Entre 200 e 540 milhões de anos atrás, o planeta Terra não tinha a constituição que lhe conhecemos hoje, uma vez que contava com um único e gigante continente, a Pangeia. Assim sendo, era banhado por apenas um oceano, o Pantalassa. Contudo, devido a vários fenómenos naturais, como terramotos e atividades vulcânicas, este continente único começou a quebrar-se e, gradualmente, formou as estruturas que conhecemos.
Hoje, as placas tectónicas da Terra, responsáveis pelos fenómenos naturais que dividiram a Pangeia, permanecem em movimento. Como resultado, o Oceano Atlântico está a aumentar, ao passo que o Pacífico está a diminuir.
Atlântico aumenta, Europa e América afastam-se lentamente
Pela força das placas tectónicas, há milhões de anos, aconteceram fenómenos que modificaram, por completo, a aparência da Terra na altura. Portanto, os continentes e oceanos que conhecemos hoje, não existiam antes, pelo menos, não como distintos, sendo que eram um só.
Então, como é percetível, os oceanos não são todos iguais e os cientistas acreditam que o Oceano Atlântico está a crescer vários centímetros por ano, enquanto que o Pacífico está a diminuir.
Da mesma forma, esta deslocação lenta deve-se ao movimento das placas tectónicas da Terra. Ou seja, as placas por baixo da América estão a afastar-se das que estão por baixo da Europa e África.
Apesar da compreensão sobre as forças profundas e geofísicas estar longe de plena, os investigadores pensam ter identificado um importante elemento que contribui para este fenómeno.
As cristas média oceânicas não são tipicamente assumidas como tendo um papel.
Explica no artigo a equipa liderada por Matthew Agius, sismólogo da University of Southampton.
Afinal, as cristas média oceânicas não são passivas
Num novo estudo, os cientistas sugerem que as cristas média oceânicas poderão estar implicadas na transferência de matéria entre o manto superior e o inferior sob a crosta terrestre. Cristas essas que são formações montanhosas que emergem ao longo do fundo do mar, entre placas tectónicas.
Para prová-lo, os investigadores destacaram uma frota de 39 sismómetros, ao longo do fundo do Atlântico, a fim de registar movimentos sísmicos na Crista Média Atlântica, que é a fronteira que separa a América da Europa e África.
Então, as leituras registadas monitorizam o fluxo de matéria na transição do manto, localizado entre o manto superior e inferior, permitindo à equipa captar imagens dessa transição a uma profundidade de 660 quilómetros abaixo da superfície.
Posto isto, os resultados sugerem que as camadas de matéria química não se limitam a profundidades rasas na Crista Média Atlântica. Por outro lado, podem emergir nas áreas mais profundas da zona de transição do manto, sugerindo que a matéria do manto inferior suba.
Que as cristas média oceânicas contribuíram para o fenómeno da propagação do fundo do mar não é uma novidade para os cientistas. Contudo, as novas descobertas mostram que os processos globais envolvidos se estendem muito mais para dentro da Terra do que se pensava anteriormente.
Além disso, podem ocorrer mesmo em áreas do fundo do mar não marcadas por regiões onde se conhece subducção de placas.
Conforme partilham os investigadores, as restrições para realizar medições in situ revelaram-se um desafio.
O trabalho refuta suposições de há muito tempo que dizem que as cristas média oceânicas podem desempenhar um papel passivo na tectónica das placas.
Disse Mike Kendall, da University of Oxford.