Pode parecer um pouco arriscado dizer que os astrónomos conhecem já muito bem o Sol. Mas, certas particularidades da atividade da nossa estrela foram previstas na semana passada e efetivamente estão a acontecer. Conforme foi dado a conhecer, os cientistas previram o aparecimento de uma grande mancha solar e ela pode já ser observada.
Como a vida na Terra depende do Sol, a nossa estrela cada vez tem mais olhos e mais tecnologia a vigiar e a observar tudo o que por lá acontece. A grande mancha que agora apareceu é um motivo de investigação.
Já conhecemos bem o Sol?
Na semana passada, cientistas do National Solar Observatory (NSO) previram que iria aparecer uma grande mancha solar antes do 26 de novembro (por acaso, para os americanos a data é comemorada como o Dia de Ação de Graças). Assim, a mancha solar – AR2786 – está efetivamente à vista. Então como conseguiram prever este fenómeno no Sol?
Conforme demos a conhecer, o 25.º ciclo solar já começou. Depois do ciclo 24 trazer 11 anos de uma estrela calma e sem grandes motivos de preocupação, o ciclo vigente será ligeiramente mais atribulado. Aliás, apesar deste 25.º não ser tão agressivo, isso não significa que seja “isento de riscos”.
O que não se sabia era que certos pontos e manchas no Sol poderiam ser previstos.
Ao ouvir o Sol, descobriu-se o local onde iria aparecer a mancha AR2786
Na semana passada, no dia 18 de novembro de 2020, cientistas do NSO previram que um grande novo grupo de manchas solares surgiria esta semana. Conforme podemos ver na imagem em baixo, o local foi apontado com exatidão onde a marcha AR2786 iria surgir.
Os cientistas descobriram o lugar através da utilização de uma técnica desenvolvida na NSO na década de 1990, conhecida como heliosismologia. É uma forma de “ouvir” as mudanças das ondas sonoras do interior do Sol.
A sismologia aqui na Terra mede as ondas sonoras que viajam pelo interior da Terra para revelar o que não podemos ver abaixo da superfície da Terra. Da mesma forma, a heliosismologia pode destacar estruturas no Sol que ainda não podem ser vistas da Terra. Milhões de frequências de som saltam livremente por todo o interior do Sol, como um sino. Regiões de campos magnéticos fortes perturbam com estas ondas sonoras, portanto, uma mudança nas medições do sinal de onda indica que manchas solares podem estar presentes.
Explicaram numa declaração os cientistas.
Esta mancha é visível de todo o nosso planeta. O ponto negro gigante AR2786 terá uma visão ainda melhor nos próximos dias, conforme o Sol gira.
Tempestades solares são distúrbios no Sol cujos efeitos se movem através do nosso sistema solar, às vezes atingem a Terra. Estas atividades tendem a ter origem na mesma região do Sol onde estão as manchas, especialmente em manchas solares grandes e complicadas como a AR2786.
Tempestades solares são normais no nosso astro
Apesar de sermos bombardeados, a atmosfera da Terra protege a vida terrestre dos efeitos das tempestades solares. Contudo, a atividade solar afeta as tecnologias humanas.
Quanto mais emaranhado o campo magnético, mais provavelmente resultará em grandes erupções solares e ejeções de massa coronal que, por sua vez, podem resultar em efeitos na Terra. Isso inclui impactos nas comunicações, GPS e possivelmente nos sistemas de rede elétrica.
Explicaram os cientistas da NSO.
Portanto, quando ocorre uma mancha solar como a AR2786, os cientistas solares e outros observadores do Sol começam a procurar as tempestades e explosões solares repentinas e brilhantes que as acompanham. Esta atividade no Sol cria o que é chamado de clima espacial.
As condições do Sol, do vento solar e da magnetosfera, ionosfera e termosfera da Terra que podem influenciar o desempenho e a confiabilidade dos sistemas tecnológicos terrestres e espaciais e podem colocar em risco a vida ou a saúde humana.
Referiu a NASA.
De acordo com o site SpaceWeather.com, a mancha solar menor AR2785, que está perto de AR2786 na estrela, já produziu uma erupção solar de classe C4, no final do dia 23 de novembro.
A explosão lançou uma nuvem de plasma a mais de 350.000 km de distância do Sol. O Observatório Solar Dynamics da NASA registou o splashdown.
Um pulso de radiação ultravioleta de AR2785 atingiu a Terra. De forma breve, o evento ionizou o topo da nossa atmosfera. Isso, por sua vez, causou um apagão de rádio de ondas curtas no Pacífico Sul, incluindo o leste da Austrália e toda a Nova Zelândia. As frequências afetadas foram principalmente abaixo de 10 MHz.
Relatou a SpaceWeather.com.
Mais tempestades poderão chegar em breve à Terra
Segundo a NASA, estão a caminho do nosso planeta mais erupções solares. Três das maiores manchas solares do jovem Ciclo Solar 25 (AR2783, AR2785, AR2786) estão voltadas para a Terra ou a virar-se na nossa direção. Todas elas representam uma ameaça.