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China quer acabar com o duopólio da Boeing e Airbus e atribui ao C919 a primeira certificação

A aviação comercial no planeta está maioritariamente nas mãos da empresa gigante americana Boeing e no consórcio europeu Airbus. Contudo, após 14 anos de desenvolvimento, o Comac C919, o primeiro avião de passageiros da China, passou um dos últimos testes regulamentares necessários para começar a voar. Este é um avanço fulcral para os planos do gigante asiático, que procura “deixar de ser a fábrica do mundo” para se tornar um ator importante nas indústrias de alta tecnologia.

Segundo dados do início deste ano, a Airbus conseguiu pelo terceiro ano consecutivo ser a empresa que mais aviões vendeu, ao superar a sua concorrente Boeing. Será que a China vai travar estas duas gigantes dos céus?


Uma das indústrias que a China quer conquistar é a aeronáutica, atualmente dominada pela empresa americana Boeing e pela empresa europeia Airbus. Xi Jinping disse, em 2014, que o país não se tornaria uma verdadeira potência até que pudesse construir a sua própria aeronave comercial. No entanto, agora que o avião está construído, ainda tem muitos outros desafios a ultrapassar.

Comac C919 será comercializado, por enquanto, na China

Já em 2017 era notícia que a China e a Rússia tinham fortes intenções de se meter entre os dois gigantes da aviação. Contudo, e segundo os últimos desenvolvimentos, o país asiático está bem à frente do outro pretenso “player”, os russos.

Segundo a agência noticiosa Xinhua, a Comac C919, que pretende competir com as famílias A320neo e 737 MAX da Airbus e Boeing, obteve esta sexta-feira o Certificado de tipo (TC) emitido pela Administração da Aviação Civil da China (CAAC), o primeiro dos três certificados finais necessários para a aeronave começar a operar e ser comercializada na China.

Com o certificado TC, o desenho da Comac C919 já não pode ser modificado, com algumas exceções, e está pronto para requerer as seguintes certificações. Por um lado, o fabricante deve obter o certificado de produção em massa CAAC. Por outro lado, os clientes devem certificar cada aeronave para a sua aeronavegabilidade a intervalos determinados, de modo a poderem operá-la comercialmente.

E quando poderá o Comac C919 começar a voar?

O fabricante afirma que muitas companhias aéreas do país manifestaram interesse nos 99 milhões de dólares das aeronaves (preço base de cada avião). Até agora, de acordo com o site oficial, registou 815 encomendas de 29 clientes, sendo um deles a China Eastern. O primeiro Comac C919 pronto a voar deverá ser entregue este ano a esta última empresa.

A China é o segundo maior mercado de aviação do mundo, pelo que a Comac tem uma grande oportunidade de impulsionar as vendas do C919, que promete transportar até 168 passageiros e proporcionar um alcance de aproximadamente 4.075 quilómetros, tornando-a uma proposta interessante, pelo menos para o mercado asiático, para a dinâmica atual do transporte aéreo, onde também aparecem intervenientes como o A321XLR da Airbus.

Contudo, os países rivais poderão complicar os planos da China. O C919, embora fabricado dentro das fronteiras asiáticas, requer muitos componentes do estrangeiro, especialmente nas áreas de motores e aviónica (a General Motors e a Honeywell International são fornecedores da Comac para os aviões de corredor único), pelo que as sanções internacionais poderão funcionar contra este modelo narrowbody.

Outro desafio tem a ver com certificações fora da China. Dentro do país de Xi Jinping pode ser muito mais fácil, mas obter o aval dos reguladores internacionais é outra questão. O primeiro avião de passageiros construído na China, o ARJ21, ainda não recebeu certificações americanas ou europeias e, como se isso não bastasse, sofreu atrasos na produção.

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