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Spotify está em risco de se tornar o próximo Facebook

Dados do utilizador e privacidade, ou melhor, a falta dela. Testemunham-se já os primeiros augúrios de um novo Facebook no tratamento das nossas informações. E, ainda que a plataforma de Mark Zuckerberg tenha aprendido a lição (aparentemente), o mesmo não pode ser dito da música no Spotify.

O Spotify deixa as grandes editoras guardarem grande parte dos nossos dados e informações.


O pretexto, para um descuido quase negligente do tratamento dos nossos dados, é a conveniência. Há, de acordo com uma investigação levada a cabo pela Billboard, um grande acervo de informações dos utilizadores que é entregue, de bandeja, aos grandes estúdios e empresas da indústria musical. Mas, porquê?

 

A privacidade e dados de utilizador no Spotify

Para que o utilizador possa adicionar uma faixa ainda não disponibilizada na sua playlist. Assim, em nome da conveniência, as grandes empresas têm acesso a vários dados, totalmente desnecessários para o propósito que visam cumprir. In extremis, estas ganham até permissões para controlar as nossas contas no Spotify.

Fazem-no para que no instante em que uma faixa seja publicada, esta figure imediatamente na nossa lista de reprodução. Isto é, acabam por tirar proveito da nossa complacência, ainda que neste caso seja a plataforma de música a responsável. É esta, e não o utilizador, que concede acesso a vários dos nossos dados pessoais.

Ilustrando esta premissa, a investigação concluiu que a Sony estava a ter acesso ao email do utilizador do Spotify. De igual modo, tem conhecimento das músicas que ouviu, bem como aquilo que gravou na sua biblioteca, ou as listas de reprodução criadas pelo utilizador. Até mesmo os artistas que possa ter subscrito.

 

O Spotify já devia ter aprendido com o passado recente do Facebook

Aliás, entre o conjunto de informações que passavam para as mãos das editoras e grandes empresas do setor, está o acesso à música que possa estar a ouvir neste momento. Sim, até agora o mesmo modus operandi está em vigor, portanto, tudo aquilo que esteja a ouvir, e já tenha ouvido, pode ser partilhado com várias empresas.

Mais ainda, o Spotify permite que estas empresas controlem a sua conta. Fazem-no para adicionar uma determinada música à sua lista de reprodução no instante em que esta é lançada. Aqui, todavia, o utilizador tem que demonstrar interesse nisso mesmo, guardando a faixa antes do seu lançamento.

 

 

Portanto, se por um lado esta prática é conveniente, por outro é um tratamento descuidado dos nossos dados e privacidade. Ou melhor, ao utilizar este serviço de streaming de música, virtualmente tudo aquilo que fazemos e partilhamos com a plataforma, pode chegar aos olhos de outrem.

 

Tudo em nome da música…

E se a música é o meio, a conveniência é a motivação. Isto significa que ao aceitar os termos e condições para ser o primeiro a ouvir uma determinada música, em troca estamos a ceder os nossos dados. A privacidade passa a ser apenas uma cortina de fumo, com as nossas informações potencialmente escrutinadas.

Desse modo, as empresas podem adicionar os seus dados, tão específicos como o “estado de espírito” que subjaz às faixas que ouve no Spotify para futuras campanhas de marketing. Enquanto isto, o utilizador pode até não se aperceber que já está envolvido num novo “efeito Facebook”.

 

 

Tal como o Facebook fez no passado, partilhando, vendendo ou deixando passar informações aos parceiros, também o Spotify segue este rumo. No entanto, ao contrário do Facebook, o caso permanecia total, ou parcialmente, desconhecido do público. Assim, o que é que está aqui realmente em causa?

 

Quem é que ainda quer saber da privacidade?

Uma vez que os utilizadores, neste caso do Spotify, querem chegar ao produto de forma rápida e sucinta, quem, de entre os leitores, já analisou os ecrãs de permissões dentro da app? Ou, que termos e condições já aceitou em que tivesse lido escrupulosamente o “contrato”, por vezes multilateral, que acabou de “assinar”?

Acaba por ser essa a questão. Já todos o fizemos. As nossas vidas são agitadas e o tempo escasso. Assim, se queremos ouvir uma música, especialmente logo que ela saia, tudo o que precisamos de fazer é carregar em dois ou três botões. Veja-se este exemplo. Aceitou? Então está a “dar” os seus dados à Universal.

Se há algum mal nisto? Não necessariamente. O que esta aqui em causa é o estado de ignorância, cultivado pelas plataformas, para que o utilizador continue complacente e ceda alegremente uma quantidade variável dos seus dados. Ainda assim, este caso vai além dos Termos de Serviço do próprio Spotify.

Tomando ainda a Sony Music como caso em apreço, esta entidade utilizava mais 16 permissões do que a estritamente necessária para adicionar uma música à nossa lista de reprodução. Por outras palavras, de 17 permissões para acesso aos dados e conta, bastaria uma para cumprir esse propósito.

Ainda que não sejam violadas disposições legais, este é apenas mais um sinal, mais um fenómeno estranhamente familiar. Daqui se retira que os utilizadores devem estar, mais do que nunca, atentos aos termos e condições, sob o risco de estarem a partilhar com terceiros os seus dados.

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