Depois de o governo francês proibir a Apple de vender o iPhone 12 no país, tendo em conta os níveis acima do permitido de radiação, a empresa americana anunciou hoje que será disponibilizada uma atualização de software para utilizadores do iPhone 12 em França.
O governo francês recebeu positivamente a medida e afirmou que a atualização de software seria rapidamente testada e permitiria que as vendas do modelo relativamente antigo, lançado em 2020, fossem retomadas.
A Bélgica, que na quinta-feira anunciou que estava a avaliar igualmente os potenciais riscos para a saúde ligados ao iPhone 12 na sequência da suspensão em França, também acolheu a medida, mas afirmou que continuaria a sua própria revisão do telefone e de outros modelos.
Mas o que se passa de facto com o iPhone 12?
Segundo o que foi reportado no passado dia 13 de setembro, investigadores franceses conduziram um grande número de estudos ao longo das últimas duas décadas para avaliar os riscos para a saúde dos telemóveis. Os resultados mostraram que a taxa de absorção específica (SAR) deste smartphone era ligeiramente superior ao permitido legalmente em França.
Nesse sentido, a Apple recebeu uma notificação da ANFR no dia 12, a informar que o iPhone 12 excedeu ligeiramente o limite de Taxa de Absorção Específica (SAR). Por outras palavras, o telefone emite um pouco mais de ondas eletromagnéticas em relação à legislação:
O seu SAR é de 5,7 watts por quilograma, enquanto o limite é de 4 W/kg.
Especifica o ministro.
Apesar de haver equipamentos que possam, em certas circunstâncias ou momentos, exceder estes limites, a Organização Mundial de Saúde, refere que não foram estabelecidos efeitos adversos para a saúde causados por estes limites ultrapassados.
Segundo a própria entidade gaulesa, para resolver o problema basta uma atualização de software para estar em conformidade novamente.
Iremos emitir uma atualização de software para os utilizadores em França para acomodar o protocolo utilizado pelos reguladores franceses. Estamos ansiosos para que o iPhone 12 continue disponível em França.
Afirmou a Apple num comunicado.
Apesar de perceber e concordar com a necessidade de uma atualização, a Apple continuou a contestar as conclusões francesas sobre a radiação, afirmando que o iPhone foi certificado por múltiplos organismos internacionais como estando em conformidade com os padrões globais.
Isto está relacionado com um protocolo de teste específico usado pelos reguladores franceses e não é uma preocupação de segurança.
Referiu a empresa de Cupertino.
O Ministro dos Assuntos Digitais Francês, Jean Noel Barrot, que esteve em contacto regular com a Apple nos últimos dias, saudou a atualização de software.
A ANFR (reguladora francesa) está a preparar-se para testar rapidamente esta atualização.
Afirmou o seu ministério num comunicado, acrescentando que isso deverá colocar o modelo em conformidade com as normas europeias e permitir que França levante a suspensão das vendas.
Vem aí o iOS 17
A Apple constantemente disponibiliza atualizações de software para os seus dispositivos, principalmente para corrigir questões de segurança. Estas atualizações podem ser direcionadas para um modelo específico ou uma região. Apesar disso, esta correção poderá também ser disponibilizada no iOS 17, que será lançado já na próxima semana.
Além disso, o iPhone 12 foi já descontinuado após o lançamento do iPhone 15. Como tal, a Apple tem agora disponíveis a série iPhone 15, iPhone 14, iPhone 13 e iPhone SE.
Especialistas da indústria afirmaram que não existem riscos para a segurança, uma vez que os limites regulatórios, baseados no risco de queimaduras ou insolação devido à radiação do telefone, estão estabelecidos muito abaixo dos níveis em que os cientistas encontraram evidências de danos.
Um problema maior do que a suspensão das vendas teria sido um possível recall que a França tinha ameaçado fazer se a Apple se recusasse a emitir uma atualização de software.
As receitas da Apple totalizaram cerca de 95 mil milhões de dólares na Europa no ano passado, tornando a região a segunda maior, a seguir às Américas. Algumas estimativas indicam que a empresa vendeu mais de 50 milhões de iPhones no ano passado na Europa.