origem biológica, pode dar aos cientistas pistas importantes sobre se Marte foi ou não capaz de albergar vida.

Murphy também acrescentou que estudar as relações espaciais entre minerais e orgânicos é fundamental quando se examinam as origens orgânicas e potenciais bioassinaturas. Usar a história geológica da Terra como ponto de referência ajudará a determinar o que, se é que alguma coisa, poderia ter vivido em Marte no passado.

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