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Cientistas da OMS na China para investigar comércio de animais selvagens

Não é segredo para ninguém que a China possui vários locais de comércio de animais selvagens. Aliás, muitas teorias ditam que a atual pandemia surgiu daí mesmo. Assim, a fim de perceber a origem desta e para que outras se evitem, investigadores acreditam que é necessário um minucioso estudo aos vários comércios de animais selvagens, na China.

Nesse sentido, a Organização Mundial de Saúde (OMS) enviou cientistas à China, antes de ser enviada uma equipa internacional maior, para investigar a origem do vírus.


OMS em busca pela origem da pandemia

Tendo como objetivo perceber a origem real do vírus que provoca a COVID-19, foi enviada uma equipa de cientistas para a China. Ali, a equipa está a trabalhar em colaboração com a comunidade científica da China, a fim de saber quais as investigações necessárias e por onde devem procurar.

De acordo com Michael Ryan, diretor do programa de emergências da OMS, o local ideal para o começo desta investigação é Wuhan. Isto, porque foi a cidade onde surgiram os primeiros casos de pneumonia atípica.

O objetivo da missão é aumentar a compreensão face aos animais hospedeiros de COVID-19 e verificar como a doença saltou entre animais e humanos.

Disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, numa conferência de imprensa virtual.

Os investigadores acreditam que o foco deve ser direcionado para as atividades associadas ao comércio de animais selvagens, na China, sejam elas legais ou ilegais. Assim, incluem na sua rota áreas de caça, armazéns, quintas e mercados.

Todas as partes da cadeia da vida selvagem precisam de ser investigadas. Precisamos de estudar qualquer espécie animal selvagem ou de criação que possa estar em contacto próximo e frequente com os seres humanos, na China.

Revela Alice Latinne, bióloga da Wildlife Conservation Society Vietnam, em Hanoi.

Foto: National Geographic

Comércio de animais selvagens como a fonte do vírus que originou a pandemia

É (quase) unânime entre os investigadores que o vírus SARS-CoV-2 teve origem em morcegos Rhinolophus. Contudo, o percurso até chegar e infetar seres humanos continua a ser uma incógnita. Isto, porque o vírus podia ter saltado diretamente dos morcegos para os humanos e ter evoluído para a atual estirpe ou podia ter passado dos morcegos para outro animal que, posteriormente, passou aos humanos.

Pese o facto de o comércio de animais selvagens permite o contacto entre diferentes animais e desses animais com as pessoas. Assim, oferece as condições perfeitas à passagem de um vírus de umas espécies para as outras.

No início da pandemia pensava-se que os pangolins eram o possível hospedeiro da SARS-CoV-2. Contudo, o vírus encontrado neste animal era muito diferente do vírus que causou a pandemia. Assim, a opção é que os pangolins encontrados na China, e outrora analisados como possíveis responsáveis pela pandemia, foram expostos a coronavírus no transporte para o seu destino final, depois do comércio de animais selvagens, e não na natureza.

Assim sendo, os pangolins podiam ter sido infetados, com o SARS-CoV-2, por humanos ou por outros animais, durante o seu tráfico. Por isso, os investigadores devem agora analisar as circunstâncias em que os pangolins foram apanhados, onde estiveram alojados e se as pessoas envolvidas no comércio de animais selvagens têm anticorpos de coronavírus.

Dessa forma, e sendo que o pangolim não foi o responsável pela pandemia, seria mais fácil encontrar um vírus próximo ao SARS-CoV-2, que tenha sido o efetivo responsável.

Um vírus no mercado de animais selvagens é como “procurar uma agulha num palheiro”

As investigações da OMS deviam incluir outros animais habitualmente caçados no sul da China, especialmente pequenos carnívoros e roedores. Além disso, segundo Latinee, deviam também estudar os morcegos da península meridional de Yunnan, pois é um ponto de encontro dessa espécie e é onde foi encontrado o vírus mais próximo do SARS-CoV-2, o RaTG13.

De acordo com Alice Hughes, bióloga da China Biodiversity Conservation and Green Development Foundation, em Yunnan, as investigações devem ir para além da China, uma vez que os animais selvagens desconhecem fronteiras. Assim, pessoas e animais de países vizinhos podem contactar com as espécies vindas da China.

Apesar de a investigação ser totalmente focada na origem da pandemia, os investigadores devem estar preparados para não encontrar nada, porque é, de facto, muito difícil, tendo em conta o tamanho da Ásia.

 

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