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Estrela EK Draconis é parecida com o Sol e dá um aviso à vida na Terra

Os astrónomos podem ter detetado, pela primeira vez, um astro semelhante ao Sol que produziu uma explosão gigante, 10 vezes maior do que qualquer coisa semelhante já vista na nossa estrela. Estes “fogos de artifício” preocupantes foram libertados pela estrela chamada EK Draconis.

Estas informações podem dar uma nova luz sobre os efeitos que as explosões poderosas podem ter tido na Terra primitiva, quando a vida nasceu. Contudo, poderão demonstrar os danos na Terra moderna e nas nossas sociedades.


Estrela parecida com o Sol dá um aviso à Terra

Ao observarem um sistema estelar localizado a dúzias de anos-luz da Terra, os astrónomos observaram, pela primeira vez, “fogos de artifício” preocupantes. A estrela chamada EK Draconis ejetou uma quantidade gigantesca de energia e partículas carregadas num evento muito mais poderoso do que qualquer evento do género já visto no nosso próprio Sistema Solar.

O estudo, publicado no passado dia 9 de dezembro, explora um fenómeno estelar denominado “ejeção de massa coronal”, também conhecido como tempestade solar.

Yuta Notsu, investigador da Universidade do Colorado em Boulder, EUA, explicou que o Sol emite este tipo de erupções regularmente. São compostas por nuvens de partículas extremamente quentes ou plasma, que podem viajar pelo espaço a velocidades de milhões de quilómetros por hora.

Apesar de naturais, estas erupções são potencialmente más notícias: se uma ejeção de massa coronal atingir a Terra, pode danificar satélites em órbita e afetar as redes de energia que servem cidades inteiras.

O novo estudo também sugere que as explosões podem ficar muito piores. Na investigação, os cientistas usaram telescópios no solo e no espaço para espiar a EK Draconis, que parece uma versão jovem do nosso Sol. Em abril de 2020, a equipa observou EK Draconis a ejetar uma nuvem de plasma escaldante com uma massa na casa dos mil biliões de quilogramas – mais de 10 vezes maior do que a ejeção de massa coronal mais poderosa já registada numa estrela parecida com o Sol.

O evento pode servir como um aviso de quão perigoso pode ser o clima espacial.

 

Superproeminências podem ser muito perigosas

Os astrónomos que lideram este estudo explicaram que as ejeções de massa coronal geralmente ocorrem logo depois que uma estrela libertar uma proeminência ou uma explosão repentina e brilhante de radiação que pode estender-se para o espaço.

No entanto, investigações recentes sugeriram que, no Sol, esta sequência de eventos pode ser relativamente tranquila, pelo menos no que diz respeito às observações já registadas.

Em 2019, por exemplo, estes investigadores publicaram um estudo que mostrou que estrelas jovens semelhantes ao Sol, na Galáxia, parecem ter superproeminências frequentes – como as nossas próprias proeminências solares, mas dezenas ou até centenas de vezes mais poderosas.

Nesse sentido, referem, que tais superproeminências também podem ocorrer no Sol, mas não com muita frequência, talvez uma vez a cada vários milhares de anos. Ainda assim, esta informação deixou a equipa curiosa: uma superproeminência também poderia levar a uma superejeção de massa coronal?

As superproeminências são muito maiores do que as proeminências que vemos do Sol. Portanto, suspeitamos que também produziriam ejeções de massa muito maiores. Mas, até há pouco tempo, isto era apenas conjuntura.

Referiu o investigador Yuta Notsu.

Para descobrir, os investigadores voltaram-se para a EK Draconis. A curiosa estrela, explicou Notsu, tem quase o mesmo tamanho que o nosso Sol, mas é relativamente jovem no sentido cósmico, com apenas 100 milhões de anos.

O nosso Sol era assim há 4,5 mil milhões de anos.

Disse Notsu.

 

Um “monstro” que se movia a 1,6 milhões de quilómetros por hora

Os investigadores observaram a estrela durante 32 noites no inverno e na primavera de 2020 usando o TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) da NASA e o telescópio SEIMEI da Universidade de Quioto. No dia 5 de abril, Notsu e os colegas tiveram sorte: os investigadores observaram na EK Draconis a libertação de uma superproeminência, realmente grande.

Cerca de 30 minutos depois, a equipa observou o que parecia ser uma ejeção de massa coronal a voar para longe da superfície da estrela. Foram ainda capazes de captar a primeira etapa da vida deste fenómeno, chamada fase de “erupção do filamento”. Mas, mesmo assim, era um monstro, movendo-se a uma velocidade máxima de 1,6 milhões de quilómetros por hora.

Estas informações podem não ser um bom presságio para a vida na Terra. Isto é, o que foi obtido pela equipa, sugere que o Sol também pode ser capaz de tais eventos extremos. Mas, felizmente, tal como as superproeminências, a probabilidade de ocorrerem superejeções de massa coronal é relativamente baixa para estrelas com a idade do nosso Sol.

Ainda assim, Notsu notou que grandes ejeções de massa podem ter sido muito mais comuns nos primeiros anos do Sistema Solar. Por outras palavras, as ejeções gigantescas de massa coronal podem ter ajudado a moldar planetas como a Terra e Marte.

 

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