Passou a moda do vinil, da cassete, do CD e mais tarde, os famosos ficheiros MP3, apontados por muitos como o veículo da pirataria na indústria musical. Uma boa biblioteca musical quer-se com gigas e gigas de álbuns MP3, mas recentemente surgiu um novo fenómeno: o streaming de música online.
Inúmeros serviços web ajudaram a popularizar este novo paradigma mas existem dois claros vencedores no que toca à simplicidade, interface e custo. Falo-vos do Spotify e do Grooveshark, semelhantes na premissa mas com características únicas.
Afinal de contas, qual é o melhor serviço para streaming de música online?
Com a passagem para a cloud, estamos cada vez menos dependentes da nossa biblioteca media local. Hoje em dia, já pouco ouço os meus mp3, está tudo à distância de um clique com os mais recentes serviços de streaming online de música. Uns pagos, outros grátis, cada um tem as suas características próprias. Escolhendo os serviços de streaming mais utilizados no mercado, vamos colocá-los frente a frente!
Quantidade/qualidade da biblioteca musical
No Grooveshark, qualquer utilizador pode fazer upload dos seus MP3 para a cloud do serviço e a partir desse momento, todas as suas músicas serão disponibilizadas aos restantes utilizadores. Ora, embora isto não se chame “pirataria”, acaba por cair no esquema, já que existe pouca ou nenhuma vigilância relativamente aos direitos de autor. Se, por um lado, isto faz com que o Grooveshark tenha mesmo muita variedade musical, também permite o upload de músicas duplicadas e sem tags apropriadas, chegando mesmo a ouvir o famoso “Artista Desconhecido”.
Grooveshark: existem muitas músicas duplicadas e tags incorrectas.
Isto é impensável no Spotify. O Spotify é um serviço cujas músicas provêm apenas da autorização dos artistas e editoras. Por um lado é óptimo: não estamos a fazer pirataria, pois o Spotify usa o dinheiro das subscrições e da publicidade para pagar às editoras; as tags são geralmente, perfeitas, e existem mecanismos de report quando algo está mal. Por outro lado, se uma editora mais conservadora não autoriza determinado artista, acontece a falta de músicas tão importantes como as dos Beatles, por exemplo.
É quase como se o Grooveshark fosse o Google Play e o Spotify fosse a App Store, o sentimento é o mesmo. No entanto, e porque prefiro organização e qualidade uniforme, prefiro o Spotify neste aspecto.
Interface e consumo de recursos
O Grooveshark permite a reprodução de música usando apenas o browser, a aplicação desktop só está disponível para assinantes. A aplicação web requer o plugin do Flash e muitas vezes, devido a bugs do Flash, torna-se gulosa em recursos.
Grooveshark: A interface web requer Flash e pode tornar-se pesada.
Pelo contrário, a principal interface do Spotify é desktop, usando uma apicação, mas também disponibiliza uma versão web. A versão desktop é compatível com os 3 principais sistemas operativos e é muito leve e fácil de usar, fazendo lembrar a antiga interface do iTunes.
Spotify: A interface é leve e tem um look & feel “iTunes”.
A versão web do Spotify é mais limitada (mais que o Grooveshark) mas cumpre o prometido e é mais do que suficiente quando não se tem a aplicação instalada.
Spotify: Também existe uma interface web para quando a aplicação não está instalada.
Aqui não há discussão: a interface do Spotify é muito mais intuitiva que a do Grooveshark, além de gerir melhor os recursos da máquina.
Qualidade de som
A qualidade de som é consistentemente superior no Spotify, pela razão acima referida: o upload de música não é feito pelos utilizadores como acontece no Grooveshark.
Sistema de recomendação/rádio
O sistema de recomendação usado na reprodução de rádio é semelhante em ambos os serviços. O algoritmo de recomendação utiliza as faixas em fila na lista de reprodução actual para procurar faixas semelhantes. No entanto, o algoritmo difere no que toca à escolha da próxima música – o Grooveshark faz escolhas mais arrojadas enquanto o Spotify faz escolhas mais “seguras”.
Spotify: escolhendo “like” ou “don’t like” é possível melhorar gradualmente o sistema de recomendação.
Ambos os serviços usam o método Like/Don’t Like para cada música em reprodução com vista ao melhoramento contínuo das recomendações. No entanto, é o Spotify que mais se aproxima dessas escolhas, acabando por explorar menos o género musical do que o Grooveshark.
Nesta categoria temos um empate.
Extensibilidade
O Grooveshark não possui plugins/apps que estendam a funcionalidade da aplicação, ao contrário do Spotify, muito rico em apps que acabam por conferir funções extra, unificando serviços como o Last.fm com o próprio Spotify. Há apps que não dispenso: Bandsintown Concerts, para saber dos últimos concertos das minhas bandas favoritas; Last.fm, a rede social que conhece os nossos hábitos musicais; musicXmatch, que mostra letras de música sincronizadas. Mas existem muitas mais. Nesta categoria, é o Spotify que reina.
Spotify: repare nas apps instaladas do lado esquerdo, que estendem a funcionalidade da aplicação.
Redes Sociais
A vertente social do Grooveshark não vai muito além da possibilidade de seguir outros utilizadores do serviço, saber o que ouvem e partilhar playlists ou faixas favoritas pelas principais redes sociais. Não existe grande integração dos amigos das redes sociais com o serviço, ao contrário do Spotify.
Grooveshark: a partilha nas redes sociais resume-se às faixas e álbuns.
O Spotify está bem mais virado para as redes sociais, mas não de uma forma intrusiva. A aplicação do Spotify tem uma área dedicada ao feed social, potenciado pela ligação a uma conta do Facebook. É possível seguir os nossos amigos do Facebook dentro do Spotify, sabendo assim aquilo que ouvem em tempo real. É também possível partilhar tanto músicas, como álbuns ou playlists com os nossos amigos ou pelas redes sociais.
Spotify: no registo de actividade do Facebook é possível ver o histórico de faixas reproduzidas.
Outra grande vantagem do Spotify é a fantástica integração com o Facebook via aplicação. O perfil Facebook é enriquecido pelo Spotify na secção “Música” com os artistas mais ouvidos e é possível conhecer o histórico de reprodução de faixas.
Spotify: o próprio perfil é enriquecido com informação proveniente do Spotify.
O Spotify é o campeão das redes socias, no te toca à integração com as mesmas.
Custo
O Grooveshark permite a utilização gratuita com a inclusão de publicidade na interface do mesmo. A subscrição premium remove a publicidade por 9 dólares/mês ou 90 dólares/ano.
O Spotify em Portugal têm também um modelo freemium (grátis com publicidade) mas, infelizmente, apenas durante 6 meses, após os quais é necessário pagar uma mensalidade para ultrapassar o limite de 10h de música por semana. Além disso, o modelo de publicidade do Spotify inclui anúncios áudio entre músicas, acabando por se tornar um pouco incómodo. No entanto, uma subscrição mensal unlimited (sem anúncios) custa apenas 3.49€/mês, um preço bastante competitivo. O plano de subscrição premium permite usar aplicações mobile para ouvir música e ainda descarregar música para ouvir em modo offline, mas custa 6.99€/mês.
O claro vencedor no que toca aos custos é o Grooveshark, pois permite a melhor experiência de utilização sem gastar um cêntimo.
Mobile
Para reproduzir música do Spotify a partir de um smartphone ou tablet é obrigatória a subscrição premium, o que se torna um grande entrave no que toca à portabilidade do serviço. Com essa subscrição é também possível fazer download de música para ouvir em modo offline, no dispositivo móvel. No entanto, existem inúmeras apps de controlo remoto da aplicação desktop, o que acaba por minimizar esta grande desvantagem.
A app oficial do Grooveshark é capaz de reproduzir apenas rádio com uma subscrição grátis, ou seja, rádio baseada num género musical ou num artista. Já é um grande avanço face ao Spotify. No entanto, é possível encontrar apps (no Google Play, por exemplo) que conseguem pesquisar músicas pelo nome e adicioná-las on-demand à lista de reprodução – BlueStream e GrooveShark MB.
Mais uma vez, no modelo freemium, o Grooveshark vence nesta categoria, e é apenas superado pelo Spotify na subscrição premium.
Resumo e veredicto
| Grooveshark | Spotify | |
| Quantidade/qualidade da biblioteca musical | Muita variedade mais muitos erros nas tags e músicas duplicadas. Mas quando falta alguma música, basta enviar. | Muita variedade e músicas bem classificadas. Quando não existe uma música não se pode enviar. |
| Interface e consumo de recursos | Requer browser com Flash. Pode tornar-se pesada e é menos intuitiva. | Tem versão desktop e browser. Interface muito simples, intuitiva e leve. |
| Qualidade de som | Depende do upload do utilizador. | Consistentemente boa. |
| Sistema de recomendação/rádio | Mais arrojado, menos preciso. Ideal para exploração de um género. | Mais seguro, mais preciso. Para quem se gosta de manter num estilo. |
| Extensibilidade | Nula. | Instalação de apps/plugins que integram outros serviços web (ex.: Last.fm, musicXMatch, etc.) |
| Redes Sociais | Seguir utilizadores do serviço, partilhar músicas, álbuns e playlists. | Igual ao Grooveshark mas melhor integração com Facebook usando uma app. Feed social na app. |
| Custo | Free: função completa com publicidade visual Premium: sem publicidade | Free: função completa com publicidade sonora e visual (e apenas 6 meses)Unlimited: sem publicidade sonora e visualPremium: permite app mobile e ouvir música offline. |
| Mobile | Permite ouvir rádio para utilizadores free (oficialmente) mas há apps que contornam a situação. | Só para utilizadores premium. |
De facto, é difícil escolher entre os dois serviços tendo em conta os seus prós e contras, tudo depende do tipo de utilizador. Se é um utilizador que se recusa a pagar por algum serviço e tolera alguma inconsistência na organização e qualidade das músicas, então o Grooveshark é para si.
Se, por outro lado, não dispensa uma óptima interface, redes sociais, plugins, boa qualidade de som e não se importa de pagar 3.49€/mês, aconselho vivamente a subscrição unlimted do Spotify, é a que uso actualmente e estou bastante satisfeita.
Qual é, na vossa opinião, o melhor serviço de streaming online de música? Conhecem outros?