Com novas tecnologias, mais conhecimento e novas formas de estudar os elementos lunares, trazidos das missões Apollo, os cientistas analisarem antigas rochas lunares e perceberam que a Lua é milhões de anos mais velha do que pensávamos.
Meio século depois de a última missão Apollo ter partido da Lua, em dezembro de 1972, os cientistas voltaram a olhar para os seus preciosos pacotes. Uma equipa afiou as rochas lunares que os astronautas trouxeram para a Terra e, depois, utilizando uma técnica de datação precisa que mede a decomposição de átomos de urânio e chumbo (chamados isótopos), os investigadores concluíram que a Lua tem pelo menos 4,46 mil milhões de anos.
A sua nova estimativa, publicada num novo estudo na revista Geochemical Perspectives Letters, sugere que a Lua é mais velha do que o estimado anteriormente em 40 milhões de anos.
É espantoso poder provar que a rocha que está a segurar é o pedaço mais antigo da Lua que encontrámos até agora.
Disse Jennika Greer, autora principal do novo estudo e antiga candidata a doutoramento no Museu Field de História Natural em Chicago, num comunicado.
Como se formou a Lua?
Os cristais que os investigadores examinaram são vestígios de um encontro violento entre a Terra antiga e um objeto do tamanho de Marte. É a chamada hipótese do Impacto Gigante.
Este choque é a hora zero no relógio para a existência da Lua tal como a conhecemos. O evento teria provocado um oceano de fusão em toda a superfície da Lua.
Já Philipp Heck, curador de meteorítica e estudos polares no Museu Field e autor sénior do estudo, explicou que:
Quando a superfície estava assim fundida, os cristais de zircão não se podiam formar e sobreviver. Quando o oceano de magma arrefeceu, os cristais de zircão começaram a formar-se. São, por isso, uma boa forma de estimar a idade mínima possível para a Lua.
Então como se consegue descobrir a idade do nosso satélite natural?
Jennika Greer referiu que a equipa utilizou um microscópio de feixe de iões focalizados como “um afiador de lápis muito sofisticado” para preparar a amostra lunar para observação. A equipa produziu cinco destas “nanotips”. Os lasers ultravioletas evaporaram os átomos da ponta, o que permitiu à equipa saber de que eram feitos.
O passo seguinte foi observar a proporção dos diferentes isótopos. A equipa pôde então discernir quantos átomos se tinham transformado durante a passagem do tempo, ao sofrerem decaimento radioativo. Esta técnica, que Heck descreveu como uma “ampulheta”, fornece uma forma fiável de conhecer a idade antiga de uma amostra.
Este novo estudo é a prova de que os astrónomos só precisam de olhar para o universo próximo para fazerem descobertas excecionais.