Análise Battlestar Galactica: Deadlock (Xbox One)
O último quarto do século passado foi pródigo em grandes séries de ficção cientifica como o Espaço 1999, Buck Rogers ou Galactica. Um pouco à semelhança do que se passou com outras séries e filmes da época tamanho sucesso acabou invariavelmente por levar ao seu salto para o reino dos videojogos.
E a Black Lab Games fez precisamente isso, com o lançamento de Battlestar Galactica (que entretanto recebeu um DLC novo, The Broken Aliance). O Pplware já se aventurou pelas 12 Colónias …
Para quem já não se recorda (ou desconhece) a série original da história de Battlestar Galactica, esta decorre num passado relativamente recente numa altura em que existe uma guerra entre os Humanos e Robots, os Cylons. Os Cylons são autómatos inteligents que , após uma sangrenta guerra interna acabaram por obter dominio do seu planeta de origem, onde exterminaram os seus criadores.
Encetaram então, uma guerra com os humanos, que ficou conhecida como a 1ª Guerra dos Cylons e que culminou com a devastação das 12 Colónias humanas primordiais. A série acompanhava uma nave de guerra (Galactica) que tinha conseguido fugir ao massacre, culminando com o desembarque no Planeta Terra.
O jogo lançado pela Black Lab Games pega na história antes da destruição das 12 Colónias, ou seja, coloca o jogador na pele de um Almirante que tem de protege-las a todo o custo do ataque dos Toasters.
Na sua essência, Battlestar Galactica é um jogo de estratégia por turnos. O objetivo, como já referi acima, é o de proteger as 12 Colónias do assalto final Cylon e para tal é imperativo construir uma armada forte e robusta, capaz de evitar os sucessivos ataques dos robots. Para tal o jogo apresenta-nos dois mapas distintos que se complementam.
Primeiramente temos um Mapa Estratégico onde a macro gestão é feita. Este mapa, é-nos apresentado sob a forma de um gabinete de guerra, com uma representação 3D das 12 Colónias.
É aqui que procedemos à gestão da nossa armada (construção de novas naves, criação de frotas), que investimos no desenvolvimento de novas tecnologias (melhorias para as naves, recrutamento de oficiais), que repelimos os ataques Cylon, ou simplesmente à movimentação das naves entre Colónias.
No entanto, não se pode pensar que cada uma das 12 Colónias existe apenas para nos servir. Como é óbvio, cada uma tem de se sentir segura sob a nossa presença militar pois caso contrário podem revoltar-se e deixar de pagar os seus tributos e fazer cair assim uma fonte de receitas.
Um dos aspetos mais úteis deste mapa consiste na possibilidade de se proceder ao auto-resolve de alguns combates, quando somos atacados de surpresa e conseguimos ter a noção de que as nossas forças são superiores.
Como recursos o jogo apresenta-nos dois principais. O Tyllium que é disponibilizado por cada Colónia é o mais importante. É com base nesta matéria-prima que construímos as nossas naves e criamos assim as poderosas frotas necessárias para eliminar as ameaças. Por outro lado, temos também os Requisition Points (atribuídos com o desenrolar da campanha) e que servem para recrutar Oficiais e desbloquear armas novas para as naves.
Não posso deixar de referir que apesar de nunca ser demasiado disruptor, o interface ao nível do Mapa Estratégico deveria estar mais intuitivo.
Conforme mencionei, seja para combater ou apenas para posicionar as nossas frotas, o jogador terá de movimentá-las. Cada movimento das naves no Mapa Estratégico é feito através de Saltos Espaciais que… têm custos (consomem Tyllium). Acima de tudo, isso significa que uma maior preocupação do jogador em fazer uma gestão ponderada dos recursos.
Após se jogar o jogo, acaba por ficar uma ligeira sensação de que poderia ter sido interessante a inclusão de opções ao nível de infraestruturas defensivas de apoio aos planetas. Visto estarmos a defender as 12 Colónias, creio que poderia ser interessante.
Quando um combate acontece (seja por nossa iniciativa ou pelo ataque de naves inimigas) a ação passa para o Modo de Combate.
O jogo utiliza uma mecânica de combate por turnos, usando um sistema denominado de WEGO. Segundo o WEGO, cada jogador dá e bloqueia as suas instruções (ataques, movimento, reparações, …) às suas naves e quando as confirmam (terminando o turno), o jogo fá-las desenrolar em simultâneo. Tudo isto decorre sob uma forma cinematográfica o que se traduz num espetáculo de movimento e efeitos bastante interessante.
Num primeiro momento, é pedido ao jogador que coloque as suas peças numa grelha e edite o tipo de armamento disponível em cada nave. Esse posicionamento é feito numa perspectiva 3D (Eixos X, Y, Z) o que indica desde logo uma maior profundidade da vertente tática, pois implica uma 3.ª dimensão com a qual o jogador terá de estar preocupado.
Após os preliminares passa-se ao combate propriamente dito. A ação decorre num cenário aberto no qual as nossas unidades surgem tal como as posicionámos na fase de posicionamento.
O jogador tem, por turno, variadas ações à sua disposição para cada nave, cabendo-lhe a decisão de quando e sob que forma as executar. E isso é realmente importante pois existem várias nuances relativas às naves e respetivos armamentos que influenciam o desfecho de uma batalha (para o bem ou para o mal).
Dito isto, é possível proceder a ações várias e de cariz diverso. Ao nível de ataque é possível proceder ao disparo de torpedos ou uso de torres de canhão. Uma das ações mais úteis é a possibilidade de reparação de danos sofridos que permite à nave em pleno combate perder alguns turnos para reparações dos seus sistemas danificados. Como curiosidade, um dos ataques preferidos dos Cylons é o hacking aos sistemas das nossas naves em pleno combate.
Algumas naves (as Capital Ships) têm ainda a possibilidade de alguns ataques especiais assim como de lançamento de Caças Viper ou Raptor (extremamente úteis para “chatear” naves inimigas ou atacar infra-estruturas Cylon).
No entanto, até neste nível a componente estratégica adquire grande importância e em vários níveis. Por exemplo, os torpedos (disponíveis desde o início) são uma das armas mais poderosas ao nosso dispor mas… e há sempre um mas… têm um tempo de recarga de 2 turnos. Dessa forma, é extremamente importante determinar quando é realmente a melhor altura para os disparar.
Outro exemplo prende-se com as próprias características de cada nave. As naves da Classe Jupiter são mais poderosas que as Manticores (armour e poder de fogo) mas desse mesmo aspeto também advém que são obrigatoriamente mais lentas de manobrar e complexas de gerir em combate, sendo importante manobra-las nas alturas e de formas adequadas.
Este são dois exemplos de decisões que o jogador terá de tomar até mesmo pois a IA do jogo (os Cylons) encontra-se bastante interessante.
Um outro aspeto importante no decorrer dos combates são as Postures (Posturas) que podemos parametrizar para cada nave. Estas posturas são importantes pois permitem ordenar à nave que adote uma atitude mais ofensiva ou mais defensiva e assim fortalecer mais umas áreas em detrimento de outras.
No entanto, existem momentos em que, logo desde o inicio, a probabilidade de sucesso é mínima e a Black Lab Games incorporou um mecanismo de retirada estratégica. Contudo essa retirada de combate demora vários turnos pelo que até o momento tem de ser bem ponderado.
Graficamente o jogo encontra-se decente, não desiludindo, mas também não deslumbrando. Por exemplo, seria interessante termos a oportunidade de visualizar com detalhe os caças Viper ao pormenor, tal como víamos na série de TV (mesmo com o Zoom no máximo apenas se vêm miniaturas demasiado reduzidas).
Pessoalmente, gostei bastante dos replays cinemáticos no final de cada combate. Dando ao utilizador o controlo livre sobre a camara no decorrer do replay (perspetivas, pause, zoom) permite-nos tirar grandes snapshots do combate.
Veredito
Para todos os apreciadores do clássico de televisão Galactica, Battlestar Galactica: Deadlock é um jogo que deverá fazer surgir alguns sorrisos de contentamento e nostalgia. Isto pois, além de manter toda a essência e carisma da série, acrescenta ainda uma jogabilidade simplificada e acessível.
Como jogo de estratégia, trata-se de um jogo bastante simples quando comparado com outros jogos do género. Será acima de tudo um jogo recomendável para os fãs de Galactica.
Este artigo tem mais de um ano
Penso que a história se passa não no futuro mas sim no passado.
No final da série eles vêm para um planeta e depois avança para o futuro que é o nosso presente. Mas, sinceramente não sei se é como digo ou se aquilo era suposto simbolizar que voltamos sempre ao mesmo…
Sim é isso, a história do battlestar galactica passa-se 100.000 anos no passado que é quando os sobreviventes das 12 colonias chegam à terra, supostamente a nossa terra e é aí que se “misturam” com os nativos locais que são genéticamente compatíveis com eles… é só ver o ultimo episodio da série… big fan yes 🙂
A história de Deadlock decorre durante o conflito que levou à destruição das 12 Colónias.
Tens toda a razão e a história de Battlestar Galactica Deadlock decorre antes da destruição das 12 Colónias
Longecidade???
Desculpem mas deve ser Longevidade!
Bem, pelo que tenho visto na Net e apesar de fã da série (original apesar de ter visto as temporadas mais recentes) não me seduziu. Um jogo da treta na minha modesta opinião. Tenho pena porque esperava algo muito mais realista. Ainda se fosse como os jogos tipo Homeworld… 😉
Em alternativa existe o Battlestar Galactica Online.
https://pt.bsgo.com