Apesar de ser um veículo muito seguro, possivelmente dos mais seguros que circulam nas estradas, os Tesla continuam a esgrimir-se com as autoridades face à legitimidade do uso da terminologia Piloto Automático. Num acidente ocorrido no passado dia 23 de junho, um Tesla de 2016, que vinha em piloto automático, não detetou um camião parado e colidiu com o veículo. O erro será da tecnologia, do condutor ou do marketing?
A culpa do acidente é do carro ou do condutor?
O caso é fácil de contar. David Clough, um jovem de 18, estava ao volante de um Tesla de 2016 e fazia uma viagem na interestadual I-76 no distrito de Plum, Pensilvânia. A certa altura o jovem “perdeu o controlo” do seu Tesla quando este, com o Piloto Automático ativo, não detetou um veículo dos serviços de manutenção das estradas que desviava o trânsito.
O veículo parado, um camião, encontrava-se na faixa do meio a fornecer indicações aos condutores para o desvio necessário daquela faixa. Segundo o relatório da polícia, o Tesla seguia por essa via e não viu o camião. A Polícia Estadual citou Clough por condução imprudente.
Não houve feridos em qualquer dos veículos, apenas danos materiais, apesar de não se saber que tipo de danos. Contudo, o relatório disse que os agentes que desviavam o trânsito foram socorridos por um serviço de reboque e pelo corpo de bombeiros local.
Autoridades: Tesla não deveria chamar-lhe “Autopilot (piloto automático)”
Esta discussão já não é de agora. Aliás, a própria Tesla refere que o Autopilot e o Full Self-Driving “destinam-se a ser utilizados com um condutor totalmente atento, que tem as mãos no volante e está preparado para assumir o controlo a qualquer momento”. Mas muitos proprietários destes elétricos confiaram demasiado nas funcionalidades de assistência ao condutor. Muitos julgam mesmo que o carro tem capacidade de condução totalmente autónoma.
O acidente da Pensilvânia está longe de ser o primeiro em que um veículo Tesla embateu num carro parado. A Administração Nacional de Segurança do Tráfego Rodoviário (NHTSA) tem estado a investigar “acidentes em que os modelos Tesla de várias configurações encontraram cenários com veículos prioritários e não foram capazes de reagir, resultando em acidentes”. A análise está a centrar-se em 16 colisões com veículos de socorro e de manutenção de estradas.
O secretário dos Transportes, Pete Buttigieg, diz que está preocupado com a comercialização do sistema pela Tesla, que está a ser investigada pelo seu departamento em relação a acidentes que causaram pelo menos 14 mortes.
Noticiou a Associated Press no mês passado.
Não acho que algo deva ser chamado, por exemplo, de Autopilot, quando as letras miúdas dizem que o condutor precisa ter as mãos no volante e os olhos na estrada o tempo todo.
Disse Buttigieg à AP.
Os dados da NHTSA mostram que o Teslas a usar o piloto automático resultaram em 273 acidentes entre julho de 2021 e 15 de maio de 2022.