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CEO da Huawei confessa seguir o modelo de privacidade da Apple

O CEO e fundador da Huawei, Ren Zhengfei, afirmou que na eventualidade de ser pedido à empresa que desbloqueio os seus smartphones Android a favor do governo chinês, este seguiria o exemplo da Apple. Em declarações recentes à imprensa internacional, o executivo foi veemente na sua defesa da privacidade.

Para Zhengfei, a Apple é o exemplo a seguir na defesa dos consumidores, respetivos dados e informações.


Ao propósito, recordamos as declarações de Tim Cook, CEO da Apple à Variety. Afirmando que a sua empresa nunca transformará os seus clientes no produto, a crítica foi então apontada ao Facebook. No entanto, acaba por definir o ethos da Apple, em que as suas soluções, ainda que onerosas, são um garante de privacidade.

O exemplo da Apple

De igual modo, já em 2016 a Apple havia desafiado uma ordem jurisprudencial em que um tribunal sentenciou a colaboração com as autoridades. Isto é, a Apple estava obrigada a desbloquear um iPhone 5C, pertencente a um dos perpetradores do tiroteio em San Bernardino. Entretanto, a empresa acabou por não o desbloquear.

Note-se que para o fazer, a Apple teria que criar uma versão modificada do seu iOS. Em síntese, seria uma ferramenta capaz de desbloquear outros terminais. Perante isto, a empresa não quis que tal ferramenta caísse nas mãos das autoridades (FBI), acabando por não acatar a ordem judicial.

O CEO da Huawei afirmou que os dados dos utilizadores pertencem apenas a estes. De igual modo, aponta que cabe às operadoras a tarefa de acompanhar os consumidores, não à fabricante de smartphones Android. No entanto, a colocação da empresa na lista negra do departamento de comércio dos EUA tem outra justificação.

A Huawei e os seus smartphones Android

Ainda que Donald Trump tenha dito que o bloqueio será levantado, administrativamente ainda nada mudou. Perante tal facto, a tecnológica continua a desenvolver a sua alternativa, neste caso o HongmengOS, um sistema que pode rivalizar tanto com Android, mas também com o macOS fruto das suas aplicações.

O bloqueio, ainda vigente, tem como base o enquadramento legal da China. Isto é, fruto da lei em vigor, a Huawei pode ser obrigada a fornecer informações ao governo. Aí, sob o mote da defesa dos interesses e segurança nacional, a privacidade alheia poderia assim ser perigada.

 

 

Ao mesmo tempo, subsistem os rumores que apontam a presença de backdoors, capazes de agir como um canal de informações para Pequim. Este último ponto continua a ser refutado pela empresa com a mesma a oferecer-se para assinar um contrato de responsabilidade, com qualquer país, para impedir isso mesmo.

As críticas apontadas aos EUA por Ren Zhengfei

Ainda de acordo com as suas declarações, o CEO afirma que os EUA interferem na gestão das empresas. Ao mesmo tempo, dá a conhecer os seus argumentos para a descrédito dos rumores espalhados em torno da sua empresa.

Nós nunca faríamos tal coisa (vender informações dos consumidores). Caso tal acontecesse, nem que fosse só uma vez, os EUA teriam provas disso mesmo. Ora, os mais de 170 países e regiões onde operamos, deixariam de comprar os nossos produtos, por conseguinte, a empresa colapsaria. Nesse caso, quem é que pagaria as dívidas? Os nossos colaboradores são todos muito competentes, portanto, não tenho dúvidas que se despediriam e fundariam as suas próprias empresas. Aí, ficaria sozinho para arcar com as consequências do ato que nos é imputado. Preferia morrer. – Ren Zhengfei.

Foi neste tom, crispado, que o executivo descreveu a situação de que é acusado. Para Ren Zhengfei, a administração Trump está profundamente errada sobre a forma como a China lida com as empresas privadas ao empregar a base legal, bem como o sistema de taxação.

Não sei porque é que os EUA gerem tão minuciosamente as suas empresas de tecnologia, afirma. Eles agem como uma mãe-galinha, mas isso pode assustar as entidades privadas, é muita pressão, acrescenta Ren Zhengfei.

 

 

A tecnológica chinesa já previu um rombo de 30 mil milhões de dólares nas suas receitas anuais. No entanto, espera manter-se dentro dos lucros, com um valor previsto de 8 mil milhões de dólares em 2019. Algo que se deverá aos seus smartphones Android, bem como ao seu departamento de redes e equipamentos.

O futuro dos seus smartphones Android

Entretanto, a empresa aguarda por um levantamento efetivo das restrições comerciais. Não que isso a impeça de ser atualmente a 2.ª maior fabricante mundial de smartphones, mas adiará o seu objetivo de ultrapassar a Samsung até 2020. Aliás, motivará a empresa a apresentar o seu sistema operativo próprio, o HongmengOS.

Esta solução de software, melhor comparada ao Fuchsia da Google, promete ser mais rápida que o Android (e iOS), e mesmo o macOS da Apple. Isto é, tanto poderá ser utilizada em smartphones como em computadores. Além disso, fruto das otimizações aplicadas, o delay de resposta, inferior a 5 ms, será o ponto forte.

Com, ou sem, o Android para os seus smartphones, a empresa não baixará os braços.

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