Qual é a primeira palavra ou expressão que associa imediatamente à marca Xiaomi? Se respondeu “preço baixo” ou “relação preço/ benefício”, então partilha da aceção comum perante esta fabricante Android. Aliás, todo o seu portefólio de produtos atual reflete essa mesma filosofia – “innovation for everyone”.
Contudo, o CEO da empresa, Lei Jun, sugere um aumento de preços que porá fim à margem de lucro de 5%.
Primeiramente, esta é a 4.ª maior fabricante mundial de dispositivos móveis. Uma fabricante que, a pouco e pouco tem vindo a conquistar o mercado mobile com as suas ofertas de baixo custo e qualidade apelativa. É a criação de Lei Jun e Lin Bin, tendo sido fundada em 2010 por estes dois empreendedores chineses.
O lema da Xiaomi – Inovação para todos
Pautando-se ano após ano por esta espartana imposição, a sua margem de lucro está ainda limitada a 5% em cada produto por si comercializado. Algo que ajudou a marca a tornar-se extremamente popular, não só no seu mercado natal, bem como nos mercados ocidentais. Assim sendo, é já uma das marcas incontornáveis do atual cenário económico e digital.
Em 2019, com o mercado de smartphones a ser tomado pelos produtos Xiaomi, a marca está agora ciente da sua posição e dos desafios que tem pela frente. Entre eles, terá que se livrar da reputação de “marca barata” ou marca branca, um flagelo reconhecido pelo próprio CEO, Lei Jun (na imagem).
A prática reiterada de preços baixos colocou a Xiaomi nas bocas do mundo. Agora, está na hora de a marca “ousar” olhar para o segmento premium, setor onde ainda falha. Algo que não passa despercebido aos seus executivos e que tem preocupado Lei Jun.
A virtuosidade dos smartphones Android da Xiaomi
Entretanto, Lei Jun também já confirmaria o compromisso da empresa em pautar-se pelos magros 5% de margem de lucro. A fabricante Android tem cumprido esta promessa até aos dias de hoje. Porém, o CEO quer pelo menos tentar aventurar-se junto das ofertas “premium” que associamos naturalmente a qualidade.
Antes de tudo, importa deixar bem claro que as declarações de Lei Jun (sugerindo o aumento de preços), especificavam duas gamas de produtos. A linha “Mi”, bem como a linha “Mi MIX”. Excluindo assim todas as demais gamas de produtos.
Não podemos estar senão gratos à Xiaomi por colocar nas mãos de milhões de consumidores autênticos topos de gama a preço de saldo. Lições de humildade que, aos olhos da empresa, não surtem o efeito pretendido nos mercados ocidentais como a grande Europa. Esta sendo uma das justificações para o possível aumento.
O preço baixo revelou-se contraproducente para a Xiaomi
Entretanto, sendo a Europa um dos objetivos para a expansão global da fabricante Android, esta tem também que se adaptar aos nossos hábitos de consumo. Assim sendo, isto reflete-se já nas entrelinhas das declarações de Lei Jun, feitas à publicação TechNode, refletem isso mesmo.
O consumidor ocidental é diferente. É naturalmente atraído para produtos caros que associa imediatamente a qualidade. Assim sendo, se está à procura de um novo smartphone Android topo de gama, não vai olhar com bons olhos para alternativas baratas. Sobretudo se o preço for mais adequado a um “gama média” do que a um topo de gama no atual mercado de smartphones e dispositivos móveis.
Atualmente, a versão global do Xiaomi Mi 9 começa nos 449 € para a versão com 6/64 GB. Já, para o Xiaomi Mi MIX 3 5G o seu preço começa nos 599 €, tal como a marca fez saber durante a sua apresentação no MWC19. Em suma, são valores extremamente acessíveis para smartphones Android topo de gama em 2019.
A Xiaomi quer livrar-se da fama de “produto barato”
Lei Jun mostra-se assertivo nas suas declarações. “Esta pode ser a última vez que lançamos um topo de gama na casa dos 3000 Yuan (cerca de 450€)”. Acrescenta ainda que “No futuro os nossos smartphones podem ficar um pouco mais caros, não muito, mas um pouco mais caros”.
O CEO da fabricante Android aponta como razões para tal a necessidade de investir mais em novos produtos (smartphones de topo). Aqui bem como a vontade de se livrarem da reputação de produtos baratos. Algo que o consumidor europeu associa a compromissos inerentes à qualidade geral do produto ou à sua durabilidade.
Assim sendo, no momento em que a marca subir o preço dos seus smartphones Android de topo, ficará mais próxima da Huawei. Um objetivo que não assusta esta fabricante Android, bem pelo contrário, motivando-a a crescer e diversificar a sua oferta. Esta parece ser a nova direção da marca.
O futuro (e o preço) dos smartphones Android da Xiaomi
Com a exceção de duas gamas de smartphones Android, todos os demais produtos manterão o seu preço baixo e altamente competitivo. Contudo, a marca quer alcançar novos patamares de qualidade nos seus smartphones de topo. Por conseguinte, subirá o preço de ambas as gamas “Mi” e “Mi MIX”.
Esta notícia surge assim meses depois de a Xiaomi ter tornado a gama “Redmi” numa submarca. Esta ficará, mais do que nunca, responsável pelos seus produtos baratos. Separando-a ligeiramente da casa-mãe. Assim, a Xiaomi espera que a reputação dos seus topos de gama não seja poluída pela associação a produtos baratos.
É certo que todo e qualquer consumidor agradece a existência de produtos competitivos. Algo que ajuda a estimular a concorrência a criar novas soluções e a aperfeiçoar tecnologias. Contudo, é igualmente certo que acabamos por menosprezar as alternativas baratas. Sobretudo quando temos os olhos postos num objeto de desejo.
Não de estrita necessidade, mas sim de desejo, a categoria onde reside a grande maioria dos flagships. Assim sendo, poderá a “culpa” deste possível aumento de preços residir unicamente em nós, consumidores?