Análise: Xiaomi Mi Mix 2, muito mais que uma tendência

Todos os fabricantes estão a seguir o caminho dos smartphones sem margens, nas mais variadas gamas, o que poderá estar a levar a alguma saturação nos smartphones com esse tipo de design.

A Xiaomi foi quem começou a dar cartas e agora, um ano depois, com o “conceito” já bem enraizado, renova a sua aposta neste design… e nós comprovamos em primeira mão, em Portugal: está fantástico!

O novo Xiaomi Mi Mix 2 apresenta-se mais pequeno, mais leve, mais prático, mais rápido, mais refinado e a um preço de lançamento mais baixo que o antecessor.

Tem uma nova proporção de ecrã e uma construção redesenhada, num tamanho 12% mais pequeno, onde a moldura lateral é agora composta por uma liga de alumínio ultrafina e a traseira em cerâmica.

A remodelação no design trouxe também melhorias no som durante as chamadas, já que a solução encontrada para o primeiro Mi Mix, que utilizava o transdutor piezoelétrico, não se revelou numa boa opção. Assim, o novo altifalante foi adicionado no topo do ecrã de modo a interferir o mínimo possível com a moldura. Tudo isto e muito mais está escrutinado na nossa análise em vídeo.

Na caixa

O Mi Mix 2 faz-se acompanhar de uma caixa bastante mais cuidada que o habitual, onde é enaltecido todo o esforço por detrás desta criação numa mensagem assinada pelo CEO da Xiaomi, Lei Jun.

Dentro da caixa pode ser encontrado:

• smartphone Xiaomi Mi Mix 2
• carregador rápido QuickCharge 3.0
• cabo USB
• adaptador jack 3,5mm para USB C
• capa de proteção
• clip para abrir o slot dos cartões
• manuais em chinês

 

Design

O Mi Mix 2 traz um design renovado e pretende melhorar a experiência de utilização, tornando-se mais prático e confortável. O seu antecessor, o Mi Mix com ecrã de 6,4”, era um smartphone grande demais para a maioria dos utilizadores, trazendo alguns transtornos na sua utilização, motivados também pelo peso.

O ecrã é de 5,99” mas está numa carcaça com o tamanho vulgar de um smartphone de 5,5”, o tamanho mais popular atualmente no mercado. O ecrã fica assim a ocupar uma parte significativa da frontal, cerca de 81%, onde a margem superior é ligeiramente mais larga para dar espaço ao altifalante para chamadas, corrigindo assim o problema que existia no Mi Mix.

Na margem inferior encontra-se o LED de notificações e a câmara frontal. Uma vez mais, a câmara está colocada numa posição definitivamente imprópria para a finalidade, obrigado à rotação do smartphone, em 180 graus, para que as fotos se pareçam normais… mas nem todas as aplicações estão preparadas para isso.

A traseira é em cerâmica, na cor preto a fugir para o prateado escuro, onde a meio se encontra a inscrição da marca em dourado, que agora está presente em todas as versões do smartphone. O sensor de impressões digitais está logo acima, numa posição confortável, e a câmara encontra-se depois com uma saliência. Ao contrário do que acontecia com o primeiro Mi Mix, onde facilmente se confundia a zona da câmara para utilizar o sensor de impressões digitais, agora já são bem distintos ao tato.

Todas estas pequenas alterações pretenderam ajustar alguns problemas identificados no modelo anterior e, na minha opinião, com excepção na localização da câmara frontal, todos foram realmente melhorados.

O ecrã

Olhando atentamente para o ecrã, nos cantos é possível notar uma curva, a acompanhar a curvatura do chassis. Esse pormenor não prejudica a apresentação dos conteúdos mas é imediatamente notado, transparecendo a ideia de um acabamento de qualidade.

O tamanho do ecrã é assim adequado para o dia-a-dia, a intensidade de brilho é boa para ambientes de incidência direta de luz solar e o formato é mais panorâmica, tendo agora uma resolução de 1080 x 2160 píxeis que resulta numa proporção de 18:9, chamado de FullHD+. Relembro que no Mi Mix, a proporção era 17:9, numa resolução 1080 x 2040 píxeis.

Dado isto, e porque estamos a falar de um smartphone topo de gama, por que não nos brindou com uma resolução QuadHD? Será que (ainda) não se justifica acompanhar a concorrência?

Não seria uma estreia, até porque em 2015 a Xiaomi lançou o Mi Note Pro com resolução QuadHD, mas não repetiu a proeza.

 

Desempenho

Como não podia deixar de ser, o Mi Mix 2 traz o melhor SoC atualmente no mercado para smartphones Android, o Snapdragon 835 da Qualcomm. Está disponível com 6 GB de RAM nas versões de 64, 128 ou 256 GB de armazenamento interno, e com 8 GB de RAM numa totalmente em cerâmica, de edição limitada e disponível também em branco, mas apenas na versão de 128 GB.

Em termos de desempenho, como seria de esperar, é irrepreensível. Não se nega a nada e não faz esperar ninguém. A gestão de memória é boa, com toda a otimização da MIUI, e em termos de benchmarks temos pontuações enquadradas com o Snapdragon 835.

 

Hardware

Quanto a redes móveis, este é um smartphone Dual-SIM e tem compatibilidade com as frequências utilizadas em todo o mundo, o que significa que está pronto para utilizar não só com qualquer rede de voz com a melhor qualidade de som como também com as redes de de dados LTE. A largura de banda máxima, de acordo com a especificação LTE Cat.12, é de 600/150Mbps.

Não tem jack 3,5 e isso traduz-se… na reclamação do costume. Vai custar a habituar, principalmente enquanto tivermos acessórios com jack 3,5mm.

 

Autonomia

Em termos de autonomia, tem uma bateria de 3400 mAh, bastante inferior à do seu antecessor, de 4400 mAh. Isso não se revelou um ponto negativo, pois tem uma autonomia enquadrada com a maioria dos smartphones de topo, conseguindo entre 5 a 6 horas de ecrã em atividade mista, suficiente para 2 dias na minha utilização.

Correndo o teste de bateria do PC Mark para Android, conseguiu 9h22, contabilizado dos 80 aos 20%, utilizando o brilho a 50%.

Quanto à velocidade de carregamento, é muito semelhante ao Mi 6, que por sinal é o smartphone com carregamento mais rápido que testámos até agora. O Mi Mix 2 apenas se revelou um pouco mais lento entre os 20 e os 60%, mas acaba por ser muito idêntico.

Assim, em cerca de 30 minutos é possível aumentar a carga em 50%, levando cerca de uma hora para atingir os 90%.

 

Câmara

Na câmara, a Xiaomi não optou por uma câmara dupla tal como tem estado a acontecer também na maioria dos topos de gama de outros fabricantes.

Esta câmara traseira tem um sensor de 12 MP com tamanho 1/2.9″, com abertura f/2.0, estabilizador ótico de 4 eixos e flash LED de 2 tons. A app da câmara é a já conhecida da MIUI, com as funcionalidades habituais como HDR, modo panorama, modo foto de grupo, modo manual (com ajuste de brancos, foco, tempo de exposição e ISO), modo retrato, modo beleza para a câmara frontal, entre outros. O resultado final é bom… mas não impressiona.

Abaixo estão alguns exemplos de fotos captadas com o Mi Mix 2. Pode fazer o download dos originais aqui.

 

Software

Quanto ao software, traz naturalmente o MIUI, a interface da Xiaomi. Para quem não conhece, tem uma interface bastante diferente do Android base da Google, que pode ser mais difícil de utilizar para quem não está habituado, mas para quem já utilizou antes continua bastante fiel aos seus princípios.

Tem algumas funcionalidades interessantes como a QuickBall, que é útil num ecrã de maiores dimensões como este principalmente quando é utilizada apenas uma mão, onde podemos ter acesso aos botões de navegação em qualquer parte do ecrã.

Permite ter 2 ambientes de utilização totalmente distintos e também permite ter 2 instâncias para a mesma app. Permitirá também multi-janela com o MIUI 9, o tal modo chamado de split-screen mode, e claro, tem um sistema de backups como poucos smartphones Android têm.

Ainda o problema dos idiomas, algo que não se esperava encontrar num smartphone com tamanha compatibilidade de redes móveis por todo o mundo. No entanto, agora com a disponibilização da versão Global após o lançamento do Mi Mix 2 para o mercado indiano, espera-se que em breve surja uma atualização para uma ROM Global com o MIUI9, que por enquanto só está disponível na versão de desenvolvimento.

 

Veredicto

O Mi Mix 2 vem definitivamente corrigir os problemas que mais se evidenciaram no seu antecessor, estando agora num patamar mais elevado… mas ainda não chegou ao topo.

O acabamento em cerâmica é raro nos smartphones, caro de produzir, mas é 2 níveis mais resistente a riscos que o vidro com proteção Gorilla Glass 5 (de 6 para 8). A Xiaomi repetiu a aposta para o Mi Mix 2, embora já tenha colocado deste material também no Mi 5 e Mi 6. Quanto a outros fabricantes, apenas a Essential Phone o tem.

A compatibilidade alargada com redes LTE é um grande ponto positivo, sendo o smartphone mais abrangente de sempre no que diz respeito à compatibilidade com redes LTE… e nós tiramos vantagem disso. É ainda de destacar o som stereo que dá uma imersão muito mais interessante no consumo de conteúdos, tal como já aconteceu no Mi 6.

Contudo, este é um smartphone que ainda carece de características que começam a ser predominantes nos topos de gama, como a resistência a água e poeiras e o carregamento sem fios. Quanto à câmara dupla, conhecendo nós os bons resultados já existentes nos Mi 6 e Mi 5X, não faz sentido o Mi Mix 2 não a trazer. E é claro, a câmara frontal localizada em baixo é ainda um problema por resolver.