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É “quase impossível” eliminar os químicos eternos da alimentação, mas temos dicas

As per- and polyfluoroalkyl substances (PFAS), ou os chamados “químicos eternos”, têm sido associados a uma série de doenças, sendo-lhes apontadas características prejudiciais à saúde. Apesar de ser “quase impossível” eliminá-los da alimentação, temos algumas dicas para lhe dar.


Na verdade, o The Guardian compilou algumas dicas para contornar os “químicos eternos” na alimentação, considerando que é “quase impossível” eliminá-los completamente. Aliás, já aqui falámos que até a chuva transporta os PFAS.

Este tipo de substância tóxica é encontrado em produtos como os ovos e o arroz, bem como numa série de outros alimentos básicos, conforme descobriram e alertaram investigações realizadas nos últimos anos. Além disso, tem sido largamente associado ao cancro, a doenças renais, e a outras condições de saúde.

 

O que são os PFAS?

Estes “químicos eternos” são um grande conjunto de milhares de produtos químicos sintéticos, cerca de 15.000, utilizados em toda a sociedade, normalmente no fabrico de produtos que resistem à água, manchas e calor.

Além de serem facilmente transportados no ambiente, cobrindo longas distâncias a partir da fonte de libertação, resistem à degradação e persistem no ambiente. Mais do que isso, a limpeza dos locais poluídos é tecnicamente difícil e dispendiosa.

Segundo Sarah Woodbury, vice-presidente de políticas da Defend Our Health, sediada no Maine, que tem trabalhado em questões relacionadas com os PFAS nos alimentos do estado, citada pelo The Guardian, “é quase impossível evitar a contaminação”. Na sua perspetiva, “não há uma maneira de saber a 100%” no que o consumidor se está a meter quando o tema é a contaminação.

Embora as entidades reguladoras se tenham concentrado na redução dos PFAS na água, existe um consenso de que os alimentos representam a maior via de exposição. Nenhum alimento está totalmente a salvo de contaminação, porque os PFAS são utilizados em milhares de produtos de consumo e processos industriais, a poluição está muito disseminada e existem inúmeros pontos de entrada no sistema alimentar.

Aliás, apesar de a Food and Drug Administration monitorizar os produtos químicos, utiliza uma metodologia que, segundo os defensores da saúde pública, faz parecer que os alimentos estão muito menos contaminados do que verdadeiramente estão, e não estabelece limites para os PFAS nos alimentos.

Entre as preocupações mais sérias dos investigadores está o lodo de esgoto, que é usado como uma alternativa barata ao fertilizante em terras agrícolas e é considerado universalmente repleto de PFAS. Verificou-se que as explorações agrícolas que utilizam esta substância apresentam níveis preocupantes de produtos químicos na sua carne e nos seus produtos, uma vez que as culturas podem absorver os compostos.

A água utilizada nas culturas ou para o gado pode estar contaminada, tal como os alimentos para animais, enquanto a maioria dos pesticidas contém PFAS.

Os alimentos processados tendem a ter mais PFAS do que os menos processados, em parte porque existem mais pontos de entrada para os químicos. As caixas de armazenamento de alimentos a granel são frequentemente tratadas com PFAS, potencialmente contaminando ingredientes de base amplamente utilizados. Mais, alguns recipientes individuais de plástico para alimentos vendidos nas lojas são tratados com os produtos químicos.

Os “químicos eternos” são amplamente utilizados em utensílios de cozinha, no sentido de evitar que os alimentos se colem às panelas, utensílios, filtros de café, entre outros.

 

Como contornar os “químicos eternos”?

Altere os hábitos de consumo

Os estudos revelaram que as pessoas que geralmente têm uma dieta rica em frutas e legumes frescos podem ter níveis sanguíneos mais baixos de PFAS. Os produtos alimentares requerem menos embalagem e processamento, reduzindo os pontos de entrada dos químicos. Comer menos carne, especialmente carne vermelha, também é aconselhável.

O que tenho dito às pessoas desde o início é que não comam produtos sanguíneos, e a carne e os lacticínios terão mais sangue do que os vegetais.

Aconselhou Stephen Brown, investigador do Sierra Club Michigan.

Alguns vegetais, especialmente os de folhas verdes, absorvem os produtos químicos, e os que são cultivados perto de fontes de poluição por PFAS ou em lodos de esgoto podem estar contaminados.

De acordo com a literatura científica, o The Guardian diz que não há forma de saber que explorações agrícolas estão a utilizar lodo de esgoto. Mesmo que houvesse, muitas vezes não há como saber que leite foi parar ao pacote que se compra na loja.

 

Prepare a comida em casa

Alguns defensores da saúde pública disseram ao The Guardian que levam os seus próprios recipientes de vidro para os restaurantes para levar as sobras para casa e evitar embalagens tóxicas. Afinal, os estudos detetaram uma associação entre níveis mais elevados de PFAS no sangue e fazer refeições fora de casa com frequência, porque os alimentos para levar requerem mais embalagens e são normalmente mais processados.

Aquando das compras, escolher produtos embalados em recipientes de vidro, em vez de plástico, também pode ajudar a evitar os “químicos eternos”.

 

Modere o consumo de marisco e peixe

Estudos recentes indicam que os peixes de água salgada podem ser mais seguros do que os peixes de água doce, especificamente nos Estados Unidos, porque os PFAS estão mais diluídos no oceano do que nos rios ou lagos.

Por exemplo, testes recentes de 26 tipos de marisco, em grande parte de água salgada, vendidos frescos num mercado na costa de New Hampshire, encontraram PFAS em todos, com as concentrações mais elevadas no camarão e na lagosta.

Descobriu-se, além disso, que o marisco de água salgada perto de áreas urbanas e bases militares apresentam níveis alarmantes de PFAS, incluindo caranguejos, robalos, ostras e mariscos da Baía de Chesapeake.

Apesar do foco nos Estados Unidos, em 2023, a DECO PROTeste alertou ter encontrado níveis excessivos de mercúrio em algumas espécies de peixe, aconselhando a que fossem consumidas excecionalmente.

 

Recorde o mapa europeu das substâncias químicas “eternas”:

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