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Um em cada seis Ferraris está nas mãos de milionários chineses. Governo desconfia

A marca do Cavallino Rampante publicou os seus resultados de vendas e os dados são surpreendentes. Além do gosto e preferência do sexo feminino, ficamos a saber que a China tornou-se num mercado estratégico para a Ferrari, que já responde por 12% das vendas globais. Mas o governo de Xi Jinping olha com desconfiança.


China tem cada vez mais multi-milionários

A fabricante italiana de carros desportivos de luxo com sede em Maranello apresentou os seus resultados e desvendou que 1 em cada 4 Ferraris vendidos na China é conduzido por uma mulher. O gosto pelo luxo e pelo alto desempenho não é apenas masculino.

Apesar da situação económica incerta e do risco de uma recessão pós-pandémica, o mercado chinês provou ser uma mina de ouro para a Ferrari, com os números de vendas a dispararem na última década.

Os dados indicam um aumento de 20,5% nas vendas globais da marca, com um crescimento particularmente forte nos Estados Unidos e na China, onde se registou um crescimento anual de dois dígitos.

Conforme partilhado no relatório, em 2014, as vendas da Ferrari no gigante asiático fixaram-se nas 675 unidades por ano, número que tem vindo a aumentar de forma irregular ano após ano, mas que registou uma subida espetacular após a pandemia, passando de 899 unidades vendidas em 2021 para as 1.552 unidades que chegaram ao mercado chinês em 2022.

Com este número, a China tornou-se um mercado estratégico para a Ferrari, que já responde por 12% das suas vendas globais.

Chinesas querem o luxo e já lideram no mundo

O mais curioso deste número é o facto de 26% destes supercarros serem conduzidos por mulheres. Isto é surpreendente, tendo em conta as rígidas normas sociais da China e o facto de o gigante asiático não ser particularmente conhecido pela igualdade de oportunidades de carreira entre homens e mulheres.

A proporção de vendas a mulheres na China é mais elevada do que em qualquer outra parte do mundo, embora a marca não tenha divulgado a proporção de vendas a mulheres a nível global.

Nos últimos anos, temos assistido a um entusiasmo crescente das clientes do sexo feminino pelos nossos produtos e experiências.

Afirmou o diretor executivo da Ferrari, Benedetto Vigna, em comunicado à Bloomberg.

As mulheres chinesas também estão a investir dinheiro. De acordo com um estudo do Credit Suisse, havia cerca de 6,2 milhões de milionários na China em 2021 e espera-se que dupliquem até 2026 (embora não tenham a vida facilitada). Destes, pouco mais de 500 milionários ultrapassam a marca dos mil milhões de dólares necessários para figurar no ranking dos mais ricos do mundo. No entanto, a lista fica reduzida a apenas 50 nomes quando segmentamos a lista por género.

Também há mulheres milionárias na China, embora em menor escala do que noutros países.

Redes sociais são uma fonte de chinesas com Ferraris

Segundo Ferrari, o perfil destas mulheres é o de executivas da indústria tecnológica, do imobiliário, do comércio eletrónico ou de herdeiras ricas. Curiosamente, o perfil encaixa que nem uma luva no dos multimilionários que figuram nas listas das pessoas mais ricas do mundo.

Parte do sucesso do fabricante italiano na China tem origem no Douyin, uma rede social semelhante ao TikTok onde as fuerdai, como são chamadas as herdeiras ricas, mostram vídeos de si próprias nos seus carros topo de gama.

Perante o aumento deste tipo de vídeos, as autoridades chinesas lançaram um aviso às herdeiras para não ostentarem a sua riqueza.

Esta medida faz parte do conceito de “prosperidade comum” promovido por Xi Jinping desde a sua chegada ao poder, com o qual pretende igualar a qualidade de vida de todos os chineses e reduzir o fosso entre os mais ricos e os mais pobres do país.

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