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Facebook manipulará sempre os sentimentos dos utilizadores

Por Hugo Sousa para PPLWARE.COM

Não é de agora que se sabe que o Facebook manipula os seus utilizadores, pode parecer trivial, mas é um comportamento que hoje mexe com a sociedade e que tem implicações nos hábitos quotidiano. É sabido que em 2012, no período de uma semana, o Facebook utilizou cerca de 690.000 utilizadores para lhes “manipular” as emoções. Quando essa notícia veio a público, o mundo reagiu com algumas cautelas… afinal esta rede social é capaz de influenciar alguém a matar ou a ter comportamentos que escapam à conduta inteligível de uma sociedade equilibrada.

Ainda há muito ruído em volta desse teste e foram muitas as questões colocadas, uma delas é como terá o Facebook dirigido esse estudo.

Basicamente foram seleccionados cerca de 690.000 utilizadores, como referimos anteriormente, sendo posteriormente divididos em dois grupos. Ao primeiro grupo, foi apresentado um maior número de mensagens positivas através do feed de notícias, enquanto ao outro grupo foi apresentado um maior número de notícias negativas, tentando deste modo avaliar a resposta emocional de cada utilizador.

No início deste ano, o estudo foi publicado e com ele emergiram diversas críticas à rede social, acusando a empresa de manipular as emoções dos utilizadores sem o seu consentimento. Este estudo chamou também a atenção de vários reguladores na Europa, questionando mesmo se a empresa não teria quebrado as leis de protecção de dados.

“Although this subject matter was important to research, we were unprepared for the reaction the paper received when it was published and have taken to heart the comments and criticism. It is clear now that there are things we should have done differently.” disse Mike Schroepfer, Director Tecnologia do Facebook

No entanto, mesmo no centro de tanta polémica o Director de Tecnologia do Facebook, afirma ainda que este tipo de experiências ajuda na construção de um Facebook melhor.

“Like most companies today, our products are built based on extensive research, experimentation and testing,” he wrote. “It’s important to engage with the academic community and publish in peer-reviewed journals, to share technology inventions and because online services such as Facebook can help us understand more about how the world works.”

Embora com poucos detalhes, Schroepfer afirma ainda que o Facebook está a proceder a várias alterações nesse seu processo de pesquisa. Segundo ele, essas alterações incluem a formação a novos engenheiros para a expansão destas pesquisas, bem como novas directrizes e um novo processo de revisão no que diz respeito a pesquisas potencialmente sensíveis.

“We want to do this research in a way that honors the trust you put in us by using Facebook every day,”

Este tipo de experiências são actualmente comuns na Internet, onde as empresas, de forma a poderem melhorar os seus serviços, tendem a realizar testes aos seus utilizadores. O tipo de experiências mais comum actualmente é chamado “A/B”, onde uma determinada empresa oferece uma experiência Web diferente para um conjunto de utilizadores. Resumindo, se estiver a fazer parte de uma destas experiências, poderá estar no mesmo Site que o seu vizinho mas os resultados apresentado no seu ecrã serem diferentes dos dele.

No entanto, estes testes são por natureza manipuladores, uma vez que, estando a participar numa destas experiências, mesmo sem ter esse conhecimento, poderá clicar em algo que de outra forma teria ignorado, comprar algo que nunca teria pensado comprar ou até mesmo ter sensações que provavelmente nunca teria sentido.

Mas o facto de o Facebook ter feito com que alguns utilizadores se sentissem infelizes sem o seu consentimento, levanta várias questões éticas. Porque deveremos nós utilizar um serviço que poderá estar sempre a tentar manipular-nos?

Em jeito de conclusão, Schroepfer afirmou que o Facebook quis realizar este estudo de forma a responder a alguns estudos realizados anteriormente, estudos que afirmavam que as pessoas se sentiam pior depois verem mensagens positivas por parte dos seus amigos.

A própria pesquisa do Facebook concluiu que os utilizadores que viram mensagens positivas eram propensos a responder positivamente a si mesmos.

“We thought it was important to look into this, to see if this assertion was valid and to see if there was anything we should change about Facebook,”

A questão que se coloca neste momento é, que moral terá o Facebook para decidir se os seus utilizadores devem ficar felizes ou infelizes? Será que os utilizadores querem continuar a ser manipulados desta forma?

O que mais vemos nos perfis das pessoas são reacções em cadeia, influências por decisão de terceiros, são mensagens que incluem ou excluem as pessoas de um grupo mais ou menos conceituado, do tipo “se não estás comigo estás contra mim” e daí derivam vários outros problemas, como o bulling.

Actualmente, é uma rede social que o pode deixar feliz ou triste… sem que tenha controlo qualquer nisso, só porque alguém lá longe “clicou no botão”. Já pensou nisso?

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