Apesar da reticência da Rússia em chamar o conflito pelo nome, a Ucrânia enfrenta uma verdadeira guerra. Se for legítimo dizer que no meio do desastre houve algo bom a emergir, é, certamente, isto.
Apesar de todo o mal que tem assolado a Ucrânia, resultado de uma guerra que dura há mais de um ano, houve algo que o conflito promoveu e, mais ainda, acelerou: a transição verde. Pelo menos, é o que dizem os vários estudos desenvolvidos pela International Energy Agency (IEA).
Embora tenhamos testemunhado uma corrida ao abastecimento de petróleo e gás, o último relatório divulgado pela IEA sobre as previsões de investimento para o setor revela que a guerra acelerou a transição energética. O conflito levou muitos países a implementar políticas energéticas industriais, de modo a garantir a segurança do abastecimento e a proteção do ambiente.
O período de intensa volatilidade nos mercados de combustíveis fósseis, desencadeado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, acelerou a implantação de uma série de tecnologias de energia limpa.
De acordo com os autores, a decisão da Rússia de reduzir o fornecimento de gás à União Europeia (UE), em cerca de 80%, em 2022, resultou “em fortes incentivos políticos de preços para os investidores aumentarem o fornecimento de gás não-russo, construírem infraestruturas alternativas e explorarem alternativas ao gás natural”.
No caso da UE, o relatório explica que as energias renováveis estão a ser impulsionadas como parte do objetivo de descarbonização do bloco e para “resolver a perturbação do mercado causada pela invasão”.
O impulso dado pela guerra na Ucrânia às energias limpas resultará, pelas estimativas da IEA, num investimento, em 2023, de 1,7 biliões de dólares, em energias renováveis, veículos elétricos, tecnologia nuclear, sistemas de armazenamento, combustíveis com baixas emissões, melhorias de eficiência e bombas de calor.
A agência estima que, em 2023, serão investidos 380 mil milhões de dólares em energia solar, permitindo ultrapassar, pela primeira vez, as despesas com o petróleo.
Por cada dólar investido em combustíveis fósseis, cerca de 1,7 dólares são agora gastos em energias limpas.
Observou Fatih Birol, diretor executivo da IEA, que já havia falado do impulso de 25% que a guerra na Ucrânia tinha dado às energias renováveis, no início do ano.
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