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Será indicado professores e alunos serem amigos na Internet?

As redes sociais são um meio de aproximação de várias gerações

Nos dias que correm, as redes sociais são utilizadas por praticamente todas as pessoas. O Facebook é a rede social mais utilizada em todo o mundo, e aproxima várias pessoas, assim como como possibilita termos no nosso leque de amigos, familiares, colegas de trabalho, professores, alunos, entre outros.

A amizade de professores e alunos no Facebook é uma realidade, no entanto é uma questão que tem levantado alguma polémica.

Será indicada e ética esta relação? Pode prejudicar ou, por outro lado, é um facilitador de comunicação entre ambas as partes?

A tecnologia é, sem dúvida, uma ferramenta que veio para ficar como auxílio ao processo educativo. Para além dos computadores, também os tablets se começam a evidenciar nesta área.

Desta forma, é natural que os alunos e professores passem uma parte significativa do seu tempo online, para fins académicos e não só.

Assim, coloca-se a questão:

Professores e alunos amigos na Internet, nomeadamente nas redes sociais. Será correcto, ou incorrecto?

Esta é uma questão pertinente uma vez que é actual, cada vez mais real e que traz algumas controvérsias.

Em Portugal parece que esta questão ainda não foi muito debatida, nem clarificada, mas noutros locais já se faz sentir a sua polémica.

O Departamento de Educação em Nova Iorque foi radical quando a esta situação e recentemente publicou um guia de orientação voltado para professores, onde os proíbe de comunicar com os seus alunos em blogs e redes sociais, como Facebook, Twitter, Google +, Youtube, Flickr, e outros do género. Segundo o guia, caso a utilização de um perfil online seja utilizada para actividades pedagógicas, é necessário criar uma conta profissional. Ainda assim, não devem ser adicionados estudantes.

O documento é apresentado como um guia que ajuda “funcionários e estudantes a utilizar as mídias sociais de uma maneira segura e responsável”.

No nosso país irmão, o Brasil, as opiniões dividem-se.

A Escola Internacional de Alphaville, de Barueri em São Paulo também é da opinião de que há que haver um certo afastamento nestas situações, e os professores não devem manter contacto com os estudantes pelas redes sociais. Segundo Amâncio Cardoso Mendes, coordenador de tecnologia da educação da escola, “Pedimos aos professores que não adicionem os alunos, até para evitar problemas caso alguém adicione um professor e o docente não aceite. Pode acontecer acidentalmente e queremos evitar esses problemas.”

Tal como os professores, também os funcionários têm orientações para não responder a comentários, nem para que se envolvam em discussões que respeitem a escola, sendo que nestes casos devem notificar a instituição.

Esta escola chegou a ter uma página no Facebook, no entanto foi uma experiência sem resultados satisfatórios pois, segundo Mendes, “Parámos de colocar conteúdo pois nem todos agem de forma ética. Há comentários maléficos, e não queremos alimentar esse tipo de movimento. Preferimos ficar à margem das redes sociais”. Também nesta escola, a utilização de Facebook, Twitter ou similares foi proibida nas salas de aula.

Para além de tudo, esta escola tem promovido, desde há um ano, acções com o objectivo de consciencializar os alunos, pais e docentes sobre eventuais perigos da Internet. Em 2011 realizou-se uma palestra acerca do tema (foto acima), o que originou duas semanas de discussões entre professores e alunos sobre esta situação. “Primeiro os temas foram trabalhados primeiramente dentro da sala de aula, em todas as disciplinas. Queríamos instigá-los, e pensar sobre o que colocam nas redes sociais, com quais objectivos e de que forma isso acontece” indica Mendes.

Após estes debates, desenvolveram-se oficinas onde os alunos podiam colocar dúvidas e discutir acerca das suas inseguranças online. O coordenador explica que “Trabalhamos para mostrar que a rede social é benéfica, desde que o utilizador tenha cuidado, saiba prevenir-se e perceba que é um espaço público, que não é apenas dele. Acreditamos que a consciencialização é melhor que a correcção, o que nos leva a agir preventivamente, e a mostrar os perigos.” Dos perigos abordados são exemplo o Cyberbullying, invasão de perfil e a publicação de informações nas redes sociais.

Para além disso, e indo de encontro ao que referimos no inicio desde artigo, a Escola de Alphaville investe também no uso de tablets (foto abaixo), e aposta na utilização de aplicações para a realização de actividades pedagógicas.

Alex Gomes, doutorado em Ciências da Educação pela Universidade de Paris, refere que é um papel da escola o de consciencializar as crianças e os jovens. “Essa geração tem muita habilidade técnica, mas pouca habilidade social. Expõem-se demais e lidam muito mal com as questões de privacidade. Se o papel da escola é o de mostrar que o cidadão deve comportar-se com responsabilidade ou respeitar os mais velhos, o mesmo se aplica quando se trata de alertar sobre a Internet”.

No entanto, o especialista adverte que a escola não deve punir comportamentos inadequados em ambientes virtuais, e adianta que “a partir dos 16 anos, alunos e professores podem responder pelos seus actos. Não cabe à escola criar regras e normas. A legislação encarrega-se disso caso exista um erro mais grave”.

Ainda no Brasil, o Colégio Farroupilha, em Porto Alegre, apresentou também um Guia de Postura nas Redes Sociais onde constam recomendações para evitar a publicação de conteúdos ofensivos/difamatórios nas redes. Segundo a Psicóloga Educacional da escola, Luciana Motta, “Não podemos ficar isentos de orientar os alunos em relação à postura nos meios virtuais”. A psicóloga entende que a grande parte da interacção ocorre fora do âmbito escolar, no entanto esta pode reflectir de forma positiva ou negativa a convivência entre alunos, professores e funcionários. Este guia foi entregue a toda a comunidade escolar, mesmo aos pais de crianças que ainda não sabem ler, para que as preparem para este mundo.

Para esta escola, há uma tentativa de equilíbrio na utilização das redes. Por norma os acessos são bloqueados, sendo que são permitidos para a realização de tarefas em sala de aula que, por sua vez, são integralmente monitorizadas.

Uma das iniciativas da escola, foi o desenvolvimento de sketches sobre o tema. A psicóloga refere que assim, os alunos “puderam ver o que é permitido colocar no Facebook, assim como perceber que acções os expõem. Os alunos aprenderam a ter uma postura ética nas redes, e respeitar os outros utilizadores.” referindo-se ao Cyberbullying.

Relativamente à questão central do artigo, Luciana Motta refer que “a recomendação que damos é a de que tenham bom senso. A nossa preocupação é garantir que os papéis fiquem bem definidos. Professor é Professor, aluno é aluno, e é assim que deve ser também nas redes sociais.”

Qual a sua opinião acerca deste tema? Devem os professores e alunos interagir nas redes sociais?

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