Vénus é considerado um planeta do tipo terrestre ou telúrico, chamado com frequência de planeta gémeo da Terra. É também um planeta que desperta a curiosidade sobre o que lhe aconteceu, para ser tão diferente do seu irmão. Nesse sentido, a NASA vai lançar duas missões a Vénus pela primeira vez em 30 anos. Contudo, a agência espacial norte-americana recolheu informações indicando que o vizinho da Terra regista evidências de movimentos tectónicos na superfície.
Segundo os dados agora revelados, os movimentos são executados em blocos da crosta que colidem como se fossem pedaços de gelo.
Planeta gémeo da Terra partilha características da sua atividade
Dados da agência espacial indicam que Vénus ainda é geologicamente ativo. Portanto, esta informação é essencial para compará-la com o comportamento de planetas que orbitam outras estrelas massivas, ou seja, exoplanetas. Além disso, a atividade tectónica vista em Vénus mostra semelhanças com o comportamento das placas rochosas nos primeiros estágios da Terra.
Segundo informações, esta descoberta é realmente reveladora, já que diferentes teorias sobre Vénus indicavam que este corpo celeste é feito de uma camada externa imóvel. Isso é conhecido como litosfera e outros corpos como Marte, a Lua e a própria Terra também são assim.
No entanto, eles especificam que as placas tectónicas na litosfera da Terra movem-se de maneira diferente e fazem-no no topo de uma camada de manto mais fraca e quente do que a registada em Vénus. É por isso referido que o nosso planeta, num estágio inicial, também se comportou desta maneira.
Especialistas em Vénus explicam o que se passa
Conforme é referido por Paul Byrne, professor de ciência planetária na North Carolina State University, o mais revelador é que estes movimentos destacaram e marcaram uma espécie de padrão.
Identificamos um padrão de deformação tectónica anteriormente não reconhecido em Vénus, sendo impulsionado pelo movimento interno, assim como na Terra. Embora difira da tectónica que vemos atualmente na Terra, ainda é uma evidência de que o movimento interior se expressa na superfície do planeta.
Explicou Byrne, autor do estudo que revelou estes dados.
Para fazer esta descoberta, a equipa de cientistas usou imagens do radar embutido na missão Magellan da NASA. Com esta ferramenta, foram capazes de mapear a superfície de Vénus. Assim, detalharam meticulosamente as extensões de planícies do planeta vizinho.
Nas observações, os cientistas notaram regiões específicas onde havia grandes blocos da litosfera e estes pareciam ter-se movido. Isto é, estavam a separar-se, a empurrar, a girar e deslizar um sobre o outro. Este tipo de comportamento é semelhante a “blocos de gelo a partir num lago congelado”.
Semelhanças com a Terra
Existem, portanto, muitas semelhanças com o seu irmão gémeo, a Terra. Assim, Byrne explica que estas observações dizem-nos que o movimento interno está a causar a deformação da superfície de Vénus, semelhante ao que acontece na Terra. As placas tectónicas na Terra são impulsionadas pela convecção no manto.
O manto é quente ou frio em lugares diferentes, ele move-se e parte desse movimento é transferido para a superfície da Terra na forma de movimento das placas.
Portanto, em jeito de conclusão, os cientistas consideram que Vénus ressurgiu através de erupções vulcânicas. E também que algumas partes do planeta são muito jovens, geologicamente falando. Então, eles esperam ver este mesmo tipo de fenómeno em exoplanetas onde a agência espacial tem o seu foco.