Uma equipa de astrónomos norte-americanos descobriram um raro exoplaneta com muitas similaridades a Júpiter, mas sem nuvens nem neblina na atmosfera. Este é o segundo corpo celeste deste tipo observado pelos cientistas.
O corpo celeste WASP-62b encontra-se a 575 anos-luz de distância do nosso planeta. Este astro tem aproximadamente metade da massa de Júpiter.
WASP-62b orbita a sua estrela WASP-62 de classe F
Os exoplanetas livres de nuvens são extremamente raros. Os astrónomos estimam que menos de 7% dos exoplanetas têm atmosferas claras. Por exemplo, o primeiro e único outro exoplaneta conhecido com uma atmosfera límpida, WASP-96b, foi descoberto em 2018.
Os astrónomos acreditam que estudar exoplanetas com atmosferas sem nuvens pode levar a uma melhor compreensão de como estes foram formados.
A sua raridade sugere que está a acontecer algo mais ou que eles formaram-se de uma maneira diferente da maioria dos planetas.
As atmosferas claras também tornam mais fácil estudar a composição química dos planetas, o que pode ajudar a identificar do que um planeta é feito.
Referiu Munazza Alam, astrónomo do Harvard & Smithsonian Center for Astrophysics.
O planeta agora alvo de investigação, o WASP-62b, foi detetado pela primeira vez em 2012 pela WASP (uma organização académica internacional que realiza buscas automatizadas de planetas extrassolares através do método de trânsito astronómico).
Um exoplaneta que está a 575 anos luz da Terra
O planeta orbita WASP-62 é uma estrela do tipo F localizada a 575 anos-luz de distância na constelação de Dourado. Este mundo alienígena tem cerca de metade da massa de Júpiter e orbita a sua estrela hospedeira uma vez a cada 4,4 dias, a uma distância de 0,06 UA.
Usando o telescópio espacial Hubble da NASA/ESA, Alam e os seus colegas registaram dados e observações do WASP-62b. Para isso, recorreram à espectroscopia, o estudo da radiação eletromagnética para ajudar a detetar elementos químicos.
Os astrónomos monitorizaram especificamente o planeta enquanto este passava três vezes na frente da sua estrela hospedeira, oferecendo observações de luz visível, que podem detetar a presença de sódio e potássio na atmosfera de um planeta.
Admito que no começo não estava muito animado com este planeta. Mas assim que comecei a examinar os dados, fiquei animado.
Disse o investigador Munazza Alam.
Embora não houvesse evidência de potássio, a presença de sódio era notavelmente clara. Os investigadores foram capazes de visualizar as linhas de absorção de sódio completas nos seus dados, ou a sua impressão digital completa.
As nuvens ou neblina na atmosfera obscureceriam a assinatura completa do sódio, e os astrónomos normalmente só conseguem perceber pequenos indícios de sua presença.
Esta é a prova definitiva de que estamos a ver uma atmosfera clara.
Concluiu Alam.
O estudo foi publicado no Astrophysical Journal Letters.