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Análise: Xiaomi Mi Mix, do conceito à realidade

No lançamento de um novo smartphone de topo, seja de que marca for, é relativamente comum haver alguma expectativa no que diz respeito a novidades, na esperança de que esse novo modelo vá “reinventar a roda”, principalmente quando já circulam alguns rumores. Na verdade, no caso do Xiaomi Mi Mix, não circularam rumores e o seu aparecimento foi uma surpresa… e sim, podemos dizer que a “roda foi reinventada” e ficou ainda “mais redonda”.

O Mi Mix chega assim ao mercado como um smartphone que pretende mostrar as tendências tecnológicas futuras deste segmento, não apenas na Xiaomi mas também, certamente, transversal a muitos outros fabricantes. E fê-lo quase na perfeição.

Quem já segue a evolução dos smartphones há alguns anos, ou que pelo menos já leu alguns conteúdos acerca do Mi Mix, sabe que o ecrã “sem moldura” (incluindo a parte superior) não é uma estreia no mercado. Em agosto de 2014 a Sharp desenvolveu este conceito com o Aquos Crystal e 11 meses mais tarde lançou o Aquos Crystal 2 juntamente com o Aquos Xx. Houve várias razões para para que estes smartphones não tivessem vingado, desde o mercado muito restrito (apenas Japão e mais tarde EUA) à pouca expressão que a marca tinha no mercado de smartphones… e o resultado ficou à vista.

Em novembro de 2016, a Xiaomi revela então um “conceito” de smartphone, com maior área ocupada pelo ecrã, e disponibiliza-o ao público. Mesmo sendo a um preço bem elevado para o que a marca nos habituou, a procura superou a oferta e tem havido alguma dificuldade em repor stock em diversas lojas.

É claro que se não fossem as lojas online revendedoras chinesas que conhecemos, não haveria acesso a este smartphone fora da China, e para nós corria o risco de passar tão despercebido quanto um Sharp Aquos… mas a Xiaomi sabe do mercado paralelo e consegue tornar um smartphone adequado ao mundo inteiro.

 

1 – Características Gerais

Não faria sentido um smartphone com design inovador não trazer os melhores materiais e hardware disponíveis no mercado… e foi isso mesmo que a Xiaomi fez.

O Mi Mix coloca-se no topo a par com muitos outros smartphones Android, oferecendo um SoC Snapdragon 821 com o GPU Adreno 530, 4/6 GB de RAM e 128/256 GB de armazenamento interno, não expansível (seria necessário? 🙂 ). O ecrã é de 6,4″ com revestimento oleofóbico (o tipo de proteção não é conhecido), a traseira é de cerâmica (mais duro que o vidro), as câmaras são de 16 MP na traseira e 5 MP na frontal e a bateria é de 4400 mAh.

Em termos de conectividade, é um smartphone Dual-SIM, o que é algo sempre bem-vindo num smartphone de topo. Suporta 4G LTE Cat.12 (600Mbps) mas, tal como todos os smartphones construídos excclusivamente para o mercado chinês, não tem a banda 20 que é utilizada em vários países, Portugal incluído. Tem Wi-Fi ac, Bluetooth 4.2, NFC e GPS. Para desolo de alguns utilizadores, não tem rádio FM nem LED infravermelhos para servir de comando universal.

No que diz respeito a sensores, tem o sensor de impressões digitais atrás, abaixo da câmara (na frente não há mesmo espaço!), tem acelerómetro, giroscópio, bússola digital, barómetro e, de forma invisível e por detrás do ecrã no topo, tem o sensor de proximidade para que o ecrã desligue durante uma chamada… e funciona!

Na caixa

Especificações completas

Ecrã
    IPS 2.5D 6,4″ (2040 x 1080 píxeis), densidade ~362 ppi
    Ocupação do ecrã: ~83,6% (anunciado 91,3%)
Processador
    Snapdragon 821, CPU Quad-core (2×2,35 GHz Kryo & 2×1,19 GHz Kryo)
    Adreno 530
Rede
    GSM/HSPA/LTE
Sistema operativo
    Android 6.0 (Marshmallow), interface MIUI 8
Memória
    128 GB armazenamento e 4 GB RAM / 256 GB armazenamento e 6 GB RAM
Câmaras
    Principal (Traseira): 16 MP, abertura f/2.0, sensor OV16880 1/3.06″ (1,00 µm)
    Secundária (Frontal): 5 MP, abertura f/2.0
Dimensão e peso
    158,8 x 81,9 x 7,9 mm, 209 g
Conectividade
    Wi-Fi 802.11 a/b/g/n/ac
    GPS com A-GPS, GLONASS e BDS
    Bluetooth 4.2
    USB Tipo-C
    NFC
    (não tem Rádio FM)
Bateria
    Li-Ion 4400 mAh não removível
Preço

 

2 – Hardware e Design

O melhor do hardware com o melhor do design

Ninguém (que eu saiba) disse a frase citada acima, surgiu-me enquanto escrevia o texto, mas digamos que passa bem por um slogan verdadeiro, até porque tem muita verdade… bem, pelo menos alguma. E já que falei em “verdade”, vamos começar pelo que mais se destaca neste Mi Mix: ocupação de 91,3% da frontal pelo ecrã. Todos já sabiam disto, mas nem todos sabem que é mentira.

 

A estrutura

Na verdade, em termos de modelo de design, é ocupada realmente uma área de 91,3%, mas não foi isso que foi produzido. É facilmente percetível que, na zona onde a moldura é mais fina, no modelo gráfico a moldura é quase inexistente e na realidade tem cerca de 2 mm.

Na tabela seguinte, cujas medições foram feitas com uma simples régua (portanto sujeitas a algum erro), é possível tirar facilmente essas conclusões.

A imagem abaixo mostra isso com clareza.

Note-se que na parte inferior do Mi Mix real está presente a barra de navegação apenas com cor preta, que faz obviamente parte do ecrã (embora possa não parecer nesta foto).

Dado isto, não era realmente necessário anunciar os 91,3% quando os 83,6% reais faziam dele, ainda assim, o smartphone com maior aproveitamento da frontal existente no mercado. Mais, agora com os mais recentes rumores do Mi Mix 2, que apontam para um aproveitamento de 93%, certamente que vamos continuar a falar em termos de modelo de design e não de algo físico… o que é uma pena, Xiaomi.

Seja como for, o que realmente interessa é que estamos perante um smartphone com um enorme ecrã de 6,4″ cujo tamanho é idêntico aos smartphones de 5,5″ a 5,7″. Portanto, se acha que 6,4″ pode resultar num smartphone de tamanho enorme, basta comparar com os smartphones de 5,5″ a 5,7″ que conhece e verá o tamanho real do Mi Mix. Surpreendido?!

 

O design

O Mi Mix é uma obra com o “dedo” de Philippe Starck, um conceituado designer francês que atua em diversas áreas. A questão de ser “bonito” é sempre discutível, há divergência nas opiniões, e não me espanto de quem diga que acha o Mi Mix um smartphone feio.

Este smartphone foi construído com diversas restrições devido ao tamanho do ecrã que lhe foi colocado em conjunto com a generosa bateria, no entanto, isso pode ter-lhe prejudicado um pouco a identidade: trata-se de um paralelepípedo com arestas e cantos arredondados, ponto.

Ao pegarmos no smartphone, ignorando o facto de podermos sentir a câmara, o sensor de impressões e os botões, não sabemos se o ecrã está virado para nós ou para a palma da mão, pois não existe forma capaz de indicar isso. Todo ele é macio e frio, onde pelo tato não é possível distingui o ecrã da traseira e, ao tirar o smartphone do bolso sem a certeza da posição em que foi colocado, é preciso alguns instantes para perceber qual a posição correta para utilizar o smartphone.

De resto, é um smartphone que não deixa ninguém indiferente, principalmente quando o tamanho do ecrã parece enorme e, afinal de contas, é um smartphone com o tamanho da maioria.

Assim, olhando para cada pormenor, na parte de baixo está o microfone, a ligação USB Tipo-C e o altifalante. Na lateral direita encontra-se o botão de Power e os botões de volume, praticamente sem folgas e de cerâmica.

No topo está o jack 3,5″ e o microfone secundário e na lateral esquerda existe apenas o slot para os 2 cartões nano-SIM.

Na frente, em baixo, está o LED RGB de notificações e a câmara de 5 MP. Na traseira, em cima, está a câmara de 16 MP, o flash dual-LED (dois tons) e por baixo o sensor de impressões digitais. Mais abaixo está a inscrição a laser “MIX DESIGNED BY MI”.

 

Os materiais e a qualidade de construção

Numa palavra: irrepreensível

Não escapou um pormenor no detalhe da construção do Mi Mix. Tudo está bem alinhado, bem encostado, sem folgas ou desvios. Toda a traseira, a moldura, o sensor de impressões digitais e os botões laterais são de cerâmica, o material mais duro atualmente em smartphones a par com a safira. Esta será uma das razões do elevado preço neste smartphone.

A cerâmica tem o toque e brilho do vidro, espelhado, onde a cor não é propriamente um preto mais sim um cinza metálico, exatamente devido à grande capacidade de espelhar… e pode mesmo ser utilizado como um espelho.

A proteção do vidro do ecrã, embora não seja referida qual é, tem uma resistência a riscos semelhante à presente nos smartphones de topo, como o Galaxy S7, estando portanto enquadrado com o que de melhor existe no mercado.

Não há evidência de qualquer área plástica para melhor permitir propagação nas comunicações sem-fios, nem na traseira nem na moldura, o que pode sugerir que a cerâmica não tem o mesmo efeito que o metal no isolamento eletromagnético.

Fica de fora a capacidade de resistir à água.

 

Mas onde está o altifalante para chamadas?

Os mais atentos já terão certamente reparado que não existe o altifalante na parte superior do smartphone, para utilizar em chamadas junto à orelha. De modo a conseguir aproveitar toda a parte superior, houve mesmo necessidade de retirar o altifalante do local habitual, sendo substituído por um altifalante piezoelétrico que aproveita toda a estrutura para propagar o som.

O mecanismo funciona, não há dúvida disso. Embora seja possível ouvir em qualquer parte do smartphone, a qualidade é melhor junto à parte superior, como se esperava. No entanto, no geral, a qualidade é má.

Hoje em dia, qualquer utilizador de smartphone já fez uma chamada sobre a rede 3G. A qualidade de som assemelha-se a algo em alta-definição e, quando é feito o salto para 2G em condições de pouca cobertura de rede, há uma grande quebra na qualidade do som, nomeadamente nos agudos, tornando a perceção mais difícil. Identificou a situação? Ok, agora imagine que está sempre a ouvir em 2G: é assim que se ouve no Mi Mix.

Além da qualidade inferior, em ambientes de algum ruído (e não é preciso muito) torna-se extremamente difícil compreender quem fala do outro lado da chamada, simplesmente porque não é possível isolar o som diretamente para o ouvido, como se faz habitualmente com os altifalantes.

 

A câmara frontal na parte inferior

Outra consequência da ocupação da parte superior totalmente pelo ecrã, é a colocação da câmara na parte inferior. Sim, ao início é bastante estranho pegar no smartphone e ver a câmara colocada por baixo, mas o pior mesmo é tirar uma selfie com a câmara na parte de baixo: além da mão poder ser captada inadvertidamente, as fotos ficam estranhas, diferentes do habitual. Por essa razão, a aplicação Câmara está preparada para funcionar com rotação de 180º, ou seja, com o smartphone na posição em que a câmara frontal está na parte superior.

Aqui, nada de problemático. Basta rodar o smartphone, sem problemas, ou então capturar a foto com a câmara na parte inferior.

 

A resolução é 1080x2040 píxeis… porquê?

Como não existem botões físicos ou capacitivos na parte inferior do smartphone, logo abaixo do ecrã, tal como acontece com todos os smartphones Xiaomi, os botões de navegação (os chamados “Soft Keys”, com troca de aplicações, Home e retroceder) surgem no próprio ecrã, tal como acontece nos smartphones Nexus e em muitos outros smartphones de várias marcas. Ora, isso faz com que a área efetivamente útil no ecrã seja um pouco inferior, em cerca de 6%, mas isso no Mi Mix não acontece.

Para compensar o espaço ocupado pela barra de navegação, o ecrã tem mais 120 linhas de píxeis horizontais que as normais 1920, totalizando assim 2040 linhas. Isso faz com que o conteúdo FullHD possa ser visualizado integralmente com a presença simultânea da barra de navegação. Quanto a barra não é necessária, simplesmente é omitida automaticamente pela aplicação em utilização, ficado nesse local apenas um faixa branca ou preta, dependendo da aplicação.

 

“Estou a tocar no sensor de impressões digitais ou na câmara?”

Esta é uma questão com que me deparei (e deparo) ocasionalmente, na utilização do Mi Mix. Ao colocar o dedo na traseira do smartphone para desbloquear recorrendo à impressão digital, e tendo a traseira uma área considerável, por vezes perde-se a noção de onde se está a colocar o dedo… e acho que já expliquei tudo.

Por vezes estou à espera que o smartphone responda à deteção do dedo, e repito a tentativa, até que reparo que estou a colocar o dedo sobre a câmara e não sobre o sensor. A textura macia, a dimensão e a posição são praticamente idênticos entre a câmara e o sensor, apenas a profundidade é ligeiramente inferior na câmara, mas não o suficiente para perceber claramente que o dedo está a ser colocado sobre ela. Não é um problema grave, mas não abona a favor da usabilidade.

 

3 – Interface e desempenho

A interface MIUI 8 sobre o Android 6.0 Marshmallow

A interface MIUI é produzida pela Xiaomi e suportada também por uma enorme comunidade, pronta a colaborar no seu desenvolvimento. Atualmente, a versão mais recente é a MIUI 8, uma interface rica, desenhada ao pormenor, leve e muito bem otimizada.

Uma das particularidades desta interface é ser igual entre todos os diferentes dispositivos com MIUI 8, independentemente se a versão base do Android é a 4.4, 5.1, 6.0 ou 7.0 (ainda em Beta). Isso permite uma uniformização de utilização entre todos os dispositivos Xiaomi, o que leva a que os novos modelos não tenham qualquer diferença ao nível da interface e não causem problemas de adaptação para quem já é utilizador de um smartphone com MIUI.

No Mi Mix, dado o seu tamanho de ecrã, foi adicionado um botão no lado esquerdo da barra de navegação (círculo com ponto dentro) para facilitar a navegação por todo o sistema. Ao premir esse botão, surge um ícone flutuante no ecrã, que pode ser colocado do lado esquerdo ou direito, onde ao premir é dado acesso a vários botões de navegação, como Menu, troca de aplicações, bloquear ecrã, screenshot ou retroceder.

Quanto à utilização da interface, tudo é rápido, prático e simples, sem nada a apontar.

 

O problema dos idiomas

Um dos problemas mais frequentes com smartphones Xiaomi prende-se com o idioma. Devido a não haver distribuição oficial para Portugal, o idioma Português de Portugal (ainda) não está incluído nas ROMs fornecidas pela Xiaomi nos smartphones recentes, trazendo apenas os idiomas chinês e inglês.

No entanto, para smartphones já com a versão Global disponível (que não é o caso do Mi Mix), espera-se que o idioma PT-PT seja disponibilizado de forma oficial em breve, permitindo assim que acabem as restrições de idioma e os constrangimentos de ter de alterar a ROM.

Enquanto isso não acontece, poderá ser instalada a ROM multi-idiomas, já disponível na comunidade Xiaomi.eu. Em breve explicarei como fazer essa instalação em qualquer smartphone Xiaomi.

 

Desempenho

O Mi Mix, à semelhança do Mi 5s Plus, traz o Snapdragon 821 no seu auge, com dois núcleos a 2,35 GHz e outros dois a 2,19 GHz. A experiência de utilização é reveladora disso mesmo, onde tudo responde de forma rápida e fluída, bastante otimizado e sem problemas de instabilidade ou crashes durante cerca de 6 semanas de utilização diária e contínua, como smartphone principal.

Com 4 GB de RAM disponíveis no modelo em análise, não foi notado qualquer problema na troca ou abertura de aplicações, sem engasgos nem lentidões intermitentes, respondendo sempre prontamente a todos, mas mesmo todos os pedidos. Tendo isto em conta, não parece que a versão com 6 GB de RAM possa trazer melhorias significativas no desempenho do smartphone, pelo menos por enquanto. Quanto a temperaturas, o Mi Mix é muito fresco, notando-se apenas um toque ligeiramente morno em situações de utilização prolongada da câmara ou de um jogo mais pesado.

No que diz respeito a testes de benchmark, foram obtidos os seguintes resultados:

AnTuTu Banchmark 6.2.7: 152276 Geekbench 4

Quanto ao sensor de impressões digitais, mais uma vez revela-se muito rápido e eficiente, à semelhança do Redmi Note 4 e Mi 5s Plus. É um sensor convencional e, como se costuma dizer, “em equipa vencedora não se mexe”. Ao contrário do que aconteceu com o Mi 5s, onde a utilização de um outro tipo de sensor causou alguns problemas na eficiência com que o dedo é reconhecido, no tipo de sensor presente no Mi Mix, mal o dedo toca no sensor, o smartphone desbloqueia imediatamente, sendo o sensor mais prestável até agora testado por nós.

O alcance Wi-Fi do Mi Mix é excelente e a estrutura em cerâmica parece não influenciar em nada a prestação das redes sem-fios, conseguindo um desempenho acima da média, semelhante ao de um computador portátil, que geralmente é sempre superior a qualquer smartphone.

Note-se que a ROM utilizada é a versão modificada pela loja Gearbest, com serviços Google e idiomas adicionais, e não tem qualquer tipo de problema.

 

4 – Câmaras

O Mi Mix estreia um sensor na Xiaomi, o OmniVision OV16880 de 1/3.06″ (1,00 µm) na câmara traseira, um sensor cujas especificações ficam um pouco aquém relativamente ao melhor que existe atualmente no mercado, no entanto, o resultado obtido não desilude.

A abertura máxima é de f/2.0 e, infelizmente, não tem qualquer estabilização ótica (OIS) ou eletrónica (EIS), o que é uma pena. O estabilizador ótico de 4 eixos tinha excelentes resultados no Mi 5, tal como testámos aqui, mas estranhamente não foi utilizado em nenhum outro smartphone. Já no Mi 5s foi utilizada estabilização eletrónica (EIS) mas, embora funcionasse, o resultado era um pouco desagradável, onde por vezes era preferível não o usar.

Na verdade, no Mi Mix existe (supostamente) uma estabilização eletrónica que recorre ao giroscópio, mas que não parece sequer funcionar… bem, antes não funcionar, que funcionar mal.

No que diz respeito à qualidade de imagem, não impressiona mas não desilude. O resultado no geral é bom, o balanço de brancos é equilibrado, as cores são realistas e o alcance dinâmico (dynamic range) é muito competente, obtendo geralmente bons resultados sem a necessidade do HDR.

Quanto ao foco com toque no ecrã, a prestação foi muito boa, equiparada ao conseguido no Mi 5s Plus. Desde o Mi 4, depois o Mi 5 e mesmo o Mi 5s, sempre houve alguma dificuldade em focar corretamente pontos mais distantes, ficando sempre ligeiramente desfocado. Com o Mi 5s Plus isso não acontece e a focagem é feita onde realmente queremos, além de que está disponível o modo manual que permite maior controlo sobre a distância de foco.

A aplicação nativa Câmara é igual à já existente na generalidade dos dispositivos Xiaomi, com a funcionalidade adicional que permite a rotação de 180º no modo selfie. Quanto às outras funcionalidades, além das habituais como o HDR, modo panorama, modo áudio (disparo desencadeado por ruído), temporizador e modo inclinação (para capturar fotos sempre direitas), traz também o modo manual (com ajuste de brancos, foco, tempo de exposição e ISO), modo embelezar, modo quadrado, modo noite e foto de grupo (GroupShot) para as câmaras traseira e frontal. Não tem o modo RAW, que estreou no Mi 5s Plus.

De seguida estão alguns exemplos de fotos em vários ambientes.

  Download fotos e vídeos [412 MB]

 

5 – Autonomia

A luta por um dia de autonomia continua a ser feita por todos os fabricantes. A Xiaomi foi generosa no Mi Mix, colocando-lhe uma bateria de 4400 mAh, e os resultados superaram o esperado, principalmente por se tratar do mais rápido SoC Qualcomm com um ecrã de 6,4″, que naturalmente exige mais energia.

Note-se que a questão do “dia de autonomia” é subjetiva. O nível de utilização moderada pode diferir bastante entre utilizadores, não só porque depende muito das aplicações utilizadas e do tempo que são utilizadas, mas também de outras condições como a rede em utilização, brilho do ecrã, entre outros.

Na minha utilização normal das últimas semanas, onde foi utilizada entre 1h a 1h30 de ecrã por dia, foi possível chegar a 3 dias de autonomia em todos os carregamentos, ainda com 15~20% de capacidade restante. Essa prestação foi ainda superior ao conseguido com o Mi 5s Plus, que também se distinguiu no que diz respeito à autonomia.

Estamos assim perante um smartphone com excelente autonomia, capaz de conseguir um dia de utilização intensiva ou 2 dias com utilização alta.

No que diz respeito à velocidade de carregamento, tem carregamento rápido com velocidade superior à conseguida no Mi 5s Plus, com um incremento médio de 7% por minuto até aos 80%, o que é excelente para uma bateria de 4400 mAh. Dessa forma, em 30 minutos é possível atingir cerca de 50% de carga (começando nos 5%) e em 1 hora é possível chegar aos 80%.

 

6 – Veredicto

…do conceito à realidade

É real. É excelente. É uma peça única. Não é perfeito.

O Xiaomi Mi Mix é um smartphone de excelência, extravagante pelo seu ecrã – tendo em conta o tamanho da estrutura – e pelos materiais utilizados aliados ao hardware de topo na maioria dos componentes. No entanto, isso leva a que a usabilidade tenha sido um pouco sacrificada, como é o caso de não ser possível perceber rapidamente a orientação ao tirá-lo de um bolso ou por ter sido prejudicada a qualidade das chamadas devido ao altifalante piezoelétrico.

A dimensão é generosa, tendo em conta o tamanho de ecrã, que afinal de contas não ocupa 91,3% da área frontal mas apenas 83,6%. É um facto.

E com um tamanho destes, materiais mais pesados (cerâmica) e uma bateria de 4400 mAh, o peso faz-se sentir, atingindo 209 g. Não se nota exageradamente pesado, mas sim um peso enquadrado com o tamanho e com a peça que é.

A qualidade do ecrã é de topo, a todos os níveis, o desempenho está “encostado” aos melhores do mercado, tem um sensor de impressão digital bastante eficiente e rápido, o som é equilibrado, câmaras com bom desempenho, tem uma autonomia capaz de atingir os 3 dias, com carregamento muito rápido, tem capacidade para 2 cartões nano-SIM… e é uma peça única.

O preço é alto, não há dúvida disso, mas tendo em conta a tecnologia e os materiais que oferece, comparando com o que de mais caro existe no mercado, não podemos dizer que é muito caro. Este é um smartphone exímio, de luxo, e poder utilizar 2 cartões SIM e ter uma autonomia de 3 dias e um ecrã de 6,4″ num tamanho de 5,7″… digamos que é uma peça única.

Quanto à rede de dados LTE, tal como acontece na maioria dos smartphones Xiaomi, não é suportada a banda 20 (800 MHz) em utilização em Portugal fora dos grandes centros. Para a maioria dos utilizadores isso não é um problema, pois geralmente uma ligação 3G é suficiente.

Preço e Disponibilidade

O Xiaomi Mi Mix está disponível por menos de 600€, na versão de 256 GB, com stock limitado (envio sem alfândega Standard Shipping > Local Direct Express).

Pode ainda conhecer outros smartphones Xiaomi a excelentes preços.

Xiaomi Mi Mix

O Pplware agradece à Gearbest a cedência do Xiaomi Mi Mix para análise.

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