Análise FE (Xbox One)
De tempos a tempos surgem jogos diferentes. Jogos que, pelos seus conceitos ou dinâmicas de jogo, fogem aquilo que inunda o mercado e se colocam em níveis diferentes.
Desenvolvido pela Zoink Studios (Zombie Vikings) FE é precisamente um desses jogos. Um titulo que desafia o jogador a esquecer as guerras, as lutas ou as corridas no asfalto e nos conta uma história muda acerca de sobrevivência.
Nós já experimentámos FE.
Muitas vezes nos queixamos da inexistência de jogos que não sejam sempre sobre guerra, tiros, combates, corridas, ... certo? Pois, eis a resposta que existe vida além disso tudo.
FE é um jogo diferente. Trata-se de um jogo de plataformas bastante peculiar e que apela primordialmente ao sentimento e à liberdade sensorial de cada jogador.
Controlamos uma cria de um animal que se assemelha ligeiramente a uma pequena raposa e que se vê perdida numa estranha floresta repleta de mistério. Como qualquer cria só e assustada temos de descobrir uma forma de sobreviver e de encontrar o nosso caminho e para tal somos levados a percorrer este mundo maravilhoso e estranho, e interagindo com os seres vivos que nele habitam.
Ao inicio não nos é indicado muito mais sobre a história do nosso personagem mas o jogo, ao avançarmos, vai-nos revelando um pouco mais sobre nós e sobre este estranho mundo e sobre o que se passa nele. Contudo, muitas questões acabam por ficar por esclarecer...
Uma das curiosidades mais importantes para o jogo que a Zoink introduziu em FE foi o fato de não possuirmos nenhuma forma de interação com os animais e seres deste universo além da capacidade do canto. Sim, realmente é com o recurso a melodias que conseguimos fazer amizade com alguns dos seres que encontramos, ajudando-os e eles ajudando-nos por sua vez.
Contudo nada disto decorre de forma simples. Para poder comunicar com esses seres temos de descobrir a sua melodia e de a treinar. Cada um tem a sua forma de comunicar e essa é uma das belezas do jogo, o fato de comunicarmos com espécies diferentes de formas distintas e mais ou menos delicadas consoante a espécie. É uma mecânica simples mas eficaz no universo do jogo.
E na realidade, tudo neste mundo estranho reage ao canto do nosso personagem o que acaba por ter a sua própria beleza.
Os cenários por onde vamos avançando constituem um labirinto gigantesco no qual encontramos variados obstáculos para ultrapassar, baseando-se essencialmente em falésias, floresta, grutas e rios. Muitos desses obstáculos podem ser simplesmente rodeados enquanto que outros requerem algo mais. Por exemplo, muitas vezes necessitamos do apoio dos seres nossos amigos (as aves indicam-nos os caminhos mais simples), ou noutras ocasiões teremos de saber usar as plantas com mestria (algumas dão-nos sementes que usamos contra os inimigos ou outras servem de trampolim para ultrapassar obstáculos mais altos). Pena que na maior parte dos casos, os obstáculos colocados no nosso caminho não sejam desafiantes o suficiente.
O jogo faz um esforço enorme, e bem conseguido, de não ser demasiado óbvio nem demasiado facilitador ao jogador. Basicamente, incentiva-nos a todo o momento a encontrar o caminho e o que fazer a seguir. Com a ajuda dos animais ou de dicas visuais FE consegue sempre indicar o caminho sem, no entanto, o revelar.
Contudo não consegue evitar que em determinadas ocasiões se fique com uma sensação de desnorte. É frequente avançarmos e muitas vezes fazê-lo na direção certa mas sem sabermos bem o porquê. É claro que este tipo de desnorte é temporário e rapidamente o objetivo se apresenta focando a nossa atenção novamente.
Quando no inicio referi que não havia combates, não queria dizer que não existem inimigos pelo caminho. Um dos mistérios que teremos de desvendar ao longo do jogo prende-se com a existência de uns seres robóticos maléficos que aprisionam os animais. E, se nos apanham, GameOver.
Para evitar que isso aconteça o jogador terá de saber usar todas as capacidades da nossa cria algumas das quais vamos evoluindo com o decorrer do jogo. Seja passando despercebidos, seja planar de árvore em árvore, usar distrações ou utilizar os próprios seres deste mundo a nosso favor, existem sempre formas de sobreviver e de ultrapassar os variados obstáculos que nos surgem pela frente.
A mestria de FE reside tanto na banda sonora, como nas melodias com as quais a nossa personagem enche este estranho mundo mas também no grafismo diferente que a Zoink introduziu no jogo. Apresentando efeitos de cores bastante agradáveis de se ver (e sentir) o mundo de FE é simultaneamente estranho e belo. É um mundo alienígena que cativa.
Contudo nem todas as zonas são assim em termos de beleza. Nos locais onde se encontram os inimigos o ambiente muda drasticamente e muitas vezes assume uma coloração mais cinza ou avermelhada. Trata-se de uma forma inteligente de mostrar ao jogador que se encontra num território hostil. Trata-se de uma subtileza visual que nos transmite uma mensagem, ilustrando essa mais valia gráfica do jogo.
Conforme tenho referido, explorar esta floresta é visualmente gratificante e enche-nos o ecrã de cor e energia. É pena que de tempos a tempos a camera do jogo complique um pouco a tarefa de explorar, com posicionamentos estranhos.
Veredicto
Não, às guerras e à violência gratuita! Parece ter sido o lema da Zoink quando desenvolveu FE, um titulo harmonioso que nos apresenta uma cria perdida na floresta e envolve sentimentos vários como a ternura, impotência, amizade e bravura. Trata-se de um jogo de plataformas simples e pouco exigente que se assume como uma aventura emotiva.
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