Aconteceu no passado dia 25 de fevereiro uma manobra que muitos acreditam ser um salto importantíssimo na indústria espacial. Um satélite comercial foi ligado a um outro que estava em órbita para fornecer combustível. Assim, com esta manobra, o equipamento que estaria em fim de vida, irá conseguir mais uns bons anos de serviço.
O feito poderá abrir portas a uma série de outros negócios visando estender a vida, alterar tecnologias e prolongar missões no espaço.
Conforme foi relatado pela BBC, um antigo satélite de comunicações estava quase sem combustível. Nesse sentido, foi enviada uma unidade auxiliar que conseguiu equipar o velho satélite com mais energia. Além disto, esta plataforma moderna ficou com o controlo para manobrar o primeiro, permitindo fazer ações úteis para o futuro.
Assim, com estas manobras, foi conseguida uma prorrogação por mais cinco anos da vida útil do satélite Intelsat-901, que há 19 anos transmite sinais de televisão.
Missão espacial para abastecer satélite é um marco na indústria
A Northrop Grumman, responsável pelo satélite que foi acoplado, o Missão Veículo de Extensão 1 (MEV-1, sigla em inglês), afirmou que se trata da primeira vez que dois satélites comerciais se unem desta maneira a uma altitude de mais de 36 mil quilómetros.
O MEV-1 agora empurrará o IS-901 até uma posição equatorial a 27,5 graus oeste, para que ele possa reativar as tarefas de telecomunicação entre o fim de março e o início de abril deste ano.
Segundo as empresas de satélites, esta possibilidade de fazer serviços em órbita, está já há algum tempo a ser pensada. Por exemplo, podem ser levadas a cabo manobras para recarregar o combustível de satélites mais antigos, podem ser feitas operações visando substituir peças avariadas e podem até ser acoplados novos módulos.
Unir os dois satélites é uma manobra bastante delicada
De acordo com os envolvidos no lançamento do Missão Veículo de Extensão 1, esta é a primeira iniciativa comercial a oferecer resultados. Conforme foi dado a conhecer, o acoplamento dos satélites ocorreu na terça-feira (25/02), às 7h15, a cerca de 300 quilómetros acima do arco geossíncrono, de onde a maioria dos satélites de comunicações transmite os seus dados.
No momento da junção dos dois satélites, os responsáveis reuniram uma série de precauções necessárias. Entre elas, foi libertado o espaço envolvente, nenhuma outra nave espacial poderia estar nas proximidades, para que não fosse comprometida caso algo fugisse do controlo.
A operação definiu que o veículo acoplado controlará todos os movimentos do satélite Intelsat-901. Aliás, o satélite de comunicações receberá mesmo as instruções para manter a telecomunicação com pontos da superfície terrestre, até ao final da sua vida.
Quando a missão estendida chegar ao fim, o MEV-1 levará o Intelsat-901 a uma órbita “cemitério”. Posteriormente, irá de imediato ligar-se a outro satélite que esteja a ficar sem combustível e que necessite desse mesmo tipo de assistência.
MEV-1 será uma espécie de mecânico do espaço
A Northrop Grumman, que opera este novo serviço através da subsidiária SpaceLogistics LLC, afirmou que planeia expandir este serviço básico oferecido recorrendo ao MEV-1. Assim, este tipo de satélite irá poder incluir tecnologias capazes de fazer reparações e montagens em órbita. Como tal, a empresa já está já a trabalhar em sistemas que incluirão não apenas sondas de acoplamento simples, mas também braços robóticos para pegar satélites.
Outra opção que está a ser desenvolvida são as cápsulas de combustível, que poderão ser ligadas aos satélites que precisam de abastecimento. Os responsáveis da empresa espacial referiu mesmo que estes serviços podem ser úteis para a NASA, principalmente quando os astronautas são enviados para longe da Terra.
Segundo o responsável da empresa, Tom Wilson, nas suas explorações do sistema solar a NASA necessita “realizar todo o tipo de missões robóticas autónomas”, como “unir veículos, realizar operações de aproximação, fabricar peças ou componentes que não sabia que necessitaria”.
Toda a tecnologia leva-nos a esse tipo de veículos e serviços.
Explicou Wilson.
Num ano, a empresa deve lançar um segundo MEV. A missão deverá dar apoio a outro satélite Intelsat.
Expandir a vida útil dos satélites
Stephen Spengler, representante da Intelsat, disse que a sua empresa sempre estimulou o desenvolvimento do conceito de “serviços em órbita”. Ele citou a missão do vaivém espacial que, em 1992, resgatou o Intelsat-603, que havia encalhado na parte baixa da órbita terrestre.
Segundo Spengler, em termos económicos também faz muito sentido, porque há resultados. Tal tecnologia permite aos operadores dos satélites expandir as receitas e adiar as despesas por mais alguns anos. É uma espécie de segunda vida do material que ficaria em órbita como lixo, até que o espaço e a gravidade tomasse conta.