Saturno é um planeta rico em motivos de curiosidade cósmica. Este gigante gasoso tem mais de sessenta satélites naturais na sua órbita. Contudo, a maioria deles são corpos pequenos, sendo que somente nove luas possuem diâmetro superior a cem quilómetros. Uma delas, Enceladus (Encélado), está a travar uma luta cósmica de bolas de neve.
Segundo os astrónomos, as luas internas do planeta são estranhamente brilhantes. Isso tem uma razão de ser e os investigadores pensam que se deve ao facto desta lua estar a atirar neve às demais.
NASA: Cassini morreu, mas ainda há muito para descobrir
Muitas das descobertas feitas neste planeta, a uma distância média da Terra de 1.280.4000.000 Km, são das imagens e das análises feitas pela nave espacial Cassini. Esta, como é sabido, terminou a sua missão a voar até ao interior de Saturno em 2017.
Além de imagens fantásticas, Cassini trazia consigo um instrumento de radar que usava ondas de rádio para examinar as luas geladas de Saturno.
Alice Le Gall da Universidade de Paris-Saclay, na França, e os seus colegas analisaram essas observações de radar e descobriram que três das luas, Mimas, Encélado e Tétis, parecem ser duas vezes mais brilhantes do que se pensava anteriormente.
Saturno: Porque será que tem uma Lua assim brilhante?
Há alguns dados que podem explicar essa candura da lua Enceladus. Esta lua tem enormes géiseres que lançam água do seu oceano subterrâneo para o espaço. Posteriormente, esta água congela e cai como neve nas luas próximas. Além disso, muita desta neve cai na superfície do Enceladus. Le Gall e os seus colegas calcularam que esta camada de gelo e neve deveria ter pelo menos algumas dezenas de centímetros de espessura.
Agora sabemos que a neve está realmente a acumular-se, não é apenas uma fina camada de revestimento, mas uma camada muito mais espessa de gelo de água.
Explicou a astrónoma Le Gall.
Isso ajuda a explicar a razão das luas serem são brilhantes em comprimentos de onda de rádio. Esta tecnologia permite penetrar mais fundo sob a superfície do que a luz visível. Contudo, mesmo a neve profunda não consegue explicar completamente o brilho das luas.
Isso sugere que algo mais deve estar enterrado sob a neve ou a descansar em cima dela. Isto porque as ondas rádio do radar da nave foram refletidas.
Le Gall e a sua equipa estão em processo de modelagem de diferentes estruturas que poderiam responder a estas questões. Desta forma, a explicar uma destas realidades pode estar uma camada de bolas de neve, enormes picos de gelo ou fendas generalizadas. No entanto, estas várias probabilidades ainda não têm correspondência nas observações feitas para que seja geologicamente plausível.
Temos muitas estruturas para testar, e é realmente muito importante para missões futuras que podem pousar nessas luas.
Concluiu Le Gall.
Na verdade, este é um processo importante, pois se um dia quisermos pousar lá, precisamos saber primeiro como é a superfície.