Muito se tem escrito relativamente ao uso excessivo das tecnologias pelos mais novos. No entanto, os vários alertas não parecem ter um efeito significativo ao nível de mudanças de atitude por parte de alguns pais. E uma investigação recente reforçou o que muitos já alertavam: a exposição aos ecrãs atrasa o desenvolvimento cognitivo dos bebés com um 1 ano de idade.
São vários os estudos e alertas sobre as consequências da utilização das tecnologias em tenra idade. E, como sabemos, há mesmo bebés que já pegam nos smartphones e ficam expostos por um tempo considerável. Ainda recentemente divulgámos um estudo que mostrava que quase metade dos pais não sabem como se criavam os filhos quando não havia telemóveis e esta é uma realidade que nos deve fazer parar para pensar a todos.
Exposição a ecrãs atrasa desenvolvimento cognitivo de bebés com 1 ano
De acordo com uma nova pesquisa publicada no jornal científico JAMA Pediatrics (via Visão), levada a cabo por investigadores das universidades de Tohoku e Hamamatsu, no Japão, a exposição dos bebés de um ano aos ecrãs dos smartphones/tablets tem um impacto negativo no seu desenvolvimento cognitivo, o qual se pode refletir depois aos dois e aos quatro anos.
Ou seja, quanto maior for o tempo de exposição dos menores a estas tecnologias, maior será o atraso verificado nos anos seguintes, nomeadamente ao nível do desenvolvimento das habilidades de comunicação e de resolução de problemas.
Para a investigação foram seguidas mais de 7.000 mães e os respetivos filhos ao longo de quatro anos, entre 2013 e 2017. O objetivo era então avaliar a evolução de cinco parâmetros relativos ao desenvolvimento infantil:
- Desenvolvimento das habilidades de comunicação
- Resolução de problemas
- Coordenação motora fina
- Coordenação motora grossa
- Habilidades sociais e pessoais
De seguida, os bebés com 1 ano foram divididos em quatro categorias: os expostos a ecrãs menos de uma hora por dia, entre uma e duas horas, entre duas e quatro, e ainda mais tempo, sendo depois comparado o seu desenvolvimento com o padrão médio japonês referente aos 2 e aos 4 anos, através de questionários respondidos pelas progenitoras.
Os resultados mostraram que não houve alterações significativas ao nível da coordenação motora grossa, enquanto que na coordenação motora fina e nas habilidades pessoais e sociais verificaram-se atrasos apenas aos dois anos na categoria de exposição de quatro horas por dia. Já quanto às capacidades de comunicação e resolução de problemas, notou-se alterações nos dois e nos quatro anos, a partir das duas horas por dia de exposição na comunicação e a partir das quatro horas de exposição na resolução de problemas.
Segundo os investigadores, estes estudos permitem aprofundar o conhecimento sobre o impacto dos ecrãs no desenvolvimento infantil ao longo dos anos. Contudo, também salientam algumas limitações, como a impossibilidade de determinar se as crianças estiveram expostas sozinhas ou acompanhadas por adultos a maior parte do tempo.