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COVID-19 provocou um silêncio nunca antes sentido na Terra… nem no Natal!

A pandemia obrigou milhões de pessoas ao confinamento, trouxe para o solo milhares de aviões e tirou do exterior um mundo de gente barulhenta. Assim, os cientistas começaram a ouvir um planeta que desconheciam, que vibrava naturalmente e que não se sentia. Segundo várias instituições que se dedicam a “escutar a Terra”, este é o período silencioso mais longo e mais pronunciado do ruído sísmico na história registada.

Os bloqueios causados ​​pela pandemia do novo coronavírus podem ter dado aos cientistas um vislumbre de como o ruído humano interage na Terra.


Terra sem o barulho humano vibra de forma surpreendente

Uma nova investigação liderada pelo Observatório Real da Bélgica, em conjunto com cinco outras instituições em todo o mundo, mostrou que o amortecimento do ‘ruído sísmico’ causado pelos seres humanos era mais pronunciado em áreas mais densamente povoadas.

Tal quietude derivada do confinamento, permitiu aos investigadores ouvir sinais de terramotos anteriormente ocultos. Assim, esta nova realidade poderá ajudar a diferenciar o ruído sísmico humano do natural mais claramente do que nunca.

Os cientistas conseguiram resultados nunca antes observados. Concluíram que este período de silêncio é provavelmente o maior e mais longo amortecimento do ruído sísmico causado pelo homem desde que se começou a monitorizar a Terra em detalhe, usando vastas redes de sismómetros.

O sensor que realiza a medida relativa à inércia da massa para indicar o deslocamento do solo é chamado de sismómetro. É a parte mais cara de um sismógrafo. Atualmente os sismómetros inerciais são baseados principalmente em dois tipos: Transdutor de velocidade e Acelerómetro.

 

COVID-19 bateu o Natal em termos de silêncio na Terra

Medido por instrumentos chamados sismómetros, o ruído sísmico é causado por vibrações dentro da Terra, que viajam como ondas. As ondas podem ser desencadeadas por terramotos, vulcões e bombas, mas também pela atividade humana diária, como viagens e indústria.

Embora 2020 não tenha visto uma redução nos terramotos, a queda no ruído sísmico causado pelo homem é sem precedentes. As quedas mais fortes foram encontradas nas áreas urbanas, mas o estudo também encontrou assinaturas do bloqueio em sensores enterrados a centenas de metros de profundidade e em áreas mais remotas.

Há alturas do ano que se nota uma clara diminuição do barulho do ser humano. Este ruído diminui durante períodos calmos, como o Natal/Ano Novo e o Ano Novo Chinês, e durante os fins de semana e à noite. No entanto, a queda nas vibrações, causada pelo bloqueio da COVID-19, consegue eclipsar mesmo a calmaria durante esses períodos.

 

Como foi possível “ouvir o silêncio”?

Para recolher os dados, os investigadores analisaram dados sísmicos de uma rede global de 268 estações sísmicas em 117 países. Então, com esses dados encontraram reduções significativas de ruído em comparação com antes de qualquer bloqueio em 185 dessas estações.

Fig. 1 Localizações mundiais de estações sísmicas.
Localizações das 268 estações sísmicas globais com dados utilizáveis (por exemplo, sem longas lacunas de dados, sensores de funcionamento) analisadas.

Os cientistas começaram na China no final de janeiro de 2020, seguiram para a Europa e para o resto do mundo entre março e abril de 2020. Conforme iam avançando nos meses mais a ocidente, os valores mostravam um aumento da “onda de tranquilidade” entre março e maio. Portanto, coincidiu com o confinamento dos países à medida que a doença tomava conta dos países.

Houve cidades onde os valores foram de facto muito notórios. Povoações como Singapura e Nova York, dentro das áreas densamente povoadas, mostraram valores incríveis. Também foram observadas diminuições do ruído em áreas remotas como a Floresta Negra da Alemanha e Rundu na Namíbia.

Houve redução em muitos lados do ruído sísmico ambiental de alta frequência (hiFSAN, em inglês) de 50%. Estes valores nunca em altura nenhuma foram registados até hoje, conforme revela o artigo publicado na revista científica Science. Apesar de estarmos a viver um tempo de grandes dificuldades globais, a COVID-19 também mostrou algo que não conhecíamos no nosso globo.

 

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