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Marte está a perder água para o Espaço e a culpa é das tempestades

Marte é um lugar árido, com vestígios de uma outra realidade existente há milhões de anos. A cada década mais ou menos, por razões desconhecidas, uma monstruosa tempestade torna-se global e cobre o planeta. Estes eventos podem ser mortais quando os humanos lá chegarem. Em 2018, por exemplo, estas tempestades aniquilaram o rover Opportunity da NASA, a poeira cobriu totalmente os painéis solares. Agora, alguns indícios dão conta de outro problema que assola Marte.

Segundo os astrónomos, as tempestades também podem ser uma das culpadas da água marciana escapar para o espaço.


Marte tem tempestades mortíferas e devastadoras

Rios fossilizados e deltas gravados no solo de Marte sugerem que a água fluía por lá há milhar de milhões de anos. No entanto, a maior parte dessa água deve ter escapado de alguma forma para o espaço. O vapor de água, segundo os investigadores, não poderia ser o responsável. Isto porque o vapor não poderia viajar alto na atmosfera fina e gelada sem condensar em neve e cair de volta à superfície.

Os novos dados da sonda Mars Atmosphere and Volatile Evolution (MAVEN) da NASA, publicados na Science, mostram como as tempestades de poeira podem, de facto, bombear água para o espaço.

Estes processos de escape são uma forma eficaz de secar Marte.

Referiu Anna Fedorova, cientista planetária do Instituto de Investigação Espacial da Academia Russa de Ciências.

Um conhecido processo de fuga acontece através da luz ultravioleta (UV) do Sol. Esta pode dividir pequenas quantidades de água perto da superfície de Marte, resultando no envio de hidrogénio e oxigénio.

Então, estes elementos, ambos mais leves do que o ar predominantemente de dióxido de carbono do planeta, poderiam encaminhar-se para o topo da atmosfera, onde depois seriam perdidos para o espaço. Contudo, os cientistas presumem que a perda de água por este mecanismo é um evento do tipo “gota a gota”.

 

Então, como escapa a água de Marte para o espaço?

Durante a tempestade de 2018, Shane Stone, estudante da Universidade do Arizona, analisava dados do MAVEN, que estuda a alta atmosfera do planeta desde 2014. O instrumento MAVEN recolhe amostras diretamente da atmosfera ténue conforme a sonda mergulha em altitude orbital mais baixa que 150 quilómetros. Nesse momento, Stone e os seus colegas ficaram incrédulos ao verem o que se estava a passar.

Enquanto a poeira girava em altitudes mais baixas, um dilúvio de água alcançava a borda do espaço.

Indícios anteriores de que as tempestades de poeira podiam de alguma forma estar a elevar a água apareceram em 2014, quando duas equipas relataram observações de UV feitas em 2007, após a última tempestade de poeira global, pelo telescópio espacial Hubble e a sonda Mars Express.

As equipas descobriram que há um padrão sazonal para o fenómeno. Isto é, a atmosfera superior do planeta recolheu mais água quando Marte esteve mais perto do Sol ou quando ocorreram estas grandes tempestades de poeira. Então, o aquecimento atmosférico causado por estes eventos faz com que a água circule mais alto no ar marciano.

 

Planeta vermelho poderia ser húmido e com muita água

Assim, os investigadores calcularam que, ao longo dos últimos milhares de milhões de anos, a atmosfera de Marte pode ter permitido uma “fuga” de água que seria suficiente para cobrir a superfície do planeta com um oceano de pelo menos 25 metros de profundidade.

As explicações ainda não são definitivas, contudo, podem ajudar a explicar por que Marte é tão seco agora, do que era há milhões de anos.

Marte deve ter perdido o equivalente a um oceano global de dezenas a centenas de metros de profundidade em toda a sua história. Se não fosse por estes processos de fuga, teríamos um planeta mais quente e húmido bem ao nosso lado.

 

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