No mercado da tecnologia a palavra impossível não existe. Aliás, ao longo dos anos até as leis da física são desafiadas. Um dos “impossíveis” que a Apple quis impor foi a substituição dos ecrãs por substitutos não certificados que acarretava a perda da função Face ID. Ora, um vídeo agora lançado mostra-nos que é possível substituir o ecrã do iPhone 13 e não perder o Face ID. Contudo, há aqui indícios do que a Apple poderá estar a preparar para um futuro próximo.
No vídeo são usados ecrãs originais, mas de dispositivos diferentes. O que acontece é que há um chip que identifica a alteração e bloqueia o Face ID. No entanto, há volta a dar!
Na semana passada, surgiu a informação que para garantir a proteção do equipamento a Apple implementou medidas que desativavam o Face ID se houvesse troca do ecrã sem ser num reparador oficial e com material certificado.
Mas será que o iPhone 13 de facto identifica os ecrãs?
No vídeo realizado pelo canal Phone Repair Guru, foi avaliado um possível processo de reparação do ecrã do iPhone 13, tentando trocar o microfone, o sensor de luz ambiente e o sensor de proximidade. Com todas estas alterações o iPhone 13 continuou a funcionar sem qualquer problema, como esperado. O pior foi quando trocaram o ecrã principal do smartphone da Apple. Desse momento em diante, o Face ID deixou simplesmente de funcionar.
Um outro canal, o iCorrect, uma oficina não autorizada Apple, do Reino Unido, provou que é possível substituir o ecrã do iPhone 13 sem perder o Face ID, mas, na verdade, é um processo muito sofisticado e complicado.
Além de explicar no vídeo que fez no seu canal do YouTube, publicou no seu blog a explicação para o Face ID deixar de funcionar no iPhone 13 na substituição do ecrã. Além disso, explica o contexto desde que a Apple introduziu esta tecnologia com o iPhone X:
A partir da nossa investigação, o iPhone comunica com o ecrã através de um microchip incorporado no ecrã. Este microchip de ecrã é um circuito integrado (um conjunto de componentes eletrónicos fabricados numa única unidade) responsável pela tradução do seu toque analógico (o seu dedo pressionando no ecrã criando um sinal analógico) para um sinal digital (para o seu iPhone compreender, uma vez que o seu iPhone é um mini-computador e não compreende sinais analógicos)
(…) O CI do ecrã do iPhone 13 não só funciona agora como um ADC, permite o True Tone, transporta uma ROM para a mensagem não genuína, mas também comunica agora com a identificação facial. Acreditamos que esta comunicação com o Face ID é um bug no iOS15. Mas mostra-nos um vislumbre de quão mais complexo o CI do ecrã vai ser no futuro. Esperamos que as próximas gerações de iPhone contenham 2 biometrias no Face ID & no ecrã Touch ID. Esperamos que no futuro, ao substituir um ecrã, desative o Touch ID no ecrã.
Portanto, a empresa levanta um pouco o véu sobre o que eventualmente a Apple poderá estar a preparar para o próximo ecrã. Este que dizem trazer um sensor de impressão digital incluído no próprio display.
Do direito a reparar à segurança imposta pela Apple
Tudo isto vai contra a lei Direito a reparar. Uma lei que se tenta a todo o custo aprovar globalmente, por forma a permitir que outras empresas, para além da empresa que lança o produto, possam reparar o mesmo.
No entanto, a iCorrect tem uma perspetiva diferente da razão pela qual a empresa Cupertino é tão exigente com as oficinas de reparação de terceiros:
Na minha opinião, e é algo que não posso comentar a toda a indústria, é que esta não é uma luta com reparação de terceiros, esta é a luta da Apple com a China. Nós, como consumidores e reparadores, somos apenas apanhados no meio. A Apple desenha tecnologia bonita fora e dentro, eles têm-na produzida na China, que depois desmontam a tecnologia e fabricam peças alternativas.
A Apple está a utilizar o seu próprio génio contra os chineses, bloqueando as peças de reposição. Infelizmente, isto também significa que eles também bloqueiam a utilização das suas próprias peças. Este génio dos grandes fabricantes de tecnologia pode ser visto como controlo através da serialização das peças, tal como discutido hoje.
Esta manobra para desativar a identificação facial foi originalmente vista como uma manobra de xeque-mate pela Apple, mas hoje tenho o prazer de informar que isto é apenas uma verificação.
Portanto, o que está aqui a ser dito, por um reparador, é que a Apple quer defender-se da contrafação proveniente da China. Uma política que depois apanha pelo meio todos os outros reparadores, uns que usam material certificado, mas muitos que recorrem a peças baratas produzidas na China sem a qualidade e segurança do produto exigido.