Roland Gumpert, engenheiro por trás de marcas como Audi Quattro e Apollo, lançou um supercarro que resolve o problema de alcance elétrico limitado e carregamento lento. Chama-se Nathalie, é um bólide 800 cavalos, tração integral e usa uma pilha de combustível de metanol barata e recarregável para carregar as suas baterias enquanto está em andamento.
Será que é esta a tecnologia que o mercado automóvel procura?
Que “combustível” virá substituir o combustível fóssil?
A questão que ainda se coloca é que tecnologia será a mais viável para o futuro da indústria automóvel. Possivelmente muitos irão responder que são os veículos elétricos. Contudo, grandes marcas, como a Mercedes ou a Audi, ainda acreditam que o futuro serão as células de combustível a hidrogénio.
No entanto, a equação tem mais variáveis do que o que podemos pensar. Nathalie, um coupé desportivo de 2 portas, vem equipado com um motor elétrico em cada roda. Desta forma, o conjunto debita uma potência máxima de 600 kW (800 cv) e uma velocidade máxima superior a 306 km/h, permitindo ir dos 0 aos 100 km/h em 2,5 segundos.
Este veículo elétrico tem uma estrutura em tubo de aço crómio molibdénio, um chassis em carbono e muitos bits aerodinâmicos para uma sustentação negativa. Como tudo o que Gumpert colocou nas suas mãos, o design é limpo, com um interior jovem e desportivo.
Célula de combustível de metanol em detrimento dos iões de lítio
Atualmente, os veículos elétricos já estão bem equipados e são super práticos para certos cenários. Mais concretamente, hoje os elétricos adaptam-se a uma maioria de pessoas que conduzem em percursos diários curtos e regulares. Isto porque têm a possibilidade de gerir a autonomia das baterias e conseguir entre viagens uma carga completa.
No entanto, para uma percentagem ainda significativa dos condutores, estes veículos elétricos não são a solução. Eles precisam de fazer viagens longas, sem tempo para demoras a carregar as baterias. Este é ainda um dos vários trunfos dos carros a combustão interna.
Nathalie poderá ser a alternativa que faltava apresentar?
Segundo as pretensões de Gumpert, o que atualmente está disponível não parece ser a solução. Este engenheiro deseja apresentar uma alternativa. Portanto, o Nathalie navega com uma célula de combustível de metanol embutida. O metanol custa um terço do preço da gasolina. Além de ser mais fácil de manusear do que o hidrogénio, permite encher o depósito em cerca de três minutos.
Assim, com este tipo de combustível a autonomia poderá chegar a uma impressionante faixa de cerca de 850 km. Isto circulando a uma velocidade de 80 km/h.
Conceito que é contrário à evolução
Há alguns pontos, contudo, que devem ser bem percebidos. Por exemplo, não há na mesma poluição a queimar o metanol?
Segundo o responsável pelo projeto, não é produzida qualquer combustão do metanol. Não se pode esquecer que estamos a falar em célula de combustível. Deste modo, está a ser utilizada tecnologia desenvolvida pela Ser Energy. Este método usa uma reação química simples para combinar metanol e ar para produzir dióxido de carbono, água e energia suficiente para fornecer 5 kW consistentes de potência de carregamento da bateria.
Mas então, onde seria abastecido o carro de metanol?
Avaliando a proposta, parece-nos que este carro dependerá que o condutor seja capaz de encontrar bombas de abastecimento de metanol ao longo da sua viagem. Assim, estamos a falar numa infraestrutura que precisará ser construída para que esta ideia funcione.
Isto puxa-nos para outra questão: quem irá querer investir o dinheiro para construir esta infraestrutura, uma vez que este tipo de tecnologia de extensão de alcance se tornará redundante no momento em que a tecnologia das baterias finalmente consiga um alcance bem maior que o atual?
Além disso, ainda há vários pontos que faltam discutir, até mesmo a velocidade que dizem ser aquela que mantém o carro com autonomia em mais de 800 km. Aumentando a velocidade para os 110 km/h, será que a energia gerada não iria deixar o veículo muito aquém do valor anunciado?
E a produção de CO2, não será isso que o mundo se quer livrar?
Claro, então não podemos também esquecer que a reação da célula de combustível produz CO2. O que é, como todos sabemos, uma das principais causas para o aquecimento global. Isto deixa logo um ponto em desvantagem aos veículos a hidrogénio, esses pelo menos não libertam dióxido de carbono na atmosfera.
Em resumo…
Pelas imagens, pelo conceito e sobretudo pela forma de encarar as alternativas aos combustíveis fósseis, o Nathalie parece muito interessante. Contudo, o seu principal ponto de referência deixa a desejar quanto à evolução do combustível. Desta maneira, em alguns pontos, parece que estamos a dar passos para trás.