Quando pensamos no Sistema Solar, tendemos a pensar que o Sol está no centro de tudo. Contudo, para os cientistas, é claro que o centro gravitacional não se localiza no meio exato do sol. Aliás, situa-se fora dele, próximo da sua superfície. Pelas influências gravitacionais a que o universo está exposto, tem sido um desafio perceber onde fica exatamente o baricentro.
Agora, uma equipa internacional de astrónomos conseguiu reduzir a localização do centro gravitacional a cerca de 100 metros.
Sistema Solar: Pulsares são o segredo da investigação
Uma equipa internacional de astrónomos descobriu, através de um software especialmente concebido para esta investigação, o baricentro do nosso Sistema Solar e diminuiu a margem de erro da sua localização para 100 metros. Tudo se resume aos pulsares do sistema. Ou seja, estrelas mortas que podem girar extremamente rápido, em milissegundos, disparando feixes de radiação eletromagnética, a partir dos seus polos.
Estes pulsares são úteis para várias coisas. Nos últimos anos, observatórios como o North American Nanohertz Observatory for Gravitational Waves (NANOGrav) começaram a usá-los para procurar ondas gravitacionais de baixa frequência. Isto, porque estas deveriam causar distúrbios muito subtis no momento de toda uma série de pulsares pelo céu.
Um dos problemas são os eventuais erros de cálculo quanto à posição da Terra, em relação ao baricentro do Sistema Solar. Isto, porque afetam as medições dos pulsares e, consequentemente, a procura e investigação das ondas gravitacionais de baixa frequência.
Outro problema é Júpiter, porque tem o mais forte efeito gravitacional sobre o Sol. Além disso, apesar de ser conhecido o tempo que Júpiter demora a orbitar o sol (cerca de 12 anos terrestres), o conhecimento sobre a órbita não é total.
BayesEphem: um software à medida
Anteriormente, estes estudos sobre a localização do baricentro não chegaram a nenhuma conclusão concreta, uma vez que era muito possível a existência de erros que iam induzir a existência de ondas gravitacionais.
Não estávamos a detetar nada de significativo nas nossas investigações de ondas gravitacionais. Mas havia sempre contrassenso nos nossos cálculos.
Disse a astrónoma Michele Vallisneri do Jet Propulsion Laboratory da NASA.
É aqui que o software da equipa de investigação aparece. De nome BayesEphem, foi concebido para moldar e corrigir essas ondas incertas na órbita do Sistema Solar, em particular Júpiter.
Assim, unindo o software aos dados que já existiam, conseguiram estabelecer um novo limite no fundo da onda gravitacional e melhorar as estatísticas de deteção. Dessa forma, foram capazes de calcular, de forma mais precisa, o baricentro do Sistema Solar.