A China está à procura de conselheiros científicos e tecnológicos para as suas embaixadas no estrangeiro, com especial foco no envolvimento diplomático relacionado com o setor dos carros elétricos, de acordo com uma fonte familiarizada com o assunto.
A China tem o maior mercado de carros elétricos do mundo e o mais recente impulso diplomático surge num momento em que enfrenta taxas sobre os seus modelos implementadas pela Europa, Estados Unidos da América e Canadá.
Conforme informação divulgada pelo South China Morning Post, num exclusivo, citando uma fonte familiarizada com o assunto, que falou sob condição de anonimato devido à sensibilidade do tema, Pequim está à procura de conselheiros científicos e tecnológicos para as suas embaixadas no estrangeiro, com especial foco no envolvimento diplomático relacionado com o setor dos carros elétricos.
A fonte informou que, recentemente, centenas de candidatos fizeram um exame, em Pequim, no âmbito do processo de recrutamento de novos conselheiros de ciência e tecnologia.
Os candidatos, cuja maioria seria fluente em inglês e teria estudado no estrangeiro, foram apresentados por institutos de investigação estatais ou agências governamentais de todo o país, e foram avaliados quanto ao conhecimento do setor dos carros elétricos.
Além disso, foram analisados quanto à sua compreensão da ideologia do Partido Comunista, num teste padrão para todos os cargos relacionados com o Governo da China.
Não se sabe quantos lugares de conselheiro estão a ser preenchidos. No entanto, segundo a fonte, o Ministério da Ciência e Tecnologia tem conduzido processos de seleção semelhantes nos últimos anos, no sentido de criar uma reserva de talentos científicos para colocar em missões diplomáticas da China no estrangeiro.
Foco diplomático nos carros elétricos reforça ofensiva chinesa
O conselheiro para a ciência e tecnologia é uma função normal para muitos países em contextos diplomáticos. A China tem representantes dedicados à gestão dos assuntos relacionados com a ciência e a tecnologia nas suas embaixadas nos Estados Unidos, Europa, Coreia do Sul, Japão, entre outros – a maioria dos quais são países desenvolvidos.
Nos países onde a China tem uma presença diplomática menor, este trabalho é geralmente realizado pelas suas equipas económicas e comerciais.
O objetivo passa por promover colaborações e intercâmbios científicos com a China e garantir que os acordos de cooperação em vigor são executados sem problemas.
Alguns conselheiros nesta função fazem, também, a coordenação entre a China e os governos, institutos de investigação e universidades dos países onde estão colocados.
O foco nos carros elétricos surge numa altura em que o setor precisa de atenção. Afinal, além da relação conturbada com a Europa, depois de uma investigação e posteriores taxas de importação, a China enfrenta, também, taxas impostas pelos Estados Unidos e Canadá.
O setor dos carros elétricos chinês ocupa um lugar de destaque na indústria mundial pelo vasto mercado do país, a cadeia de abastecimento interna, as estratégias de preços baixos e a importância do setor para as ambições tecnológicas de Pequim.
Segundo uma publicação no site do Ministério da Ciência e da Tecnologia, no ano passado, foi realizado um programa de formação para conselheiros colocados no estrangeiro que os equipou com conhecimentos sobre os últimos desenvolvimentos em matéria de inovação tecnológica, bem como sobre as suas necessidades de cooperação internacional.
De acordo com uma segunda fonte familiarizada com o assunto, a formação abrangeu “não só a exportação de tecnologia, mas, também, a importação de tecnologia”, referindo que, quando a China era menos desenvolvida, “esta posição serviu como uma forma de trazer tecnologias avançadas de outros países”.
O Presidente Xi Jinping sublinhou o papel da ciência e da tecnologia na construção de “um país socialista moderno em todos os aspetos”, sendo os carros elétricos vistos como um dos principais motores da economia.