Pela primeira vez na história, uma equipa de astrónomos conseguiu observar o coração intacto de um planeta. Segundo os investigadores, foram descobertos os restos dos destroços de um gigante gasoso que orbita muito perto de uma estrela, a 730 anos-luz de nós. Ainda não se sabe muito sobre este achado, contudo, esta descoberta oferece uma visão sem precedentes do interior dos planetas.
Estima-se que este planeta seja cinco vezes o tamanho de Neptuno e 40 vezes o do nosso planeta. Além disso, o TOI-849b será 17 vezes mais pesado que a Terra.
TOI-849b – Um lugar ‘impossível’
Os astrónomos descobriram o núcleo exposto de um mundo alienígena maciço. Uma descoberta sem precedentes que poderá dar uma nova e considerável perspetiva sobre a formação, evolução e diversidade do planeta.
É exatamente na área onde pensávamos que os planetas do tamanho de Neptuno não pudessem sobreviver.
Explicou Richard West, da Universidade de Warwick.
Apesar desta provável impossibilidade, o projeto TESS foi capaz de localizar este astro e isso foi uma surpresa. O TOI-849b, como é chamado, tem uma órbita de apenas 18 horas e um tamanho semelhante ao de Neptuno. Devido à sua proximidade com o Sol, possui uma temperatura de superfície em torno de 1.500 °C.
Uma vez localizado, os investigadores voltaram-se para o HARPS. Este é um instrumento do Observatório Europeu do Sul (ESO), situado no Chile, que usa o efeito Doppler para medir a massa de exoplanetas. Deteta pequenas alterações registadas no espetro de luz da estrela que recebemos. Assim, descobriram que este exoplaneta tem entre duas e três vezes a massa de Neptuno, mas que é tremendamente denso.
Um planeta com uma história muito incomum
Há aspetos que tornam este planeta num astro incomum. Para lá de ter o núcleo totalmente exposto, ou estar numa área de órbita estelar onde nunca teríamos imaginado olhar, este destaca-se por ser o objeto mais maciço que conhecemos com este tamanho.
A questão-chave é esta, o que aconteceu ao TOI-849b? Como é possível que um núcleo planetário seja exposto desta forma? Neste momento, há duas teorias em cima da mesa. A primeira é que na altura tinha uma configuração semelhante à de Júpiter, mas a dada altura perdeu todo o gás à sua volta. Há várias razões que poderiam explicar isto, desde a evaporação até à colisão com outro planeta.
No entanto, a teoria mais convincente é que algo correu mal durante o seu processo de formação e a atmosfera gasosa nunca se formou. Então o que poderia fazer um planeta daquele tamanho transformar-se em algo que falhou?
Seja como for, o planeta TOI-849b traz a oportunidade de aprendermos muito mais.
A primeira coisa é obviamente os mecanismos e particularidades da formação dos nossos planetas gasosos. Além disso, “temos a oportunidade de olhar para o núcleo de um planeta de uma forma que não podemos fazer no nosso próprio sistema solar” e devemos recordar que os núcleos são essenciais.
Não podemos terraformar planetas sem uma engenharia espacial que possa compreender os segredos mais básicos dos núcleos planetários. Este é um passo distante, mas excelente.
Leia também: