Esta é uma guerra sem sentido, que tem feito milhares de vítimas civis às mãos de um dos mais bem equipados exércitos do mundo. Contudo, segundo acusa a Ucrânia, Putin tem ordenado os seus soldados para usarem armas “proibidas”. Entre elas, as bombas termobáricas.
O uso destas armas, que sugam oxigénio do ar circundante, serve para criar uma onda de choque extremamente poderosa que rompe órgãos e explode os pulmões.
Rússia terá usado “armamento proibido” na guerra da Ucrânia
Passaram já 10 dias após a invasão da Ucrânia. Os russos continuam a bombardear as cidades e a provocar o êxodo para o ocidente de ucranianos que fogem da guerra.
A destruição tem sido tal que os grupos de direitos humanos e o embaixador da Ucrânia nos Estados Unidos já acusaram a Rússia de usar uma arma termobárica – ou bomba a vácuo – nos combates em solo ucraniano.
Segundo o que tem sido dado a saber, a explosão que destruiu uma refinaria de petróleo em Okhtyrka, na região de Sumy, há uma semana, foi causada por uma arma termobárica, que terá matado mais de 70 soldados ucranianos.
Além, disso, também foi alegado que bombas de fragmentação amplamente proibidas foram usadas no conflito, com a Amnistia Internacional a acusar a Rússia de atacar uma escola no nordeste da Ucrânia.
O uso destas armas, que sugam o oxigénio do ar circundante para gerar uma explosão de alta temperatura, é amplamente condenado por organizações de direitos humanos.
Como funcionam as bombas de vácuo?
A BBC descreve a tecnologia numa infografia que nos permite perceber que estas bombas de vácuo, também conhecidas como explosivos termobáricos, funcionam em duas etapas.
Conforme podemos ver, a primeira parte é a carga explosiva que dispersa o combustível numa nuvem que pode então entrar em edifícios ou objetos ao redor.
Num segundo momento, ocorre a ignição, que inflama a nuvem de aerossol formada e o oxigénio circundante e desencadeia uma explosão de temperatura e pressão extremas, com efeitos devastadores para o meio envolvente.
Este efeito ocorre devido a dois fatores. Primeiro, a dispersão do combustível antes da ignição torna a área de combustão muito superior à dos explosivos habituais. Estes costumam ter áreas de combustão de alguns milímetros enquanto a dispersão do aerossol no caso termobáricos permite uma zona de combustão de vários metros cúbicos.
Apesar de a onda de pressão da explosão ser mais fraca que a provocada por uma explosão convencional, os danos nos edifícios e a letalidade são maiores devido à forma como a variação da pressão ocorre na zona envolvente.
Depois da ignição, o consumo do aerossol e do oxigénio do ar circundante cria uma área de baixa pressão que “puxa” tudo na direção do ponto da ignição – daí o nome “bomba de vácuo”.
Este efeito de pressão negativa que sucede à primeira onda de choque da explosão danifica edifícios e pode provocar lesões internas nas pessoas.
Que efeitos causa esta bomba?
As especificações desta arma referem que os efeitos de calor e pressão são incríveis. Qualquer ser humano próximo da explosão inicial será instantaneamente vaporizado. Qualquer pessoa apanhada na área circundante ficará com ferimentos internos graves causados pela onda de choque.
Mais terrível é a descrição mais gráfica dos danos provocados. Segundo refere Justin Bronk, investigador do Royal United Services Institute, estas bombas matam principalmente pela criação de uma onda de choque extremamente poderosa que “rompe órgãos e explode os pulmões”.
Este tipo de armamento é usado em determinados cenários de guerra. Isto é, é usado sobretudo em locais onde existem trincheiras, abrigos subterrâneos e caves. Isto porque esta onda de choque propaga-se em espaços confinados.
A sua ação torna-se particularmente mortal contra pessoas que estejam “protegidas” nesses sítios.
Esta tecnologia também cria temperaturas extremamente altas de vários milhares de graus, que podem causar queimaduras horríveis.
The russian army has deployed the TOS-1 heavy flamethrower which shoots thermobaric rockets, the was South of Belgorod. pic.twitter.com/XCxMI3bNB3
— Frederik Pleitgen (@fpleitgenCNN) February 26, 2022
No dia 26 de fevereiro, um vídeo da CNN mostrou o lançador de mísseis russo TOS-1 a ser deslocado ao sul de Belgorod, cidade russa que fica a cerca de 40 km da fronteira com a Ucrânia.
O TOS-1 tem capacidade para 24 tubos de mísseis termobáricos de 220 mm.
Oksana Markarova, embaixadora da Ucrânia nos Estados Unidos, disse a repórteres após reunião com membros do Congresso americano no passado dia 1 de março, que a Rússia “usou a bomba de vácuo hoje”.
Também foram usadas armas de fragmentação?
De facto a Ucrânia acusa a Rússia de usar bomba de fragmentação em Pokrovsk. Este armamento é proibido, pois faz das crianças as principais vítimas.
As bombas de fragmentação estão proibidas por uma resolução das Nações Unidas aprovada em 2008.
De forma resumida, podemos dizer uma bomba de fragmentação é um artefacto explosivo que, quando acionado, liberta uma certa quantidade de projéteis ou fragmentos menores, com a finalidade de causar um grande número de vítimas.
Estes pequenos explosivos podem permanecer intactos durante anos em qualquer condição, mas qualquer toque pode fazê-los rebentar.
A resolução das Nações Unidas cita a Unicef, que afirma que a maior parte das vítimas destes pequenos explosivos são crianças, “que costumam confundir as cores brilhantes dos objetos com brinquedos”, facto que tornou imperativa a ilegalização do uso destas bombas mesmo em tempo de guerra.