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Buraco misterioso continua a aumentar na Antártida

Desde que a Terra começou a ser “vigiada” por satélites, alguns factos puderam ser percebidos pelos cientistas. Contudo, também foram descobertos muitos outros enigmas que ainda hoje estão por explicar. Assim, em 1970, quando os satélites começaram a tirar fotografias ao planeta, os investigadores notaram um misterioso buraco no mar de Lazarev, na Antártida. No verão, a lacuna desapareceu e, durante décadas, o acontecimento não foi explicado.

Este buraco parece ter voltado e cresceu de forma bem visível, atualmente mede mais de 9500 quilómetros quadrados.


Cicatrizes de tempestades marcadas no gelo

Há um ano e meio, durante os meses mais frios de inverno do continente,  quando o gelo deveria estar mais denso, um gigantesco buraco de 9500 quilómetros quadrados apareceu de repente no mesmo bloco de gelo já referenciado nos anos 70. Dois meses depois, esse buraco cresceu 740%, antes de, mais uma vez, recuar com o gelo do verão.

Demorou décadas, mas os cientistas pensam que finalmente entendem a razão deste acontecimento. Recorrendo às observações de satélite e dados de reanálise, os investigadores da Universidade de Nova Iorque em Abu Dhabi (NYUAD) descobriram que estes buracos efémeros, conhecidos como polínias, parecem ser cicatrizes de tempestades ciclónicas.

 

Brocas que perfuram o gelo da Antártida

Em setembro de 2017, quando o ar quente e o ar frio colidiram no Polo Sul, os autores explicaram que os ventos internos de um ciclone – atingindo 117 quilómetros por hora e ondas de 16 metros de altura – empurraram o bloco de gelo da Antártida em todas as direções e longe do olho da tempestade.

Contudo, embora as imagens de satélite pareçam dramáticas, a polinia resultante não é necessariamente algo negativo. Na verdade, essas perfurações geladas podem ser importantes, pois funcionam como uma porta entre o oceano e o céu. Assim, estes orifícios oferecem caminhos cruciais para a vida selvagem, incluindo focas e pinguins, e fornecem habitat para o fitoplâncton.

Estas lacunas são poderosos influenciadores da atmosfera e um indicador potencial de mudança climática.

Uma vez aberta, a polínia funciona como uma janela através do gelo marinho, transferindo enormes quantidades de energia durante o inverno entre o oceano e a atmosfera.

Referiu a cientista atmosférica Diana Francis, autora principal do estudo publicado na revista Journal of Geophysical Research: Atmospheres.

Devido ao seu grande tamanho, as polínias do meio do mar são capazes de ter impacto no clima regional e globalmente, à medida que modificam a circulação oceânica.

Concluiu a cientista.

A gama de fatores que estes furos podem influenciar de repente é surpreendente. No entanto, existe o risco elevado deles ocorrerem com mais frequência. Em climas mais quentes, investigações anteriores indicam que a atividade do ciclone nos polos da Terra só se intensificará, e os ciclones extratropicais (vulgo ciclones de latitude média) aproximar-se-ão cada vez mais da Antártida.

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