Estima-se que existam 4,5 mil milhões de toneladas de urânio no mar. A sua extração é diluída e extremamente complexa. Para já, esta nova batalhar entre a China e os Estados Unidos começou nos laboratórios.
Embora as duas potências consumam entre si mais de 30% do urânio mundial, os Estados Unidos e a China são responsáveis por menos de 5% da produção, segundo a Associação Nuclear Mundial. Este enorme fosso entre o que precisam e o que têm levou a uma batalha que se está a intensificar devido a uma grande tentação: há uma enorme reserva de urânio a ser extraída no fundo dos oceanos.
No fundo do mar existem 4,5 mil milhões de toneladas de urânio
Foi em 2012 que a Agência de Energia Nuclear e a Agência Internacional de Energia Atómica calcularam a enorme quantidade de urânio no fundo do mar. 4,5 mil milhões de toneladas de urânio, a flutuar no fundo dos oceanos, diluído como iões de uranilo dissolvidos.
É uma quantidade enorme. Uma reserva mais de mil vezes maior do que a encontrada em terra e pertencente principalmente a países como o Cazaquistão, o Canadá e a Austrália, que possuem as maiores minas.
O problema é que retirar o urânio destes iões é muito complexo. Um truque consiste em utilizar substratos de plástico com produtos químicos semelhantes ao urânio, de modo a que o urânio se separe.
Obtém-se 2 a 4 gramas de urânio por quilograma de plástico.
Explicou Erich Schneider, engenheiro nuclear da Universidade do Texas.
Mas este método era muito caro. Cerca de 1.230 dólares por quilograma de urânio (cerca de 1.135 Euros à taxa atual). Para se ter uma ideia, cerca de dez vezes mais caro do que a extração tradicional. O facto é que estes cálculos têm mais de uma década.
A batalha começa nos laboratórios
No final de 2023, uma investigação financiada pelo programa nacional da China foi publicada na American Chemical Society (ACS), na qual foi apresentado um método para capturar mais eficazmente iões de urânio da água do mar.
A equipa começou por utilizar um tecido flexível com fibras de carbono e adicionou um ânodo de grafite, passando depois uma corrente cíclica entre os elétrodos. Com este método, os investigadores conseguiram extrair 12,6 milogramas de urânio por grama de material ativo revestido durante 24 dias. Um método muito mais eficaz do que os utilizados até à data.
Esta investigação foi um avanço, pois duplicou os resultados do Departamento de Energia dos EUA, cujos melhores resultados com fibras de polietileno foram de cerca de seis gramas por quilograma.
Os riscos são elevados. Contudo, a extração de urânio do fundo do mar ainda está longe de ser uma possibilidade real. A investigação está a progredir, mas, na prática, seriam necessárias instalações gigantescas. O sonho de aumentar em dez vezes a capacidade de urânio do planeta é suficientemente tentador para continuar a tentar.