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Imagens de satélite geográficas falsas poderão representar uma ameaça não muito distante

A criação de imagens falsas tem vindo a ser associada muito aos rostos de pessoas, sendo um tema cada vez mais controverso. Mas o problema pode ser ainda maior quando as deepfakes chegam a outras áreas. Especialistas alertam para o problema das deepfakes associadas a imagens de satélite geográficas.

Estas imagens poderão vir a ser criadas para, por exemplo, sustentar notícias falsas relacionadas com catástrofes naturais ou conflitos armados entre regiões.


O problema da geografia falsa

Hoje o planeta está mapeado por satélites e temos imagens incríveis que nos vão mostrando as alterações que ocorrem ao longo dos anos ou em momentos particulares com a ocorrência de catástrofes, como incêndios ou cheias.

Estas imagens podem, no entanto, vir a ser um problema para as autoridades a nível mundial. A sua alteração ou criação através de sistemas de inteligência artificial está agora a ser encarada como um problema para um futuro não muito distante.

Geógrafos vieram mostrar a sua preocupação relativa à disseminação de imagens de satélite falsas geradas por AI, que podem ludibriar de várias formas, não só a opinião pública, mas os próprios decisores e autoridades.

Deepfakes geográficos e a segurança nacional

Alguns dos exemplos referidos estão relacionados com a criação de rumores sobre incêndios florestais ou inundações, ou para desacreditar histórias baseadas em imagens reais de satélite. Um dos casos referidos é relativo aos campos de detenção Uyghur da China que ganharam crédito a partir de evidências de satélite.

Considerando este caso, à medida que os deepfakes geográficos se espalham, o governo chinês pode alegar que essas imagens também são falsas. A geografia deepfake pode até ser um problema de segurança nacional, já que adversários geopolíticos poderão usar imagens de satélite falsas para enganar os inimigos.

Este é um alerta que não é propriamente novo. Os militares americanos em 2019 já haviam alertado para o problema sobre essa mesma perspeciva. Todd Myers, analista da National Geospatial-Intelligence Agency, imaginou um cenário em que o software de planeamento militar era enganado por dados falsos que mostravam uma ponte num local incorreto.

De uma perspetiva tática ou planeamento de uma missão, as suas forças são treinadas para seguir uma determinada rota, em direção a uma ponte, mas ela não está lá.

Toda a estratégia será deitada por terra, colocando os militares em perigo, por causa de imagens de satélite falsas.

Informação é a primeira arma de combate

Como em tudo na vida, é importante consciencializar as pessoas, principalmente dos geógrafos e outros especialistas, de que este problema existe. Bo Zhao, professor assistente de geografia da Universidade de Washington, é um dos especialistas que vem abordar este tema e deixar o alerta, através de um artigointitulado de Deep fake geography? When geospatial data encounter Artificial Intelligence (em português, Geografia falsa profunda? Quando os dados geoespaciais encontram Inteligência Artificial), do qual é co-autor.

Imagens falsas de satélite de um bairro em Tacoma com características da paisagem de outras cidades.

Segundo o especialista, este estudo tem como objetivo desmistificar a função de confiabilidade absoluta das imagens de satélite e aumentar a consciência pública sobre a influência potencial de uma geografia falsa profunda.

Na verdade, a tecnologia apenas veio desmascarar algumas técnicas de manipulação de mapas utilizadas há centenas de anos, criadas propositadamente para enganar potenciais inimigos de uma determinada região. Agora, as Deepfakes geográficas são só uma forma de colocar a tecnologia e a Inteligência Artificial a tratar do assunto.

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