Os especialistas têm dirigido avisos relativamente às emissões de carbono, mas prevê-se que a procura global de carvão atinja um recorde, este ano, compensando o provável crescimento das energias renováveis.
O carvão é frequentemente considerado um combustível do passado. No entanto, o seu consumo global duplicou nas últimas três décadas, segundo dados da Agência Internacional de Energia (em inglês, IEA).
Durante os confinamentos devido à pandemia da COVID-19, em 2020, a procura diminuiu significativamente. Contudo, a recuperação desses mínimos, sustentada pelos elevados preços do gás na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, resultou num recorde de produção, consumo, comércio e produção de eletricidade a carvão nos últimos anos.
Conforme o relatório da IEA, o mundo deverá utilizar mais carvão do que nunca, este ano, devido à elevada procura na Ásia e apesar dos avisos sobre o impacto que a queima de combustíveis fósseis tem no planeta.
Carvão continua a ser importante para a indústria energética
O relatório Coal 2024 prevê que a procura global deste combustível fóssil atinja um recorde de 8,77 mil milhões de toneladas, em 2024, uma vez que a procura na China, “de longe o maior consumidor mundial de carvão”, deverá ser quase um terço superior à do resto do mundo, a par da Índia e da Indonésia, que atingiram novos máximos de produção.
Estes números deverão manter-se no mesmo nível nos próximos três anos, anulando o provável crescimento das energias renováveis.
Ainda que a previsão aponte para que o crescimento das energias renováveis faça diminuir a utilização de carvão a longo prazo, este ano, o seu impacto será mais do que compensado pela forte procura na China e na Índia.
- A procura na China deverá crescer 1%, em 2024, atingindo 4,9 mil milhões de toneladas, quase um terço mais do que no resto do mundo em conjunto. O país deverá importar 500 milhões de toneladas, mais do dobro do anterior recorde de importações.
Uma em cada três toneladas de carvão utilizadas em todo o mundo é queimada numa central elétrica, na China, para fazer face à enorme procura de eletricidade do país, segundo o relatório.
Apesar das previsões, a China está, também, a avançar com a energia limpa, construindo dois terços de todas as novas centrais eólicas e solares do mundo. Aliás, a dependência do país relativamente ao carvão deverá diminuir nos próximos anos, à medida que acelera o desenvolvimento das energias eólica e solar, e avança na construção de centrais nucleares.
- Depois, o relatório prevê que a Índia consuma mais carvão do que a Uniaõ Europeia e os Estados Unidos juntos, uma vez que a procura no país asiático deverá aumentar mais de 5%, atingindo 1,3 mil milhões de toneladas, um nível anteriormente apenas alcançado pela China.
Noutras partes do mundo, o carvão caiu para 35% do cabaz energético global, o seu nível mais baixo, uma vez que o forte crescimento do fornecimento de energia renovável ajuda os países a satisfazerem a crescente procura de energia, segundo a IEA.
O Coal 2024 indica que o consumo de eletricidade deverá crescer, em 2025, devido a uma combinação de fatores, incluindo a eletrificação de serviços como os transportes e o aquecimento, e o aumento do consumo de setores emergentes, como os centros de dados.
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