Ao longo dos últimos anos, os esforços na área da robótica combinada com a Inteligência Artificial têm culminado em avanços incríveis. As técnicas de Machine Learning são cada vez mais sofisticadas e os especialistas continuam à procura de novas oportunidades para melhorar.
O foco está agora na criação de um motor de previsões, que procura simular o funcionamento do cérebro humano. Serão os robôs capazes de prever o futuro?
Robôs autónomos: O que falta?
Por todo o mundo, cientistas procuram criar robôs completamente autónomos. No entanto, os perigos são reais e nenhum dos robôs projetados está preparado para conduzir atividade sem supervisão nem intervenção do Homem.
Por outro lado, o ser humano ainda não é capaz de confiar numa máquina destas e não há garantias que tal hardware não possa apresentar um comportamento inesperado.
O problema reside no facto de os robôs não perceberem certas partes importantes do comportamento humano, como por exemplo, evitar choques com outros humanos ou não destruir aquilo que se encontra no seu caminho para se deslocar de um ponto para outro.
A solução talvez passe por perceber por que é que, instintivamente, nós, seres humanos, nos comportamos desta forma e encontrar um caminho para tornar a atuação dos robôs parecida com a nossa.
Outra parte do plano deverá envolver a remoção do ser humano da equação como agente superior em termos de inteligência para, internamente, correr uma simulação no “cérebro” de cada robô que lhes permita perceber os resultados e consequências de cada ação.
Assim, antes de executar qualquer ação, os robôs terão um padrão, dito normal, que podem seguir.
Solução: Previsão + Machine Learning + Robótica
Provavelmente, a solução do problema é mais complicada do que isto. A Teoria da Mente é uma capacidade do nosso cérebro que permite prever estados emocionais, motivações e a ação seguinte efetuada por uma pessoa, animal irracional ou objeto. E é assim que percebemos que uma pessoa furiosa connosco e que leva a mão atrás , está prestes a dar-nos um estalo.
Ao contrário das máquinas nós não somos apenas física e fios elétricos. Nós somos bastante mais complexos e a forma como os nossos cérebros estão ligados ainda hoje questiona cientistas e investigadores que dedicam as suas vidas a desvendar este tipo de mistérios.
Por exemplo, uma criança de 4 anos cria modelos internos de simulações capazes de antecipar acontecimentos, capacidades que fazem o trabalho da Google ou da Nvidia parecer uma brincadeira.
Isto acontece porque o ser humano, e neste caso as crianças, são bastante mais inteligentes do que os computadores ou qualquer rede neuronal artificial existente.
Para além disso, nós estamos programados para evitar a morte ou a dor. Aos robôs que tiram partido de inteligência artificial isso, pura e simplesmente, não interessa. Se ninguém lhes ensinar a distinguir o certo do errado eles não conseguem aprender e vão sempre cair nos mesmos erros.
Até Inteligência Artificial avançada, que dizemos ser capaz de aprender, não o consegue fazer a não ser que seja ensinada e treinada para saber responder a certas situações.
O problema com este método de aprendizagem pode ser compreendido, usando como exemplo o caso em que o software do Piloto Automático da Tesla, quando este confundiu um camião com uma nuvem e provocou um acidente que matou quem ía ao volante.
De modo a criar robôs suficientemente inteligentes, e que sejam capazes de partilhar o planeta connosco, os cientistas estão a tentar reproduzir a Teoria da Mente presente em cada um de nós, recorrendo a modelos e simulações internas que ajudem a antecipar o desfecho de ações.
Apesar de estarmos a alguns anos de criar robôs que funcionem autonomamente e sem uma zona de segurança à volta, esta pode ser, sem dúvida, uma solução para que finalmente consigamos criar os mordomos dos nossos sonhos.