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Com milhões de carros elétricos nas estradas, qual será o impacto na produção de petróleo?

Os veículos elétricos têm como foco tirar os carros térmicos das estradas proporcionando uma diminuição da poluição. Como tal o novo mercado automóvel cresce rapidamente a nível mundial. Neste ponto importa perceber se depois de tantos milhões de viaturas houve ou não impacto na produção de petróleo. Possivelmente os resultados vão surpreender.


Acordo de Paris está já a ter impacto na vida das pessoas?

A descarbonização é vista como uma estratégia fundamental para realizar a transição para uma economia de baixo carbono e cumprir os objetivos estabelecidos pelos países e administrações no Acordo de Paris. Por trás deste movimento está o argumento da luta contra o aquecimento global.

Segundo os ambientalistas, são necessárias reduções drásticas das emissões de gases com efeito de estufa, especialmente da queima de combustíveis fósseis, para evitar os piores impactos das alterações climáticas.

Esta corrente defende que a queima de combustíveis fósseis é a principal fonte de emissões e que a sua eliminação gradual é essencial para travar o aumento da temperatura global.

A descarbonização incide em diferentes sectores, como a produção de energia, os transportes, a indústria, a agricultura e os edifícios. Como tal, há um objetivo para substituir os combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis, como a solar, a eólica, a hídrica e a geotérmica. Além disso, o movimento promove também a eficiência energética e a adoção de tecnologias mais limpas nos processos industriais.

Petróleo tem uma longa vida pela frente

As previsões indicam que a procura mundial de petróleo atingirá o seu pico nesta década, em 2027. Segundo os dados das entidades envolvidas no processo, à medida que mais pessoas trocam os veículos a gasolina e a gasóleo por veículos elétricos, o consumo de petróleo para o transporte rodoviário diminuirá para cerca de metade até 2050, deixando uma procura de cerca de 20 milhões de barris por dia.

Estes valores mostram que se trata ainda de uma quantidade considerável, equivalente à produção de petróleo dos EUA registada em 2022.

Embora estejam a ser feitos progressos na aceitação de veículos elétricos, a frota existente de automóveis com emissões zero poupa quase 300 000 barris de petróleo por dia, um valor muito baixo (1,25%) em comparação com os mais de 24 milhões de barris consumidos por dia pelos veículos com motor de combustão atualmente em circulação.

É de esperar que mais condutores façam a mudança à medida que os objetivos climáticos e a diminuição dos custos das baterias tornem os veículos elétricos mais acessíveis.

No entanto, as estimativas indicam que, em 2050, haverá mais de mil milhões de veículos elétricos de passageiros em circulação. É muito, mas ainda assim seriam necessários mais 445 milhões para eliminar completamente o consumo de petróleo e atingir zero emissões líquidas nos transportes rodoviários.

As previsões são boas nalguns dos principais mercados, como a China, a Alemanha e o Reino Unido. Esperam atingir 100% de vendas de veículos de passageiros elétricos em meados do século. Mas, mais uma vez, isto é muito mais tarde do que o necessário e outros países estão ainda mais longe.

Portanto, o problema não se limita aos automóveis de passageiros, uma vez que se prevê que todos os segmentos de veículos acumulem um défice na sua trajetória para emissões líquidas nulas nas próximas décadas. Os veículos de mercadorias, principalmente os pesados é que estarão ainda muito atrasados. E são um grupo preponderante para a meta da descarbonização.

A chave está no transporte rodoviário

De acordo com o Cenário de Transição Económica da BNEF, estima-se que, em 2050, a procura de petróleo continuará a ser de cerca de 20 milhões de barris por dia.

Destes, aproximadamente nove milhões de barris por dia serão provenientes dos 445 milhões de veículos de passageiros a gasolina e a gasóleo que existirão nessa altura. No entanto, a procura de petróleo por parte dos veículos comerciais com motor de combustão, que constituem uma frota muito menor, mas que consomem mais combustível, excederá este valor em 11 milhões de barris por dia.

O transporte rodoviário representa a maior componente da procura mundial de petróleo, tendo sido responsável por 45% do total no ano passado.

Embora os veículos elétricos possam reduzir a procura de petróleo a longo prazo, tal não resultará necessariamente numa descida dos preços do petróleo. Se o investimento em novas fontes de abastecimento diminuir mais rapidamente do que a procura, os preços poderão manter-se elevados e voláteis.

Em comparação com outros setores, como a aviação e o transporte marítimo, o transporte rodoviário já dispõe de alternativas aos combustíveis fósseis que são competitivas em termos de custos. No entanto, nestas indústrias, as opções continuam a ser limitadas devido a barreiras tecnológicas e económicas.

Em resumo, os elétricos praticamente não mexeram com o ponteiro, no que toca à venda de combustíveis fósseis, mas também ainda não estão com a sua máxima força. Sem os pesados, o transporte marítimo e a aviação, os elétricos atualmente não representam o argumento da mudança.

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