A Apple sempre se mostrou contrária à vontade do governo norte americano de aceder aos dados dos utilizadores, de todas as formas possíveis. O seu CEO revelou diversas vezes esta posição inflexível de protecção dos dados e a privacidade dos seus utilizadores.
Mas a verdade é que a Apple poderá ter estado a passar dados dos utilizadores durante anos, podendo mesmo ainda o fazer. O que o prova é um email revelado pelo Wikileaks. Mas há também novidades sobre outro caso.
A Apple tem estado debaixo de fogo e há certas evidência, sobre algumas posições da empresa de Cupertino, que mostram algum desconforto com revelações e mensagens recentes.
A mensagem em causa, que a Wikileaks revelou publicamente, foi enviada pela vice presidente da Apple, Lisa Jackson, ao coordenador de campanha de Hillary Clinton. Nela a VP da Apple garante que a empresa está a colaborar com o governo há já bastantes anos e que mensalmente envia dados de centenas de utilizadores e de dispositivos.
O fornecimento destes dados respeita as ordens dos tribunais, mas não impõe qualquer limite. Esta ideia vai contra tudo aquilo que tem sido mostrado por Tim Cook.
Apple VP to Clinton chief: "Strong encryption does not eliminate Apple’s ability to give law enforcement meta-data" https://t.co/xzbukwld9F pic.twitter.com/InbDGluW2D
— WikiLeaks (@wikileaks) October 26, 2016
O mais grave deste email é a afirmação de Lisa Jackson, que revela que a encriptação aplicada não retira a possibilidade de serem partilhados os dados dos utilizadores, nomeadamente metadata e outra informação de diversas categorias.
Apesar de ser um email de 2015, não existe qualquer certeza se esta atitude tenha mudado ou se continuam a fornecer esta informação de forma tão directa e expedita como é descrito no email.
O caso de San Bernardino mostrou uma faceta da Apple que agradou aos consumidores, que sentiram confiança na Apple e na protecção que dá aos seus dados. O CEO da empresa veio várias vezes a público mostrar que não iam pactuar com o governo e com a sua vontade de aceder aos dados. A verdade é que à luz deste email agora revelado, a posição da Apple pode não ser tão clara e isenta.
Condenado Hacker da fuga de fotos das celebridades nuas do iCloud
O caso remonta a Setembro de 2014 onde um ataque ao sistema cloud da Apple fazia aparecer na Internet fotos de celebridades nuas. Depois de várias teorias e de conspirações (que davam conta da intervenção de hackers russos neste acto) em volta de como teria sido possível entrar nestas contas das celebridades, o culpado foi encontrado. A Apple, contudo, mais que uma vez tinha descartado qualquer fragilidade no seu sistema, dizendo sempre que o ataque foi conseguido com recurso a alguma engenharia social.
O hacker que obteve acesso a inúmeras contas iCloud de celebridades, a fim de obter fotos de nudez, foi condenado a 18 meses de prisão. A publicação pública das fotos com as celebridades nuas foi inicialmente rotulado como um hack ao iCloud. Várias foram as teorias que apontavam para esse desfecho, mas muitos indícios também foram mostrando que com alguma engenharia social o atacante conseguiu com uma combinação de phishing, adivinhar as respostas para questões de segurança. A Apple desde o início que dava essa possibilidade como certa.
Ryan Collins foi formalmente acusado em Março passado por violação de informação privada. Embora Collins se tenha declarado culpado de acesso não autorizado à conta, não havia evidências que o ligassem às publicações das fotos.