Em conversações com os funcionários há largas semanas e com estes em greve há alguns dias, a Volkswagen não parece estar perto de um consenso. Apesar do “clima construtivo” das negociações, os sindicatos disseram que continuarão a recusar-se a aceitar o encerramento de fábricas, enquanto a direção da empresa reforçou que tal não pode ser excluído.
Os funcionários da Volkswagen entraram em greve em nove fábricas alemãs sob ameaça de mudança, e milhares de trabalhadores marcharam com bandeiras e apitos para uma praça em Wolfsburg, onde a fabricante de automóveis tem a sua sede, para ouvir os líderes sindicais.
As negociações estão a ocorrer numa altura em que a empresa procura formas de reduzir radicalmente os custos na Alemanha, de modo a melhor competir com as rivais chinesas.
Em greve desde o início do mês e com negociações a decorrer, o Grupo Volkswagen e os seus sindicatos estão longe de chegar a um consenso. Os sindicatos reforçaram que continuarão a recusar-se a aceitar o encerramento de fábricas, enquanto a direção da Volkswagen sublinhou que tal não pode ser excluído.
Apesar da alta de consenso, esta é a primeira vez que as conversações se realizam num “clima construtivo”, segundo Thorsten Groeger, representante dos trabalhadores. Além disso, os sindicatos estarão prontos para regressar à mesa das negociações no dia 16 de dezembro.
Afinal, “depois da ronda de hoje, é evidente que ainda estamos longe de uma solução”, de acordo com Arne Meiswinkel, negociador principal da Volkswagen, após mais de sete horas de conversações.
No início do dia de ontem, Thorsten Groeger disse que, a menos que as conversações adotem um tom conciliatório, os sindicatos não verão mais espaço para negociação este ano e aumentarão as greves para um nível sem precedentes, em 2025.
Greves deixam centenas de carros da Volkswagen por construir
Cerca de 68.000 trabalhadores entraram em greve durante quatro horas, em Wolfsburg, só nos turnos da manhã e da tarde, segundo o sindicato IG Metall.
As greves já são mais generalizadas do que a última ronda de grandes ações industriais na Volkswagen, em 2018, quando mais de 50.000 trabalhadores entraram nas chamadas greves de aviso sobre salários em seis locais.
De acordo com o sindicato, no entanto, nunca houve verdadeiras greves de 24 horas ou mais, além das chamadas “greves de aviso”, marcadas com antecedência e de duração limitada.
Neste sentido, os trabalhadores, que rejeitaram quaisquer cortes salariais ou encerramentos de fábricas, podem aumentar a pressão sobre a Volkswagen, organizando greves de 24 horas ou de duração indeterminada.
Apesar de o impacto total das greves de segunda-feira não ter sido imediatamente sentido, o sindicato assegurou que várias centenas de carros não foram construídos apenas na fábrica de Wolfsburg como resultado da primeira ronda de greves.
Neste contexto, Oliver Blume, diretor-executivo do Grupo Volkswagen, mantém a tese de que as decisões da fabricante são necessárias para enfrentar o ambiente em rápida mudança: administração não pode operar “num mundo de fantasia”.