Oumuamua e Borisov são os dois únicos objetos interestelares que foram “avistados” a passar pelo Sistema Solar. O primeiro foi descoberto a 19 de outubro de 2017. Na altura, este enigmático asteroide foi mesmo alvo de especulação quando foi referido por alguns investigadores poder tratar-se de uma nave alienígena encalhada. Posteriormente, a 30 de agosto de 2019, um astrónomo amador, Gennady Borisov, descobria aquele que era o segundo viajante vindo de muito longe.
Agora, os astrónomos estão quase certos de que o 2I/Borisov é um cometa e que se parece bastante com os cometas que temos no “nosso bairro cósmico”. No entanto, o corpo acaba de proporcionar uma surpresa: começou a dividir-se em dois. Como já foi previsto, é provável que tenha chegado até aqui para “morrer”.
Cometa “partiu-se” em dois no caminho da sua morte
As imagens do telescópio espacial Hubble do objeto interestelar mostram uma mudança distinta na aparência deste cometa único. Segundo os registos de 23 de março, é percetível um único núcleo com brilho interno, como se viu em todas as imagens Hubble anteriores do 2I/Borisov.
Contudo, foram nestas imagens que apareceu posteriormente uma novidade. No dia 30 de março novas imagens deram conta que existem agora “dois componentes não resolvidos separados por 0,1 segundos de arco (180 quilómetros à distância do cometa) e alinhados com o eixo principal do maior ponto de detritos”. Ou seja, existem dois organismos distintos.
A dupla aparência, que indica a ejeção de um fragmento do núcleo, é confirmada nos dados de Hubble de 28 de março. Estas imagens foram publicadas na sua conta do Twitter pelo utilizador Astropierre.
La comète 2I/Borisov, première comète détectée à provenir d’en-dehors du Système solaire et découverte l’année dernière, aurait commencé à se scinder en deux la semaine dernière.https://t.co/gM3N0W0vqM pic.twitter.com/L6qmq4pXXJ
— astropierre (@astropierre) April 3, 2020
Borisov, o cometa que é 14 vezes maior que a Terra
Segundo vários cientistas do The Astronomer’s Telegram, se a ejeção ocorreu em 23 de março, então a velocidade estimada do plano do céu é de 0,3 metros por segundo, um valor típico das velocidades de separação observadas em cometas divididos (sistema solar) e comparáveis à velocidade gravitacional de fuga do núcleo de raio de subquilómetro do 2I/Borisov.
A 12 de março, já tinham sido registadas explosões no núcleo do cometa. Tal fenómeno seria causado pela abordagem de Borisov ao Sol. Portanto, esta tem sido uma possibilidade que os cientistas têm considerado desde a sua aproximação à nossa estrela em dezembro.
O que está a acontecer com Borisov será possivelmente o que acontece a todos os cometas. Tendo em conta que são um corpo formado a partir de detritos espaciais congelados, ao passar perto de uma fonte de calor, a reação é a da interação desse calor com o seu gelo.