Este é o segundo ano consecutivo em que a Glencore ocupa um lugar cimeiro na lista de violações dos direitos humanos. Esta nada mais é do que uma gigante do setor mineiro e, além disso, fornecedora da Tesla, para componentes de bateria.
Quando apontamos os carros elétricos como a solução predileta, em detrimento dos combustíveis fósseis e dos motores de combustão, precisamos de considerar toda a cadeia de fornecimento, desde as matérias-primas.
Efetivamente, é nas baterias que a “porca torce o rabo”, pois tanto o início, logo nos componentes, como o final da sua vida levantam muitas questões.
Pelo segundo ano consecutivo, a empresa mineira que fornece cobalto e níquel para as baterias da Tesla está no topo da lista de violações dos direitos humanos, elaborada pela organização sem fins lucrativos Business & Human Rights Resource Centre.
Desde 2010, a Glencore já acumulou pelo menos 70 alegações, incluindo acusações de corrupção e más condições de trabalho.
Ao todo, existem mais de 500 alegações de abuso que abrangem uma vasta lista de potenciais danos: maus tratos a trabalhadores, poluição do ambiente, fomento de conflitos ou pagamento a funcionários do governo.
Todas elas, no entanto, têm origem na extração de seis minerais essenciais utilizados nas energias renováveis, nos veículos elétricos e nas baterias: cobalto, cobre, lítio, manganês, níquel e zinco.
Vemos o risco de abusos aumentar à medida que a pressão para extrair novos minerais também se intensifica. Obviamente, esperamos que grandes empresas como a Tesla usem a sua influência para incentivar o setor como um todo, e não só peçam como exijam que os seus fornecedores não cometam abusos dos direitos humanos.
Afirmou Caroline Avan, investigadora de recursos naturais do Business & Human Rights Resource Centre.
Em 2022, mais de metade das alegações documentadas pelos investigadores estão ligadas a apenas cinco empresas, sendo uma delas a Glencore.
Apesar das queixas e de estar num patamar de violações pouco invejável, a Glencore assegura que está comprometida com o cumprimento de acordos internacionais sobre trabalho e direitos humanos.
Os nossos ativos estão localizados em diversos contextos, alguns em países altamente desenvolvidos com fortes estruturas legais e políticas, e outros em circunstâncias sociopolíticas mais desafiadoras com uma história de conflito, serviços básicos limitados e Estado de direito fraco.
Explicou o porta-voz da Glencore, Charles Watenphul, num e-mail enviado ao The Verge.
Na perspetiva de Caroline Avan, “as empresas de mineração precisam de ter a devida diligência e respeito pelos direitos humanos nas suas operações” e, apesar do que alegam, “vemos que claramente não é esse o caso”.