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Para concorrer com a China, Tesla vai abandonar uma estratégia de produção centenária

A ofensiva chinesa está a exigir criatividade das fabricantes ocidentais, que se veem na obrigação de redescobrir processos e explorar novos materiais, de modo a estar à altura da concorrência. Nesse sentido, a Tesla planeia abandonar uma estratégia utilizada há largos anos na indústria automóvel: a linha de montagem em série introduzida por Henry Ford.


A Tesla já delineou o seu plano para conseguir um carro capaz de fazer frente às propostas chinesas. Com um modelo de 25 mil dólares em vista, a fabricante de carros elétricos vai, primeiramente, rever o processo de fabrico.

Se em 1923 a linha de montagem em série introduzida por Henry Ford foi considerada revolucionária para a indústria, em 2024 é possível que haja outras abordagens igualmente capazes.

Assim sendo, a Tesla estará a adotar aquilo a que chama uma abordagem “unboxed”. Segundo o Automotive News, esta assemelha-se mais à construção de Legos do que a uma linha de produção tradicional. Para a Tesla, este processo usado, ainda, por muitas fabricantes, está repleto de ineficiências, pelos seguintes motivos:

Em vez de um automóvel que se desloca ao longo de uma passadeira transportadora linear, a Tesla pretende que as peças sejam montadas simultaneamente em áreas específicas, sendo juntas no final.

Segundo a fabricante americana, a mudança pode reduzir a área de produção em mais de 40%, permitindo que a empresa construa futuras fábricas muito mais rapidamente e com menos despesas. Esta abordagem deverá resultar em carros mais baratos.

Apesar de a Tesla estimar que o sucesso da sua abordagem de produção pode reduzir os custos associados para metade, uma análise da Bloomberg Intelligence estimou que o novo processo de fabrico modular reduziria os custos em 33% – e não em metade.

 

Abordagem “unboxed” da Tesla pode resultar em carros mais baratos?

Embora a intenção seja conhecida, não há, ainda, muitos pormenores sobre esta nova abordagem nem quando será colocada em prática. Em janeiro, Elon Musk referiu que a Tesla estava “muito avançada” no fabrico de um carro mais barato e que este deverá começar a ser produzido no final do próximo ano.

Na altura, apesar de ter mencionado o novo “sistema de fabrico revolucionário”, que classificou como “muito mais avançado do que qualquer sistema de fabrico automóvel do mundo, por uma margem significativa”, o diretor-executivo não deu detalhes.

O método “unboxed” não requer que um grande esqueleto de uma máquina se desloque ao longo de uma fábrica, ganhando forma ao longo do processo. Por sua vez, implica que a máquina seja dividida em pequenos grupos e os vários componentes do veículo sejam trabalhados em simultâneo, antes de se juntarem no final, num único ponto de produção.

De acordo com uma análise de Mathew Vachaparampil, diretor-executivo da Caresoft, uma empresa de engenharia e de benchmarking automóvel, os engenheiros da sua empresa passaram 200.000 horas a construir uma réplica digital da “unboxed” da Tesla, e descobriram que as ambições de Elon Musk são tecnicamente possíveis. Aliás, segundo Vachaparampil fariam “um enorme sentido em termos financeiros”.

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